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Quarta-feira, 28 de agosto de 2024

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NÃO FOI INDICIADA

Juiz manda retirar tornozeleira instalada em esposa de fazendeiro suspeito de mandar matar Zampieri

17 Jul 2024 - 08:51

Da Redação - Pedro Coutinho e Luis Vinícius

Foto: Reprodução

Juiz manda retirar tornozeleira instalada em esposa de fazendeiro suspeito de mandar matar Zampieri
O juiz João Bosco da Silva Soares, do Núcleo de Inquéritos Policiais, revogou todas as medidas cautelares diversas da prisão que foram impostas a Elenice Laurindo, esposa de Aníbal Laurindo, acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Roberto Zampieri, advogado executado a tiros em dezembro de 2023. Para eliminar as cautelares, o juiz considerou que Elenice não foi indiciada pela autoridade policial.


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Elenice, então, foi intimada a comparecer na Central de Monitoramento Eletrônico a fim de remover a tornozeleira e devolver o equipamento.

O juiz também cancelou as outras medidas: obrigação de manter o endereço atualizado, não mudar de residência sem autorização da justiça, comparecer a todos os atos processuais, cancelou a suspensão do passaporte e do CAC e a proibição de ela manter contato com os demais investigados.

No começo do mês, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) concluiu o inquérito policial do assassinato do advogado. De acordo com as investigações, os mandantes do crime são o produtor rural Aníbal Manoel Laurindo e o coronel do Exército Etevaldo Caçadini. As provas foram insuficientes para indiciar Elenice.

Segundo apurado pelo Olhar Direto, o delegado Nilson Farias comprovou o nexo entre Aníbal e Caçadini, e o vínculo destes com os executores, Antônio Gomes da Silva, suspeito de ter atirado contra o advogado, Hedilerson Fialho Martins Barbosa, responsável por ter contratado Antônio para o assassinato.

Com os elementos de prova, então, Aníbal foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, em razão de o crime ter sido praticado com traição, emboscada, ou mediante dissimulação ou recurso que torne impossível a defesa da vítima, e sobre paga ou promessa de recompensa, ou por motivo torpe.

Nilson Farias ainda apontou a principal motivação para o crime: Aníbal Manoel Laurindo acreditava na existência de proximidade “obscura” entre a vítima e um desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

“A motivação do homicídio é que ele, o mandante, acreditava que existia uma proximidade do advogado Roberto Zampieri com um desembargador. Esse é o motivo, a motivação. Agora, eventual investigação sobre esse caso (proximidade entre desembargador e advogado), cabe ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que inclusive já está fazendo aí suas vezes, pediu a análise do celular (da vítima) para poder fazer as investigações devidas”, explicou Nilson Farias.

O Olhar Direto já havia noticiado que a Polícia Judiciária Civil investigava se decisão do desembargador Sebastião de Moraes Filho teria sido o “estopim” da execução.

 Aníbal estaria envolvido em ação que discutia posse de uma área rural com mais de 4 mil hectares. Ele teria sido atingido por decisão para desocupação sobre terceiros.
 
Posteriormente, conseguiu suspender temporariamente a desocupação junto ao Tribunal de Justiça (TJMT). Anibal teria, no âmbito de um recurso interposto na Corte, arguido a suspeição do desembargador Sebastião, por supostas relações com o advogado Roberto Zampieri.
 
Acolhida a exceção de suspeição pelo próprio desembargador, este viu por bem revogar a decisão que impedia a imediata imissão na posse da propriedade pertencente ao investigado Anibal, o que, segundo a Autoridade Policial, teria sido o estopim da ordem para execução da vítima.
 
No mês de abril, a DHPP cumpriu mandado de busca e apreensão na mansão do casal Aníbal e Elenice em Rondonópolis (212 km de Cuiabá). Durante as buscas foram apreendidos os celulares dos investigados. No entanto, devido ao vazamento da informação de que haveria uma busca e apreensão, os aparelhos já tinham sido trocados e não eram mais usados.
 
Após a operação na mansão no Sul do estado, o casal foi conduzido à DHPP em Cuiabá para interrogatório. No entanto, ambos optaram por exercer o direito constitucional de permanecer em silêncio.
 
No interrogatório, foi apresentado pelos advogados o aparelho celular de Elenice que era usado na época do homicídio. No entanto, o celular de Aníbal, também usado no período do homicídio, não estava mais com ele e seu paradeiro é desconhecido.
 
À época, surgiu a hipótese de que a motivação do crime seria uma área objeto de disputa que o casal estava perdendo para Zampieri, que representava a parte adversária, está avaliada em R$ 100 milhões.
 
Outro inquérito finalizado
 
No início de fevereiro, o delegado Nilson Farias finalizou parte do inquérito e indiciou o trio que está preso por suposto envolvimento na morte.

Foram indiciados: Antônio Gomes da Silva, suspeito de ter atirado contra o advogado, Hedilerson Fialho Martins Barbosa, 53 anos, responsável por ter contratado Antônio para executar o crime, e o coronel do Exército Brasileiro (EB) Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, responsável por repassar os valores aos executores.
 
O trio permanece preso preventivamente. No relatório policial, o delegado responsabilizou os suspeitos pelos crimes de homicídio duplamente qualificado pela traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima. Ainda, por ter sido praticado mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe. Todos foram denunciados pelo Ministério Público.

Zampieri foi assassinado com pelo menos dez tiros enquanto saía do seu escritório, situado no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá, no dia 5 de dezembro de 2023. Antônio Gomes foi a pessoa que disparou contra ele.
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