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Quarta-feira, 08 de maio de 2024

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CHICANA JURÍDICA

Corregedor pede anulação de julgamento de juiz aposentado por pedofilia

Foto: Reprodução

Corregedor do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Sebastião de Moraes Filho

Corregedor do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, Sebastião de Moraes Filho

Em sessão administrativa do Tribunal Pleno realizada na tarde desta quinta-feira (20) o corregedor do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Sebastião de Moraes Filho, votou pela anulação do julgamento que condenou o juiz Fernando Márcio Salles à aposentadoria compulsória.
 
O magistrado foi considerado culpado da prática de desvio de conduta funcional ao ser acusado de atos de pedofilia quando era lotado na Vara da Infância e da Juventude da comarca de Paranatinga (373 Km ao sul de Cuiabá).

"Se não anularmos aqui será anulado lá em cima. Voto para anular esse julgamento e converter para que sejam refeitas todas as provas do PAD - Processo Administrativo Disciplinar. Estou nadando sozinho contra a correnteza", pronunciou. 

TJMT não publica acórdão e juiz acusado de pedofilia continua no cargo

O Tribunal Pleno votava o pedido de embargos de declaração ao acórdão que condenou o magistrado. O relator do processo, desembargador Luiz Carlos Costa, rejeitou a tese que cerceamento de defesa à época na elaboração do PAD. "Não há que se falar em cerceamento de defesa neste caso", proferiu.

O desembargador Marcos Machado avaliou o pedido de embargo como um "chicana jurídica" - contestação feita de má-fé; manobra capciosa, trapaça, tramoia.

Após dois adiamentos, TJMT aposenta compulsoriamente juiz de Paranatinga

O voto divergente do corregedor gerou uma discussão entre os membros do Pleno. O julgamento foi adiado após o desembargador Márcio Vidal pedir vistas ao processo.

Embargos

 A defesa de Salles é feita pelo advogado Eduardo Mahon que alegou que ser ilegal a sessão plenária do TJMT, que resultou na aposentadoria do juiz. “É ilegal, primeiro porque o quórum para a votação flutuou durante as múltiplas sessões de julgamento”. A defesa entendeu que as mudanças no quórum teriam ocasionaram nulidades ao próprio Regimento Interno do Tribunal.

A outra alegação de Mahon seria a falta de provas contra o juiz. “No Processo Administrativo Disciplinar não há uma única prova produzida sob o crivo do contraditório, tendo os desembargadores julgado o magistrado apenas por indícios obtidos na fase de sindicância. Estamos serenos e convictos da inocência do juiz e da nulidade do julgamento”, disse.

No julgamento que aposentou o magistrado quatro desembargadores abriram divergência quanto à culpa do magistrado ao votarem contra o parecer do relator: os desembargadores Manoel Ornellas, José Jurandir de Lima, Dirceu dos Santos e Sebastião de Moraes Filho.

Acusação de pedofilia

As acusações contra o juiz partiram de uma mulher à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia, instaurada pelo Senado Federal e a partir dai a Polícia Federal passou a investigar o caso encaminhou o material ao Tribunal de Justiça.

Salles foi afastado do cargo pelo TJMT em agosto de 2010, após ser denunciado por três vítimas com idades de 10, 12 e 15 anos. As duas adolescentes afirmaram à época que o juiz prometeu presentes em troca de sexo.

Uma das meninas relatou para a Polícia Federal que o magistrado havia tentado atacá-la, inclusive insistido para colocar a mão dentro da calcinha dela em troca de dinheiro. Os crimes foram cometidos em 2008, segundo as denúncias.

Atualizada às 14h50
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