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Quarta-feira, 03 de julho de 2024

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ÁUDIOS INTERCEPTADOS

Caixa de Pandora revela influência do CV sobre agentes da PCE; associação dos servidores fornecia "mercadinho" aos presos

Foto: Reprodução

Caixa de Pandora revela influência do CV sobre agentes da PCE; associação dos servidores fornecia
Deflagrada na última quinta-feira (6), a Operação Caixa de Pandora expôs a influência que membros do Comando Vermelho exercem sobre os agentes penitenciários da Penitenciária Central do Estado (PCE). A investigação, que resultou em diversas interceptações telefônicas e apreensões, revela um esquema de corrupção e regalias concedidas aos detentos, incluindo a presença de eletrodomésticos e um "mercadinho" administrado pelos próprios agentes.


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Entre os envolvidos, Eudes Rodrigo Gonçalves, servidor público estadual e agente penitenciário, foi um dos principais alvos. Durante as interceptações, ficou claro que Eudes, enquanto trabalhava como 1° Tesoureiro da ASPEC (Associação dos Servidores da Penitenciária Central do Estado de Mato Grosso), facilitava a entrada de diversos produtos para os detentos em troca de dinheiro e favores.

Conversas registradas entre Eudes e outros agentes, como Lindomar e o ex-diretor adjunto da PCE Reginaldo Alves dos Santos, revelam uma relação de proximidade e cumplicidade com líderes da facção, como Isaias Pereira Duarte, conhecido como "Caverninha", e João Luis Baranoski, o "Baranoski".

Em um dos diálogos, Eudes e o chefe da disciplina da cadeia, Lindomar Henrique da Silva Rocha, discutem a necessidade de atender as demandas de "Caverninha" e "Baranoski" para evitar problemas, demonstrando a pressão e o controle exercido pelos detentos sobre os agentes.

No dia 25 de abril de 2019, uma operação no Raio 05 da PCE resultou na apreensão de celulares e um freezer adulterado. Esse freezer era mencionado em diversos áudios como um item de importância estratégica para os detentos, especialmente "Caverninha", que deveria ser colocado próximo a ele. A operação confirmou as suspeitas de que o freezer era utilizado para levar celulares ao interior do presídio.

Outro aspecto revelador foi o controle exercido pela ASPEC sobre o fornecimento de produtos aos detentos. Em um áudio de 18 de abril de 2019, Eudes discute com Larryrihe, outra agente penitenciária, sobre a entrega de mercadorias e a preocupação com as reclamações dos detentos. Esse diálogo expõe o comércio interno de produtos como água mineral, sucos e refrigerantes, administrado pelos agentes e com margens de lucro consideráveis.

Os áudios também indicam que os detentos possuíam uma rede de comunicação eficiente, utilizando buracos nas paredes das celas para trocar informações e objetos. A influência do Comando Vermelho se estendia a ponto de os detentos decidirem sobre reformas na penitenciária, como o conserto da laje do Raio 05, financiado com dinheiro arrecadado entre os próprios presos.

A operação evidenciou que os agentes penitenciários, como Eudes e Reginaldo, cederam à pressão dos detentos e às ofertas de dinheiro, comprometendo a segurança e a integridade do sistema penitenciário. A existência de um "mercadinho" dentro da penitenciária, abastecido pela ASPEC e administrado por agentes, é um claro exemplo da influência do Comando Vermelho dentro da unidade.
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