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Domingo, 25 de agosto de 2024

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Ferrugem asiática, seca e invasões

Justiça defere recuperação judicial de grupo do agro com dívidas de R$ 45 milhões

Foto: Reprodução/Ilustração

Justiça defere recuperação judicial de grupo do agro com dívidas de R$ 45 milhões
O juiz Renan Carlos Leão Pereira do Nascimento, da 4ª Vara Cível de Rondonópolis, deferiu o pedido de recuperação judicial (RJ) solicitado pelo Grupo Konageski, cuja principal atividade é o cultivo de milho e soja, por dívidas superiores a R$ 45 milhões. O grupo é formado pelos produtores rurais Cassemiro Konageski, Marcelo André Konageski e Jessica Carolina Konageski, e tem passagens pelos municípios de Diamantino, Poxoréu e Primavera do Leste.


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Baixa produtividade das safras causadas por pragas como a ferrugem asiática e a mosca branca, bem como forte estiagem, contribuíram para o endividamento da empresa. Além disso, duas invasões de propriedades do Grupo Konageski, uma delas em Primavera do Leste, que ficou conhecida como a maior da história, causaram ainda mais prejuízos a empresa.
 
“O produtor rural tem sua empresa a céu aberto, à mercê de intempéries climáticas, surgimento de pragas e doenças a qual não tem controle e que afetam diretamente seu negócio, e nesse caso, até a ação ilegal de invasão de terras afetaram as finanças do grupo. A parte econômico-financeira também foi afetada pelo alto custo para produzir e os altos juros para financiar a produção, fatos que contribuíram para o endividamento e consequentemente a necessidade de uma recuperação judicial”, ponderou o grupo no pedido patrocinado pela advogada Noíse Vieira Braz, da ERS Advocacia .
 
O grupo revelou no pleito que pretende negociar o passivo junto aos credores e reduzir o pagamento de juros, o que possibilitará o crescimento da empresa, a manutenção dos empregos existentes e a geração de novas vagas de trabalho, já que é uma atividade praticada há quase quarenta anos que, inclusive, já provou que possui viabilidade econômica.

Em sua decisão o magistrado destacou que a recuperação judicial é instrumento legal destinado à superação da crise econômica da atividade empresarial sustentável. 

Visando dar guarida ao interesse da ordem econômica geral em detrimento aos interesses particulares do empresário e credores, o magistrado deferiu o pedido ante forte indício do comprometimento do Grupo na preservação dos negócios.
 
Com o deferimento do requerimento, deverão os devedores apresentar, em 60 dias um plano de recuperação judicial único, sob pena de convolação em falência.
 
Histórico e crise
 
Natural do Rio Grande do Sul, Cassemiro Konageski veio para Mato Grosso em 1986, quando arrendou 400 hectares de terra em Diamantino. Mais tarde se comprou 618 hectares em Primavera do Leste. Já em 1993 entrou para o ramo de lacticínios, mas no ano seguinte, com a implementação do Plano Real, a implantação da política de abertura comercial, o valor do leite e seus derivados despencaram abruptamente, fazendo com que o os produtos desse setor, fabricados no Brasil, perdessem a competitividade no mercado interno.
 
Diante de todo o cenário financeiro caótico instalado no país, em 1998, já economicamente sem saída, o Grupo decidiu entregar uma parte, de 90 hectares, da Fazenda Ilha Grande, para conseguir quitar três anos de arrendamentos atrasados. Em 2000, vendeu a fazenda Daniela I para pagar o financiamento da compra do gado leiteiro no Banco Bradesco, e a fazenda Daniela II para pagar a Cooperativa de Crédito Primacredi. 

Em 2002, sem qualquer previsão de melhora no cenário e de mãos atadas pela ausência de crédito no mercado, o Grupo entendeu que a única saída era vender parte da fazenda Ilha Grande.

Vislumbrando voltar a crescer, em 2003 o Grupo arrendou uma área de cerca 550 hectares em Poxoréo. As safras que eram a esperança foram substancialmente afetadas pela nova doença que foi detectado na época, a Ferrugem Asiática.

Com os altos financiamentos contraídos para aquisição dos veículos e as sequentes safras ruins, os produtores se viram na necessidade de renegociar, ano a ano, todos os contratos dos equipamentos adquiridos, gerando uma escassez de crédito

Porém dois dias após assinar o contrato houve a maior invasão de terra da história do município de Primavera do Leste. 

Já em 2016, quando ainda buscavam recuperar os danos das safras anteriores e conseguir cumprir com as dívidas que vinham se arrastando há anos, o Grupo precisou enfrentar a pior estiagem da história do milho safrinha no Mato Grosso.

Como fator determinante para atual situação do Grupo, o aumento desordenado do valor dos insumos, O glifosato por exemplo custava de R$ 24 foi para mais de R$ 100 por kg, enquanto o cloreto de potássio.
 
Pouco tempo depois, em 2020, ainda tentando recuperar os danos das safras passadas e amenizar as dívidas que vinham se arrastando ao longo dos anos, o Grupo Konageski amargou mais um prejuízo impactante com a incidência de uma severa doença na plantação de feijão.

Se não bastasse todo esse cenário, o Grupo perdeu significativa produtividade com o excesso de chuvas na colheita da soja no ano seguinte (safra 20/21).

Durante a safrinha de milho de 2022 mais uma severa estiagem assolou a região de plantio das áreas do Grupo (ANEXO 04). Com a pouca chuva a lavoura acaba por não desenvolver como o previsto, fazendo despencar a produtividade. 

(Com informações da assessoria)
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