Ao deixar o prédio da Justiça Federal de Mato Grosso, onde permaneceu por cerca de três horas na tarde de hoje (10), o ex-secretário de Estado Eder Moraes teceu críticas ao Ministério Público Estadual (MPE) e ainda e voltou a afirmar a jornalistas que é inocente. Ratificou que dentro do processo legal irá comprovar a regularidade dos pagamentos e lisura dos processos efetivados durante sua gestão na Secretaria de Fazenda do Estado de Mato Grosso (Sefaz/MT) e negou ainda qualquer prática ilícita.
Eder reafirma inocência e permanece em silêncio ao ser questionado sobre medo de morrer
Ele ainda taxou como “descompromisso” a 'divulgação' do teor dos depoimentos prestados ao Ministério Público do Estado de Mato Grosso. Nos depoimentos prestados, em fevereiro deste ano, Moraes tece uma série de acusações a personalidades políticas do Estado e chega a mencionar sobre uma negociata para aquisição de um vaga junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE/MT). A vaga em questão seria destinada a ele.
“As coisas não podem ser feitas de forma açodada. È preciso respeitar a razoabilidade dos prazos e, a cada dia que se passa, vai cristalizando que os procedimentos que nós adotamos dentro do mercado financeiro, dentro da contabilidade pública, dentro do devido processo legal, estão absolutamente regulares e legais e isso está restando comprovado em todas as audiências”, disse após acompanhar o depoimento de Vivaldo Lopes, denunciado com ele por crime contra o sistema financeiro. A Polícia Federal aponta que as transferências, no valor de R$ 520 mil, serviram para lavagem de dinheiro em um esquema organizado por Moraes, também denunciado no processo. A empresa de Vivaldo teria sido empregada como ‘fachada’ para lavar dinheiro destinado a alimentar a um núcleo político do Estado.
Eder ainda afirmou que as transferências bancárias feitas a Brisa Assessoria, de Vivaldo Lopes, obedecem a legalidade. “Não existem transações envolvendo ninguém. Não há nenhum tipo de irregularidade. Isso é importante dizer. Agora é difícil a gente tem que debater com quem não conhece da matéria. Ou seja, são especialistas jurídicos, mas não são contábeis. Não conhecem do mercado financeiro e às vezes passamos dificuldade para mostrar isso com clareza e dentro do que a gente vem mostrando, os advogados vem trabalhando com muita consistência”.
A defesa de Vivaldo afirma que as contas foram empregadas para transferências de patrocínio ao clube de futebol, Mixto Esporte Clube, que era presidido por Eder e tinha como administrador Vivaldo.
Ao ser inquirido sobre os motivos que o levaram a registrar uma retratação pública junto ao o Ministério Público Estadual (MPE) , ele afirmou “prevalece o que está na retratação pública que foi feita. Ou seja, um depoimento que foi feito no Ministério Público Estadual, que em tese, , deveria estar sob sigilo, de posse do MP, e isso foi vazado a toda à imprensa em uma clara demonstração de descompromisso. Prevalece a retratação que é o último documento, mas sobretudo prevalece o que disse em juízo e somente em juízo”.
Os depoimentos de Eder Moraes, cinco no total, foram prestados ao Núcleo de Defesa do Patrimônio Público do MPE em fevereiro deste ano.
Conforme assessoria de imprensa do MPE, “os promotores do Núcleo de Defesa do Patrimônio repudiam qualquer manifestação de que o vazamento tenha saído do MPE, até porque as declarações prestadas ao MPE estão em fase de apuração e o Núcleo não divulga informações relacionadas a inquérito”. A Assessoria ainda esclareceu que as mesmas declarações prestadas ao MPE foram juntadas em ação penal pública que tramita na Justiça Federal.
