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MASSA FALIDA

Boi Gordo leiloa 135 mil hectares de fazendas; área equivale a cidade de São Paulo e foi cenário de novela

19 Ago 2016 - 15:38

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Ilustração

Fazenda Boi Gordo

Fazenda Boi Gordo

Após duas praças de um leilão sem interessados, no dia 16 e 19 deste mês, a Massa falida de Fazendas Boi Gordo promove até o dia 13 de setembro o segundo leilão para pôr à venda as fazendas Realeza do Guaporé I e II, localizadas em Comodoro (a 452 km de Cuiabá). As fazendas, que serviram de cenário para a famosa novela “O Rei do Gado”, deverão ressarcir os cofres da massa falida em até R$ 315 milhões. A Boi Gordo faliu em 2004.


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As fazendas são remanescentes do processo de falência do grupo e correspondem a 135 mil hectares, uma área equivalente a extensão urbana da cidade de São Paulo. O leilão ocorrerá de forma híbrida, isto é, permite lances físicos e na modalidade online.

De acordo com Cezar Badolato, responsável pelo leilão, a expectativa é que a ação gere pelo aproximadamente R$ 315 milhões para o ressarcimento dos credores e pagamentos de tributos. “As terras são produtivas e estão divididas com indicações de áreas nobres para lavoura, agropecuária e reserva ambiental, o que facilita ao comprador identificar exatamente aquilo que está adquirindo e planejar a produção”, ressalta o leiloeiro.

Sob jurisdição da 1ª Vara Cível do Fórum Central, um dos maiores casos de falência do Brasil aproxima-se de uma solução. O Juiz de Direito Marcelo Sacramone, responsável pelo caso mudou a estratégia de venda do leilão para obter mais adesão de compradores. “Regularizamos a propriedade de acordo com as regras ambientais e preparamos um estudo georreferencial, além de documentos que legitimam toda a área”, explica Sacramone.

O caso das Fazendas Boi Gordo ficou nacionalmente conhecido por ser um dos maiores casos de falência envolvendo pirâmides financeiras no Brasil. Mais de 30 mil pessoas foram lesadas com a fraude, entre eles famosos como Marisa Orth, Felipão, Evair e Vampeta. Contudo, 70% dos credores eram pequenos investidores que aplicaram até R$ 25 mil no negócio.

As fazendas em questão serviram de cenário para a famosa novela “O Rei do Gado” e são terras produtivas. O leilão contemplará 31 lotes que mesclam áreas próximas aos centros urbanos, agrícolas, grãos, pecuária e reserva ambiental.

“Em média, um processo de recuperação judicial leva em torno de quatro anos, neste caso passaram-se 12 anos, mas finalmente os credores serão ressarcidos em parte do dinheiro investido na fraude. O leilão dessas áreas, além de atender ao interesse dos credores, também uma grande oportunidade para o comprador, uma vez que além das condições de pagamento e preço, as unidades são produtivas e serão adquiridas sem ônus e com toda a documentação em ordem, quer do ponto de vista legal, quer do ponto de vistam ambiental”, esclarece o Síndico Gustavo Sauer.

Entenda o Caso:

Criada em 1988, a empresa Fazenda Reunidas Boi Gordo iniciou em 1996 processo de abertura de investimentos em animais. Era um sonho para investidores que receberiam após 18 meses o lucro da venda do boi engordado com promessas de 42% de rendimento via certificados de investimentos. Foram mais de 30 mil pessoas que investiram neste esquema de pirâmide financeira, que pagava contratos vencidos com recursos de novos investidores. Em 2001, a empresa pediu concordata, uma vez que o dinheiro investido, aos poucos foi desviado para outros negócios do empresário Paulo Roberto de Andrade, fundador da empresa. Com uma despesa a pagar maior que a receita a Boi Gordo faliu em 2004.
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