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Quinta-feira, 12 de setembro de 2024

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alvo de processo

Promotor cita 'crueldade, covardia e perversidade' em feminicídio praticado por Carlinhos Bezerra

Foto: Reprodução

Promotor cita 'crueldade, covardia e perversidade' em feminicídio praticado por Carlinhos Bezerra
Denúncia do Ministério Público Estadual contra Carlinhos Bezerra, que matou a tiros Thays Machado e Willian Cesar Moreno, apontou que ele agiu de forma cruel e covarde, o que revelou sua "extrema perversidade". Autor da acusação, o promotor Jaime Romaquelli também asseverou que o crime foi cometido por motivo torpe, porque Carlos teria se sentido desafiado pela "ousadia" de Thays em pôr fim ao namoro e resolveu se vingar dela e do novo namorado, assassinando-os.

 
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“Agiu o denunciado de forma cruel e covarde, revelando extrema perversidade, ao agredir a vítima com diversos disparos de armas de fogo, descarregando uma pistola semiautomática em área urbana de intensa movimentação de pessoas, em plena luz do dia. O crime foi cometido por motivo torpe, porque, sentindo-se desafiado pela ousadia da vítima em pôr fim ao namoro, resolveu se vingar dela e do namorado matando-os”, discorreu o promotor.

Consta no Inquérito Policial que Carlinhos manteve um relacionamento amoroso por cerca de dois anos com a vítima Thays Machado, chegando a conviver sob o mesmo teto que ela.

Desde o início do relacionamento, porém, ele mostrou ser pessoa extremamente controladora, possessiva e que vigiava cuidadosamente cada movimento da vítima, mantendo, sob sua posse, uma lista com os nomes da agenda telefônica de Thays.

Inclusive, restou provado que ele pesquisava pelas redes sociais para certificar-se de que ela não estava mantendo relacionamento amoroso com outra pessoa.

Conforme inquérito, os colegas de trabalho também entraram na mira da vigilância, chegando ao ponto de um amigo de trabalho ser interpelado por ter recebido mensagem de parabéns enviada por Thais, no aniversário.

Embora inserida em relacionamento explicitamente abusivo, Thays não encontrava forças para rompê-lo ou buscar auxílio policial e judicial. O medo da vítima, segundo o MP, se referia ao fato de que Carlinhos é filho de político renomado, o que evidenciava o risco da situação ser revertida contra ela.

Porém, no mês de dezembro de 2022, ela encontrou as forças necessárias e rompeu o relacionamento, deixando claro para ele que estava tudo acabado. Prints de mensagens trocadas juntados aos autos demonstram que, a cada cobrança de explicações feitas por Carlinhos após o rompimento do namoro, ela reafirmava que não havia mais nada entre eles, que o namoro havia acabado.

As afirmações sobre o término foram interpretadas por Carlinhos como um desafio, e não como um ponto final. Desconfiado que a vítima estava tendo novo relacionamento, ele passou a vigiá-la, monitorando-a a todo tempo com ligações e aplicativos de rastreamento,  já planejando a sua morte.

Ele inclusive chegou a seguir o casal até o aeroporto, onde esperou pelo desembarque do namorado de Thais, que percebeu que estava sendo seguidos por um veículo Renault Kwid, propriedade de Carlos. A perseguição ocorreu dias antes do duplo homicídio.

Imediatamente, Thays ligou para o CIOSP, via 190, descrevendo toda a situação e, inclusive, informando que o denunciado estava com uma arma de fogo e arma branca (canivete) dentro do veículo, deixando as vítimas com muito medo.

Depois disso, percebendo que Carlinhos não iria deixá-los em paz, Thays parou na Central de Flagrantes, comunicou os fatos e, no momento em que seria feita abordagem do denunciado por policiais daquela unidade, ele arrancou com o veículo e empreendeu fuga.

Mais tarde, por volta das 16h40min, do dia 18/01/2023, Thays e Willian  foram até o Edifício Solar Monet, localizado na Rua Leonides de Carvalho, nº 111, bairro Miguel Sutil, nesta capital, local onde a genitora da vítima Thays reside, para deixar o veículo que Thays havia emprestado de sua genitora.

Depois de deixar as chaves do veículo da mãe na portaria do prédio, Thays e Willian caminharam até a calçada na frente do edifício para chamar um Uber, e ali foi o palco dos trágicos delitos tratados abaixo.

A ação extremamente calculada do acusado em comparecer naquele local, exatamente no momento em que a vítima estava exposta na calçada de costas para a rua, subtraiu dela a possibilidade de realizar qualquer gesto efetivo de defesa, sendo acolhida de surpresa, recebendo os tiros fatais, inclusive, pelas costas.

O denunciado resolveu eliminar a vida da vítima por razões da condição do sexo feminino, ou seja, por envolver violência doméstica e familiar e menosprezo à condição de mulher. “A ação do denunciado dirigida à Willian mostra que agiu com dolo direito e autônomo em relação a cada uma das vítimas. O seu plano era matar as duas pessoas e agiu para alcançar os resultados”.

Diante da gravidade dos fatos praticados no duplo homicídio cometido por Carlinhos, o Ministério Público sustentou à justiça pela manutenção da prisão preventiva do denunciado, pois ele não se intimida em praticar um crime de natureza grave.
 
“Por derradeiro, importante consignar que os delitos de homicídios qualificados, praticados pelo denunciado, ultrapassa a pena de 04 (quatro) anos. Portanto, perfeitamente admissível é a manutenção da prisão preventiva. Assim sendo, o Ministério Público manifesta-se pela manutenção da prisão preventiva do denunciado por haver provas mais do que robustas da materialidade do crime e indícios suficientes da autoria, presentes, ainda, os demais requisitos autorizativos”, finalizou o promotor na denúncia.
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