A FJ Agroindustrial S/A teve pedido de recuperação judicial deferido para renegociar dívidas de R$ 75 milhões. A decisão, proferida pela juíza Anglizey Solivan de Oliveira, agora desembargadora do TJMT, busca assegurar a continuidade das atividades da empresa, que atua no setor agroindustrial desde 1990.
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A FJ Agroindustrial evoluiu ao longo dos anos de uma simples transportadora de grãos para uma das principais empresas do setor, e havia expandido suas operações para a fabricação de rações, armazenamento e comercialização de grãos, cereais e defensivos agrícolas.
Contando com 12 filiais em diversos estados brasileiros, incluindo Mato Grosso, Paraná, Pará, São Paulo e Goiás, viu sua situação financeira se deteriorar devido a uma série de fatores, como a greve dos caminhoneiros, o aumento no preço dos combustíveis e as altas taxas de juros.
Além das adversidades econômicas, a empresa foi alvo da Operação Déjà Vu, deflagrada em janeiro deste ano pela Delegacia Fazendária e pela 14ª Promotoria de Justiça. A ação combateu suposto esquema composto por empresas e empresários que causaram prejuízos aos cofres superiores aos R$ 370 milhões, por meio de fraudes fiscais relacionadas ao recolhimento de ICMS.
Embora a FJ Agroindustrial tenha negado as acusações, a operação impactou significativamente sua reputação e contribuiu para o agravamento de sua situação financeira, segundo constou no pedido de soerguimento feito à Justiça.
A crise que assolou o setor agroindustrial durante a pandemia de Covid-19 também atingiu duramente a FJ Agroindustrial, o que a forçou a vender um armazém recém-construído em Matupá, MT, em 2021, como parte de uma tentativa de equilibrar suas contas. No entanto, as medidas adotadas não foram suficientes para evitar o endividamento crescente, levando o grupo a solicitar a recuperação.
Na decisão, a juíza destacou que a empresa preenche os requisitos legais para o deferimento do pedido. A partir do deferimento, a FJ Agroindustrial terá que apresentar um plano de recuperação que inclua a reestruturação de suas dívidas e a reorganização de suas operações, sob pena de falência caso as exigências não sejam cumpridas.
Para supervisionar o processo, a Justiça nomeou a empresa B.C.S Administração Judicial Consultoria Empresarial e Perícias Ltda como administradora judicial, visando garantir que a FJ Agroindustrial siga rigorosamente o plano de soerguimento.
A ordem ainda blinda o patrimônio do grupo por 180 dias de eventuais ações de execução por parte dos credores.
