Ainda que tenha confessado como enforcou a mulher com um fio dentro de casa, à polícia, à Justiça e a peritos do governo estadual, o professor de matemática, Claudemir Nogueira, continua recebendo mensalmente a pensão pela morte da mulher que ele próprio executou em 2009. A Folha de São Paulo levantou que só em 2010, foram R$ 19 mil.

Além disso, também recebe como professor da rede estadual, mas trabalhando em função burocrática – desde o ano passado-, já que foi afastado da sala de aula. A Secretaria da Educação afirmou que, assim que soube do caso, abriu processo administrativo e disciplinar, "que tramita em sigilo e garante amplo direito à defesa".

Não foi julgado ainda porque a defesa entrou com pedido para tentar tirar o caso do Tribunal do Júri. A família batalha desde 2011 pelo cancelamento da pensão dada a Nogueira e transferi-la para a mãe fisioterapeuta do Sesi Mônica El Khouri.

O Ministério da Previdência Social, responsável pelo INSS, e o próprio instituto foram avisados pelos familiares da fisioterapeuta ao menos quatro vezes sobre a situação.

O primeiro protocolo foi feito há mais de dois anos e segue sem resposta até hoje. À reportagem da Folha de São Paulo, o INSS não explicou o porquê de a pensão estar mantida. O Estado disse que o docente responde processo disciplinar, "com amplo direito de defesa". A defesa de Nogueira não quis se manifestar sobre a situação dele.

Para Marcus Orione, pesquisador da USP em direito previdenciário, o fato de o réu não ter sido condenado o beneficia, ainda que ele tenha confessado o crime. "Um problema aí é a lentidão da Justiça. Se ele já tivesse sido condenado, por crime de 2009, provavelmente já teria perdido os benefícios", disse à Folha de São Paulo.