O frigorífico Rei Fish Comércio de Pescado entrou em Recuperação Judicial para renegociar dívidas de R$ 3.8 milhões junto aos credores. Em decisão proferida no início de agosto, a juíza Anglizey Solivan de Oliveira concedeu a medida requerida pela empresa, cuja sede fica na comunidade do Rio dos Peixes, em Chapada dos Guimarães.
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Os proprietários do grupo Rei Fish ajuizaram o pedido alegando que iniciaram as atividades em 2005, com a compra e venda de pescados de forma caseira.
Com o tempo, o sonho de montar um frigorífico especializado se concretizou em 2019 após a superação de diversas adversidades. Foi então que Francisco Neto da Silva e sua esposa fundaram o Frigorífico Rei Fish e expandiram as operações de produção, compra e venda para uma escala industrial.
Os investimentos foram realizados com recursos próprios do casal e financiamentos obtidos junto a instituições financeiras, permitindo a criação de uma estrutura maior e mais profissional.
No entanto, em 2021, o grupo enfrentou seu primeiro desafio: o aumento significativo dos preços da ração para peixes, um insumo essencial para a produção e manutenção de suas operações.
Paralelamente, houve uma alta no preço do diesel, combustível necessário para abastecer os veículos do grupo, pois muitos clientes são do interior e de cidades vizinhas, exigindo a entrega por meio de veículos de grande porte.
Devido aos impactos financeiros negativos, o grupo foi obrigado a ajustar suas despesas para evitar que o aumento no preço do produto afetasse os consumidores finais, absorvendo uma redução na margem de lucro.
Suas operações, então, foram instaladas principalmente em Chapada dos Guimarães, onde ganhou o apelido de "Rei do Peixe", vendendo em média de 2 a 3 mil quilos de pescado por semana, e que no final de 2022, as vendas duplicaram para 5 a 6 mil quilos semanais, permitindo a expansão das atividades do para Cuiabá e Várzea Grande, com foco em mercados e restaurantes.
Contudo, cenário mudou e, em 2023, as vendas começaram a diminuir rapidamente devido às dificuldades financeiras enfrentadas pelo Estado e pelo país, obrigando o grupo a reduzir a produção para 3,5 mil quilos semanais.
Isso impactou significativamente o faturamento, forçando cortes de gastos, redução de funcionários e uma tentativa de gerenciar despesas em meio à alta inflação. Já no segundo semestre de 2023, o aumento dos preços dos insumos, especialmente das rações para peixes, impossibilitou o cumprimento dos compromissos financeiros com fornecedores e instituições.
Além disso, no final de 2023, o fechamento da estrada de acesso à Chapada dos Guimarães, principal ponto de venda do frigorífico, afetou ainda mais o negócio, que dependia das feiras regionais e de clientes importantes da área.
Informa que, em 2024, a situação piorou com o cancelamento inesperado da 31ª edição do projeto 'Peixe Santo' pela Prefeitura de Cuiabá. Esse evento era importante para o grupo, pois garantiu um bom faturamento anual, o que resultou em uma redução ainda maior dos lucros e dificultou a manutenção das operações do frigorífico.
Com essas considerações, acionou a Justiça para superar a crise que se instalou na empresa, a qual resultou em passivo de R$ 3.883.792,12, não restando outra alternativa senão pedir o socorro do judiciário para renegociar o montante.
Examinando o pleito, e após o laudo de constatação prévia constatar que os autores preencherem os requisitos para o deferimento do processo, a juíza Anglizey, então, deferiu a recuperação judicial.
Com isso, blindou o patrimônio do grupo de eventuais ações de execução e cobrança, bem como determinou prazo de dois meses para apresentação do Plano de Recuperação judicial, o qual deverá passar pelo crivo dos credores e posterior homologação.