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Procurador-geral do Trabalho fala sobre escravidão contemporânea

26 Nov 2012 - 10:21

Assessoria de Imprensa/Procuradoria-Geral do Trabalho

Manter trabalhador em situação análoga à escravidão é lucrativo para os empregadores. A afirmação é do procurador-geral do Trabalho, Luís Camargo, que falou sobre o tema nesta sexta-feira (23) na Universidade de Brasília (UnB). Para confirmar o fato, ele apresentou os números de autos de infrações que o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) já aplicou aos patrões de 1996 até março deste ano, que somam cerca de R$ 62 milhões. “O valor mostra porque os empregadores insistem em manter esse tipo de trabalho”. O montante é resultado do regaste de 42 mil trabalhadores em todo o país.

Apesar de várias conquistas trabalhistas, Camargo chama a atenção para os direitos dos trabalhadores, que não podem retroceder. É o caso da jornada de trabalho e o aumento dos acidentes de trabalho. O procurador-geral do Trabalho cita, por exemplo, a situação de quem trabalha nos frigoríficos. Nesses ambientes, os trabalhadores são obrigados a ficar em ambientes com baixas temperaturas. “Uma trabalhadora chegou a perder os movimentos dos braços porque tinha de fazer 18 ações em 15 segundos para cortar um frango”.

Outro problema do trabalho escravo contemporâneo é a servidão por dívida. Camargo explica que o trabalhador é aliciado em sua cidade para o emprego, mas quando chega à fazenda tem que pagar tudo que foi fornecido. “Isso vai deixá-lo com uma dívida impagável, além de impossibilitar o rompimento de contrato. Quando ele reclama, sofre violência física e psicológica”, disse.

A crescente terceirização nas empresas é mais um problema grave que afeta trabalhadores e consumidores. De acordo com o procurador-geral do Trabalho, no caso dos hospitais, por exemplo, os médicos não são contratados diretamente. “Estão terceirizando esse serviço e não querem se responsabilizar pelo atendimento. Os hospitais hoje são especialistas em hotelaria”.

Camargo falou para integrantes do Grupo de Estudo e Pesquisa do Trabalho Escravo, do Departamento de Sociologia da UnB.
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