O Comando Vermelho usava cinco empresas de fachada para lavar o dinheiro proveniente das ações ilícitas da facção, em Cuiabá. É o que revelou a operação Ragnatela, responsável por desarticular esquema que lavou mais de R$ 50 milhões por meio de shows nacionais de funkeiros, grandes nomes do pagode e sertanejos. Agentes públicos também integravam a trama criminosa, facilitando as licenças e alvarás para os eventos.
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Conforme as investigações, as pessoas jurídicas Dallas Bar Eireli, Strick Pub Bistro e Restaurante Ltda, Restaurante Peixaria Mangueira Ltda, Dom Carmindo Lava Jato e Conveniência, W A da Costa Pereira (Expresso Lava Car).
“(Os investigados) praticaram os crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, no contexto de organização criminosa, cujos delitos foram perpetrados mediante complexo engodo engendrado com a participação de agentes públicos, além da utilização de casas noturnas e empresas exclusivamente como instrumento para a prática dos crimes, especialmente a lavagem de dinheiro”, anotou o juiz Francisco de Campos Almeida, responsável por autorizar a operação.
O principal instrumento usado pelo CV para lavagem dos capitais é o Dallas Bar, localizado na Avenida Manoel Jose de Arruda (Av. Beira Rio), bairro Dom Aquino – Cuiabá. O Dallas iniciou suas atividades em 2015, cuja razão social era Dum Comércio de Alimentos, tendo como proprietário Clawilson Almeida Lacava, e capital social de R$200 mil.
Em 2021, o bar foi comprado por Joadir Alves Gonçalves, vulgo “Jogador”, considerado como um dos líderes do CV, responsável pelo recolhimento de ganhos obtidos pela facção por meio da venda de drogas e outras atividades ilícitas em Cuiabá e VG.
O dinheiro da facção recebido pelo Jogador é investido na compra de casas noturnas e realização de shows e eventos. Ele adquiriu o Dallas por R$800 mil, e colocou o estabelecimento em nome de Willian Aparecido da Costa Pereira, vulgo “Willian Gordão”.
Em posse de “Gordão”, o capital social da casa saltou dos iniciais R$ 200 mil para R$ 13 milhões, entre 2021 e 2022. O total, desde 2021, foi superior aos R$ 24 milhões.
“Gordão” também administra outros estabelecimentos usados para a lavagem. W A DA COSTA PEREIRA, nome Fantasia Espresso Lava Car e Complexo Beira-Rio, segundo a operação, movimentou R$ 10 milhões entre 2018 e 2022.
Strick Pub, administrado pelo assessor do vereador Paulo Henrique de Figueiredo Masson, Rodrigo Leal, estava localizado na Avenida Manoel José de Arruda, no Grande Terceiro, e lavou R$17 milhões entre 2021 e 2022. Em 2020, ano que foi aberta, a casa declarou capital social de R$ 50 mil.
Já o lava jato Dom Carmindo, situado na Avenida Carmindo de Campos, aberto em 2020 por Rodrigo Leal e Kamilla Bertoni, apontada como “tesoureira” da facção, movimentou R$ 6 milhões entre 2020 e 2022.
Aberto em 2022, o Clube CT Mangueira Ltda, antes registrado como Peixaria Mangueira, situado na Rua Paranatinga, no bairro Praeirinho, era usado para os eventos e lavou capitais por meio de feira de carros usados, promovida por uma garagem chamada RED CAR “não deixando dúvidas que tais empreendimentos pertencem à facção criminosa Comando Vermelho”, apontou a investigação.
Ao decidir autorizar a operação, o juiz acatou pedido feito pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado – FICCO/MT, por meio do delegado de Polícia Federal, Antônio Flávio Rocha Freire, e suspendeu as atividades econômicas e comerciais dos cinco estabelecimentos.
