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Quinta-feira, 02 de maio de 2024

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APITO FINAL

Movimentações de patrimônio milionário, dono de mercados e disciplina do CV: 'Vaguinho' se declarava motorista

04 Abr 2024 - 09:02

Da Redação - Pedro Coutinho e Luis Vinícius

Foto: Reprodução

Em destaque, vítima de um 'salve'

Em destaque, vítima de um 'salve'

Fagner Farias Paelo, vulgo “Faguinho ou Vaguinho”, além de ser irmão e pessoa de confiança de Paulo Witer, apontado como tesoureiro geral do Comando Vermelho em Mato Grosso, é o responsável por ser o “disciplina” da facção, aplicando os conhecidos “salves”, e por lavar as quantias milionárias obtidas ilicitamente pelo grupo. Embora declare ser motorista, Vaguinho movimentou mais de R$ 7,1 milhões em suas contas bancárias, conforme relatório técnico elaborado pela Polícia Judiciária Civil, revelado na decisão judicial que autorizou a Operação Apito Final, a qual o Olhar Direto obteve acesso.

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A juíza Helícia Vitti Lourenço, do Núcleo de Inquéritos Policiais (NIPO), ao decretar a prisão de 25 faccionados, destacou a posição de cada membro investigado e a violência empregada por eles para efetivar as atividades criminosas de tráfico, lavagem de dinheiro e até a decretação de homicídios de “caguetas” que entregaram as práticas do CV à polícia.

Interceptações telefônicas anexadas no relatório final da investigação apontaram a função de Vaguinho no grupo chefiado por Paulo Witer, o WT. Além de já ser alvo de operações policiais anteriores, ele é o responsável por lavar o dinheiro obtido pela facção. Relatório revelou que ele movimentou R$ 3.562.399,86 em crédito e R$ 3.571.104,45 em débitos.

Não bastasse, ele também figura como proprietário de duas empresas usadas para lavagem de dinheiro, o Supermercado Alice Ltda, na qual ingressou como sócio no lugar de Maria Aparecida Coluna Almeida (madrasta de Cristiane Prins), supostamente utilizada como “laranja” e Mercado Alice F Paelo Ltda. Ele ainda recebeu a transferência de um imóvel adquirido por R$ 30 mil, em 2021, pelo valor de R$ 563 mil, portanto, supervalorizado.

Além das empresas, Vaguinho possui ainda uma casa avaliada em R$ 200 mil, três caminhões avaliados em quase R$ 2 milhões e patrimônio estimado em R$ 2 milhões, sem comprovação lícita.

A investigação ainda acusa Fagner de ser o “disciplina” deste núcleo da facção no estado, cuja função é a aplicação dos chamados “salves”, um tipo de castigo violento investido pelos faccionados contra os desafetos ou àqueles que contrariam suas ordens.

Interceptação feita em seu celular encontrou um registro em que há a foto de uma mulher com um “X” e “CV” marcados. Em seguida, foi achado um vídeo contendo imagens de uma mulher sendo açoitada.

Tais aspectos levantados pela polícia, quais sejam o patrimônio milionário sem comprovação lícita, a propriedade de empresas de fachada usadas para lavar as quantias milionárias e a violência empregada contra os desafetos levaram a juíza decidir que medidas cautelares mais brandas à prisão não seriam suficientes para resguardar a ordem pública, integridade física das testemunhas que pretendem colaborar com a Justiça e a consequente tramitação processual do caso.

“Portanto, imprescindível por conveniência da instrução criminal que todos aqueles identificados como membros integrantes desta organização, voltada à lavagem de dinheiro e pratica de outros crimes, tenham suas liberdades temporariamente restringidas, para que sejam imediatamente retirados do convívio social ao menos até que seja desmantelada essa estrutura criminosa”, decidiu a magistrada ao autorizar a deflagração da Apito Final, em decisão proferida no início do mês passado.

Apito Final

A ação policial é um braço da Operação W.O., deflagrada no último dia 29, em Maceió (AL), pela Delegacia de Repressão ao Entorpecente (DRE). Na ocasião, além de W.T., foram presos: Alex Júnior Santos de Alencar, Andrew Nickolas Marques dos Santos e Tayrone Junior Fernandes de Souza, quando participavam de um jogo de futebol na capital alagoana. Por se tratar do líder da organização, os investigadores anteciparam a investida contra W.T. e deflagraram a operação.

Nesta terça-feira (2), a polícia cumpriu 25 mandados de prisão e 29 de buscas e apreensão, além da indisponibilidade de 33 imóveis, sequestro de 45 veículos e bloqueio de 25 contas bancárias dos alvos investigados pelos crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores, tráfico e uso drogas, e promoção, constituição, financiamento ou integração de organização criminosa. Vaguinho foi um dos alvos de prisão.
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