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Terça-feira, 10 de setembro de 2024

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REQUER SENTENÇA DE PRONÚNCIA

MP pede tribunal do júri a trio acusado de matar advogado Roberto Zampieri

Foto: Reprodução

MP pede tribunal do júri a trio acusado de matar advogado Roberto Zampieri
O Ministério Público do Estado (MPE) apresentou os memoriais finais do “Caso Zampieri” e pediu que o coronel Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas (mandante), Antonio Gomes da Silva (executor) e Hedilerson Fialho Martins Barbosa (intermediador) sejam submetidos ao julgamento perante o júri popular pelo homicídio qualificado do advogado, ocorrido em 5 de dezembro de 2023.


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Os memoriais foram assinados na última sexta-feira (9) pelos promotores de Justiça do Núcleo de Defesa da Vida, Samuel Frungilo, Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, Vinicius Gahyva Martins e Jorge Paulo Damante Pereira.

Eles pedem que o trio seja submetido ao júri popular pelo homicídio de Zampieri, com as qualificadoras de crime cometido mediante promessa de recompensa, recurso que dificultou a defesa da vítima, emprego de arma de fogo e uso restrito e concurso de agentes.

Os memoriais revelaram que o crime meticulosamente planejado e executado por mais de dois meses antes da sua execução.  De acordo com os autos do inquérito policial, o crime teve início em novembro de 2023, quando Antonio Gomes da Silva, sob disfarce, aproximou-se de Zampieri com o falso pretexto de contratar seus serviços jurídicos.

Gomes, que se apresentou como capelão mancando e utilizando uma bengala, alegou estar interessado na compra de uma propriedade rural em nome de um sobrinho residente nos Estados Unidos. Apesar de ter fornecido seu nome verdadeiro e número de telefone real, ele fez questão de adotar uma persona fictícia, parte do plano para enganar a vítima.

A tentativa inicial de assassinato ocorreu durante uma visita agendada a uma propriedade rural, onde Gomes planejava matar Zampieri com uma marreta. No entanto, o plano fracassou quando o advogado enviou um amigo em seu lugar, frustrando o assassino. Em resposta ao fracasso, Gomes solicitou que seu comparsa, Hedilerson Barbosa, providenciasse uma arma de fogo para garantir o êxito do plano.

Na noite do crime, em 5 de dezembro de 2023, Zampieri foi surpreendido por Gomes ao sair de seu escritório de advocacia e entrar em seu veículo. Gomes, que estava à espreita, disparou diversos tiros contra o advogado, utilizando uma pistola Taurus 9mm, resultando na morte imediata de Zampieri por choque hipovolêmico devido aos ferimentos perfuro-contundentes.

Os promotores destacam que o assassinato foi realizado de maneira rápida e evasiva, dificultando qualquer chance de defesa por parte da vítima. Além disso, a arma utilizada no crime, uma pistola de uso restrito, foi posteriormente apreendida e confirmada como a mesma que havia sido entregue por Barbosa a Gomes no dia do assassinato.

A perícia balística realizada durante as investigações corroborou essa evidência, conectando de forma incontestável a arma aos projéteis encontrados na cena do crime. O contrato para o assassinato foi estabelecido por Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, que ofereceu R$ 40 mil a Antonio Gomes, dos quais R$ 20 mil foram pagos como adiantamento.

A denúncia aponta que Caçadini não tinha uma relação direta com a vítima, mas foi contratado pelo fazendeiro Aníbal Laurindo, recrutando cúmplices para a execução do plano.

As investigações revelaram que o planejamento do crime se estendeu por pelo menos três meses. Um dos elementos cruciais foi a descoberta de uma imagem da fachada do escritório de Zampieri armazenada no celular de Caçadini desde outubro de 2023, evidência que reforça o planejamento pré-meditado do crime.
 
Em sua manifestação, o Ministério Público argumentou que a materialidade do delito e a autoria dos acusados foram comprovadas de forma indiscutível pelas provas reunidas durante as investigações.

A instituição requer a pronúncia dos réus Antonio Gomes da Silva, Hedilerson Fialho Martins Barbosa e Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, cometido mediante paga e promessa de recompensa, recurso que dificultou a defesa da vítima e o emprego de arma de fogo de uso restrito.

Aníbal Laurindo e “estopim”

Polícia Civil investiga se decisão do desembargador Sebastião de Moraes Filho teria sido o “estopim” para a execução do advogado Roberto Zampieri, crime registrado em 2023. Informações constam em documentos do Conseho Nacional de Justiça (CNJ) obtidos pelo Olhar Jurídico. Em nota, o desembargador negou com veemência qualquer tentativa de vinculação do seu nome com o caso.

Aníbal Manoel Laurindo, suspeito de mandar matar a vítima, estaria envolvido em ação que discutia posse de uma área rural com mais de 4 mil hectares. Ele teria sido atingido por decisão para desocupação sobre terceiros. Posteriormente, conseguiu suspender temporariamente a desocupação junto ao Tribunal de Justiça (TJMT).
 
Olhar Direto apurou que há linha de investigação no sentido de que o suposto mandante (Anibal) teria, no âmbito de um recurso interposto no Tribunal de Justiça, arguido a suspeição do desembargador Sebastião, por supostas relações com o advogado Roberto Zampieri.
 
Acolhida a exceção de suspeição pelo próprio desembargador, este viu por bem revogar a decisão que permitia a imediata imissão na posse da propriedade pertencente ao investigado Anibal, o que, segundo a Autoridade Policial, teria sido o estopim da ordem para execução da vítima.

Aníbal chegou a ser preso pelo crime, mas conseguiu liberdade provisória mediante cumprimento de medidas cautelares. Ele ainda não foi pronunciado.

A morte

O advogado Roberto Zampieri foi assassinado com disparos de arma de fogo em dezembro de 2023, no bairro Bosque da Saúde, próximo ao escritório dele.

O Núcleo de Defesa da Vida do Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPE) já denunciou Antonio Gomes da Silva, Hedilerson Fialho Martins Barbosa e Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas por homicídio triplamente qualificado.

Investigação complementar, que mira Aníbal Manoel Laurindo, ainda não foi concluída. Além de Anibal, sua esposa Elenice Ballarotti também é investigada. 

Na ação sobre a posse da terra, Zampieri representava pessoa identificada como Jesse benedito Emidio. 
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