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Segunda-feira, 06 de maio de 2024

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Processo por fraude

Alvos da Sodoma 'desconfiavam' de prisões com mais de dez dias de antecedência

Alvos  da Sodoma 'desconfiavam' de prisões com mais de dez dias de antecedência
Trechos de diálogos registrados por meio do aplicativo WhatsApp mostram suspeitas de que os alvos da operação Sodoma -  ex-secretários da gestão dele, Pedro Nadaf (Indústria e Comércio) e Marcel de Cursi (Fazenda) - tinham conhecimento de que eram alvos da Polícia com mais de dez dias de antecedência. Nadaf e Cursi foram presos em 15 de setembro de 2015. Dois dias depois,  o ex-governador Silval Barbosa (que estava também com a prisão preventiva decretada) entregou-se à juíza Selma Rosane Arruda, titular da 7ª Vara Criminal de Cuiabá.

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Os relatórios de extrações - constante nos autos da operação que tramita na 7ª Vara Criminal e que não estão em segredo de Justiça -  elencam uma série de conversas que sustentam as suspeitas.

Em um deles, na data de 3 de setembro (12 dias antes da deflagração da ação), o ex-secretário Pedro Nadaf indica a Marcel de Cursi que não deixe comparecer ao escritório de seu advogado. Na sequência, Marcel responde: ‘na dúvida some hoje ou amanhã’. As mensagens, de acordo com as informações descritas pela Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Administração Pública foi excluída do aparelho celular, segundo o relatório, mostrando a intenção de ocultar esse diálogo.

Ainda na data de 3 de setembro, Marcel entrou em contato com seu advogado. “Após a conversa com Pedro Nadaf, Marcel diz que surgiu uma urgência e precisa ver Leonardo {Cruz}”, diz trecho do documento.

“Sugiu uma urgência. Preciso te ver agora. Desculpe”, diz Marcel. Em resposta o advogado declara: “Preciso de sua serenidade e equilíbrio. Sei que não é fácil, mas vc está assistido”.

Já na data de 11 de setembro (4 dias antes da operação), Pedro Nadaf entrou em contato com sua ex-mulher Geiziane Antelo, através do aplicativo WhatsApp. Ele relata que foi orientado por sua defesa para dormir em Chapada dos Guimarães.

“O cara me deu segurança mas quer que eu durma na Chapada... estou muito triste”.

Um dia antes da ação policial, 14 de setembro, Nadaf marcou um encontro (também por aplicativo) com o então diretor da Polícia Civil, Anderson Garcia na sede da Academia de Polícia Civil. Na conversa, ainda segundo o relatório de extração, Nadaf deixa claro que iria com o telefone desligado pois dessa forma não seria possível identificar a localização através de ‘erb´s’,. mostrando que ele não queria que tal encontro fosse descoberto, aponta trecho do processo.

Questionado sobre a conversa, ao Olhar Direto, o delegado afirmou que não tem o que temer e que iria disponibilizar dados bancários e telefônicos para investigação. Ele ainda solicitou que a Corregedoria da Policia Civil apurasse por meio de procedimento qualquer suspeita.

Às vésperas da prisão, Nadaf disse a ex-mulher: “Fica tranquila vai dar tudo certo. Tudo passa. Vai ser duro, mas vou superar”.

Os três ex-gestores, em oitivas à juíza Selma Rosane de Arruda, titular da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, negam qualquer tipo de participação no esquema.

Sodoma

O cerne da operação Sodoma trata-se de um esquema de venda de incentivos fiscais que causou prejuízos ao erário no valor de R$ 2,6 milhões. Na data de deflagração da operação, 15 de setembro, o então gestor Silval Barbosa, iria ser ouvido pelos deputados estaduais que participam da CPI da Renúncia e Sonegação Fiscal, mas não compareceu a oitiva. Dois dias depois, após seu nome ser inserido no banco de foragidos da Interpol, Silval entregou-se.

Ao deixar a sala de audiências no final da tarde de terça-feira, 23, ele justificou que “ficou por aí durante 48 horas angustiantes”, considerando que a Polícia iria montar um espetáculo para sua prisão na sede da Assembleia Legislativa de Mato Grosso. “Prédio que, diga-se de passagem eu ajudei o Riva a construir em nossa gestão”.  Sival disse ainda que soube da ordem de prisão no dia 15 de setembro após receber 'telefonemas de donos de veículos de comunicação". 
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