Olhar Jurídico

Sábado, 29 de junho de 2024

Notícias | Criminal

OPERAÇÃO DA PF

Servidor da Câmara de Cuiabá, bares e lava-jatos de fachada movimentaram R$ 77 milhões para o CV

Foto: Reprodução

Rodrigo Leal

Rodrigo Leal

A Polícia Federal, por meio da quebra do sigilo bancário e fiscal dos investigados da Operação Ragnatela, deflagrada nesta quarta-feira (5), apontou que os milhões de reais movimentados pelos alvos são provenientes do tráfico de drogas do Comando Vermelho e lavados por meio de bares, casas noturnas, restaurantes e estabelecimentos de fachada. A soma dos valores apurados ultrapassa os R$ 77 milhões.


Leia mais: 
Chácaras, apartamentos, carrões de luxo, restaurantes e R$ 5 milhões são bloqueados pela Justiça em ação da PF


Apontado como investigado central das investigações, o coordenador do cerimonial da Câmara de Cuiabá, publicitário e produtor de eventos, Rodrigo Leal, movimentou R$27 milhões entre 2018 e 2022. A título de comparação, ele declarou em 2021 R$92 mil de imposto de renda, mas transacionou, no mesmo ano, 10 milhões entre crédito e débito.

Mas não para por aí. Leal também é dono do Strick Pub, casa noturna usada para camuflar a origem ilícita dos valores. Em três anos, o estabelecimento transacionou mais de R$17 milhões.

Willian Aparecido da Costa, vulgo Gordão, movimentou mais de R$2 milhões entre 2018 e 2022. Na condição de proprietário do Dallas Bar, usado para lavagem de capitais, ele fez transações, entre crédito e débito, superiores à R$14 milhões nos anos de 2021 e 2022.

Outro estabelecimento de sua posse, o Espresso Lava Car e Complexo Beira-Rio, entre 2018 e 2022, movimentou mais de R$10 milhões.

Apontada como membro do núcleo contábil do esquema, responsável por “picotar” o dinheiro para esconder a origem e dificultar o seu rastreamento, Kamilla Beretta Bertoni declarou de IR em 2022 R$90 mil em rendimentos e R$312 mil em bens. Contudo, movimentou mais de R$2 milhões em suas contas.

Ela e Rodrigo Leal também criaram outra empresa fantasma para lavar os capitais: o Dom Carmindo Lava Jato e Conveniência, aberto em 2020, movimentou R$6 milhões em três anos.

“Não se deve olvidar que, muito embora expressivas as movimentações bancárias, logrou-se verificar que parte dos valores distribuídos entre eles é repassada através de transações em espécie, sem passagem bancária, a indicar, portanto, um fluxo paralelo com a finalidade de driblar os órgãos de controle financeiro”, escreveu o juiz João Francisco Campos de Almeida, do Núcleo de Inquéritos Policiais, responsável por autorizar a operação.

Operação

Nesta quarta-feira (5), a PF deflagrou a operação para combater a lavagem de dinheiro orquestrada pelo grupo, que conta com integrantes do Comando Vermelho, empresários, promotores de eventos, e agentes públicos.

Casas de shows, lava jato, restaurantes e estabelecimentos comerciais eram usados como fachada para camuflar a origem ilícita dos valores obtidos. Segundo a PF, o vereador Paulo Henrique (MDB) é suspeito de ajudar na obtenção licenças por meio de fiscais da Prefeitura da Capital em benefício ao grupo do Comando Vermelho para realização de shows nacionais na capital.

A operação visa cumprir mandados de prisão preventiva, busca e apreensão, nove sequestros de bens imóveis e 13 veículos. A reportagem apurou que o empresário e dono do Dallas Bar, que foi comprado por R$ 800 mil pela facção criminosa, Willian Aparecido da Costa Pereira foi preso. Já o DJ Everton Muniz, mais conhecido como Everton Detona, foi alvo de busca e apreensão. O foco da investigação é desbaratar esquema de lavagem de dinheiro. 

A autoridade policial também apontou que servidores de uma secretaria do município também estão envolvidos no esquema. Isso porque, eles eram responsáveis pela fiscalização dessas casas noturnas, além da concessão das autorizações para a realização de shows.

O esquema ganhou evidência após uma apresentação do cantor nacional MC Daniel ser interrompida por conta do comportamento hostil do público com o artista apenas por ele ser do estado de São Paulo, dominado por uma facção rival, o Primeiro Comando da Capial (PCC). 

Em continuidade à investigação, os policiais identificaram um esquema para introduzir celulares dentro de unidade prisional e transferências de lideranças da facção para presídios de menor rigor penitenciário, a fim de facilitar a comunicação com o grupo investigado, que se encontra em liberdade.

No último dia 1º de junho, foi identificado que dois alvos da investigação fugiram para o estado do Rio de Janeiro. Um deles é considerado o principal líder da facção criminosa investigada, atualmente em liberdade, e estava viajando com documentos falsos. Os criminosos foram abordados ainda dentro da aeronave, logo após o pouso no aeroporto carioca de Santos Dumont.
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet