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Segunda-feira, 20 de maio de 2024

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DINHEIRO DO TRÁFICO

Diretor de cadeia, líder do CV, advogado e funcionários públicos: alvos de operação lavaram mais de R$110 milhões; confira

Foto: Reprodução

Diretor de cadeia, líder do CV, advogado e funcionários públicos: alvos de operação lavaram mais de R$110 milhões; confira
Quebra de sigilo bancário feita contra 16 alvos da operação La Catedral, que desarticulou esquema de lavagem de dinheiro oriunda do tráfico de drogas revelou movimentações que, somadas, ultrapassam os R$110 milhões. O esquema era promovido pelo diretor da cadeia pública de Primavera do Leste, por um líder do Comando Vermelho, empresas, advogado, presos e funcionários da prefeitura. Somente em uma das transferências o valor foi de R$24 milhões.


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A Polícia Civil solicitou a quebra do sigilo entre fevereiro de 2022 e novembro de 2023 para investigar os pagamentos de propina em troca de benefícios dentro da cadeia, além de possíveis indicações para realização de trabalho externo. Os alvos da operação usavam suas próprias contas, e de terceiros, para a lavagem de capitais.

A mais expressiva foi em relação à Jeová Vieira de Aguiar, apontado como financiador do esquema. No débito consta R$ 24.784.622,77 e no crédito R$ 24.938.269,98.

Valdeir Zelis dos Santos, diretor da cadeia pública e mentor do esquema, movimentou mais de R$ 4 milhões.  Líder do Comando Vermelho e também apontado como cabeça do grupo, Janderson Dos Santos Lopes, preso em regime fechado, porém com livre arbítrio para sair da cadeia quando quisesse, inclusive abrindo empresas e empregando terceiros em suas propriedades, movimentou no período exatos R$7.015.295,14.

A esposa de Janderson, Thais Emilia Siqueira é apontada como responsável por abrir e gerir empresas de fachada para lavar dinheiro proveniente do tráfico, moveu mais de R$2 milhões. Fisioterapeuta, Damilles Kaely realizou pelo menos 236 transações ilegais que totalizaram R$236 mil.

O advogado Rodrigo Costa Dias teria movimentado mais de R$2,4 milhões. Ele emprestava sua conta para o esquema. Sócio-proprietário da empresa A.S.R. Tênis, Alessandro Soares recebeu pagamento de presos e familiares de detentos, além disso, se envolveu no esquema e teria movimentado mais de R$6 milhões.

Possivelmente amante de Valdeir, Edimara Farias Neves recebia pagamentos de presos em sua conta corrente, transferindo valores superiores à sua capacidade financeira, na casa dos R$1,7 milhão. O irmão dele, Gutemberg dos Santos Mesquita, que atuava no braço financeiro do grupo, teria movido mais de R$2 milhões.

Outro empresário, Valdir da Silva Araújo, que também atua no braço financeiro, teria movimentado R$3,7 milhões. Usada para lavar o dinheiro, a empresa Lopes Transportadora de Grãos Ltda movimentou mais de R$20 milhões.

Há ainda José Inácio da Silva que, mesmo preso em regime fechado, teria atribuição de solicitar pagamento em dinheiro de outros presos em troca de benefícios na cadeia, como acomodações ou trabalho externo. Ele permitia que sua conta fosse usada pelo grupo e, nela, passaram mais de R$ 2 milhões.

Os funcionários do projeto Proseg Segunda Chance, da prefeitura de Primavera do Leste, Josue Pereira Santana, o “Cowboy”, e Marconi Cesar Magalhães, o “Marconi”, teriam movimentado mais de R$1 milhão.



La Catedral

A Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Primavera do Leste deflagrou nesta terça-feira (7) a Operação La Catedral. A investigação, de quase um ano, reuniu diversas informações produzidas a partir de relatórios financeiros e investigativos, identificando atividades ilegais envolvendo pessoas presas e o diretor da cadeia pública de Primavera do Leste.

A Polícia Civil apurou a existência de uma associação criminosa que se formou para comprar facilidades, movimentar dinheiro obtido ilegalmente e promover a lavagem de capitais por meio de empresas de construções e, ainda, ofertar vantagens ilícitas a servidores públicos.

O líder do esquema criminoso, Janderson Lopes, foi alvo de mandados de prisão preventiva, busca e apreensão, bloqueio de valores e sequestro de bens. Já o diretor da cadeia pública de Primavera do Leste foi alvo de busca e apreensão, bloqueio de bens e afastamento do cargo. 

Um dos principais alvos da investigação é Janderson dos Santos Lopes, de 30 anos, detido em regime fechado na unidade prisional de Primavera do Leste, após ser condenado a 39 anos de reclusão. Apesar de recluso, a Polícia Civil identificou que ele tinha total liberdade para continuar com suas atividades criminosas lideradas a partir da cadeia pública.

Porém, após pouco mais de um ano de sua transferência para a cadeia de Primavera do Leste, Janderson adquiriu um considerável patrimônio, incluindo a abertura de empresas, compra de uma frota de caminhões com reboques e semirreboques; imóveis em Cuiabá, Primavera do Leste e Poxoréu; e veículos de luxo para ele e para sua esposa, que também foi presa.

Além disso, ele ostenta em rede social uma vida de alto padrão, compartilhando imagens de seus caminhões, carros, construções imobiliárias e também de gado, como se fosse um cidadão livre.

“Esses relatórios evidenciam uma atividade típica de movimentação financeira associada à lavagem de capitais, uma vez que pessoas sem qualquer tipo de vínculo, seja pessoal, profissional ou geográfico, realizaram transferências bancárias em quantias significativas”, pontuaram os delegados Honório Neto e Rodolpho Bandeira, da Derf de Primavera do Leste.
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