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Quinta-feira, 19 de setembro de 2024

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morte de advogado

Defesa de instrutor alega que não sabia sobre uso de arma para matar Zampieri e pede para não passar por júri

Foto: Reprodução

Hedilerson, Caçadini e Antônio

Hedilerson, Caçadini e Antônio

A defesa do veterano do Exército e instrutor de tiro Hedilerson Fialho Martins Barbosa, acusado pelo Ministério Público de intermediar a execução do advogado Roberto Zampieri, por ser o proprietário da arma usada no assassinato, apresentou os memoriais finais à 12ª Vara Criminal de Cuiabá postulando que ele não seja submetido ao Tribunal do Júri.


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A estratégia dos advogados Neyman Augusto Monteiro e Nilton Ribeiro de Souza está amparada no fato de que Hedilerson foi incriminado por meio de interrogatórios nulos, bem como sustentam que não há indícios suficientes da sua participação direta no assassinato, de modo que ele deve ser impronunciado.

Além disso, a principal tese é embasada no depoimento do executor do crime, Antônio Gomes da Silva, contratado por R$ 40 mil para matar Zampieri. Em sede de interrogatório, Antônio livrou Hedilerson.

O algoz disse que o instrutor de tiro é seu conhecido há longo tempo, e que veio para Cuiabá por motivos alheios à execução. Eles ficaram hospedados no mesmo hotel. Hedilerson chegou um dia antes da execução e Antônio disse que pegou a arma dele escondido, enquanto ele tomava banho.

Com base nisso, os advogados alegam que não existem indícios mínimos de que Hedilerson tenha participado do crime, embora ele tenha vindo para Cuiabá após a primeira tentativa de Antônio em matar Zampieri ter falhado, terem se hospedado no mesmo hotel e apesar de que a arma usada na execução seja de sua propriedade.

“Desse modo, mediante o que foi exposto acima, percebe-se que não há indícios mínimos de informação para fundamentar a decisão de pronúncia”, sustentaram Neyman e Nilton. Em sede de razões finais, de outro lado, o Ministério Público pediu a pronúncia de Hedilerson.

Os memoriais foram assinados no dia 9 de agosto pelos promotores de Justiça do Núcleo de Defesa da Vida, Samuel Frungilo, Marcelle Rodrigues da Costa e Faria, Vinicius Gahyva Martins e Jorge Paulo Damante Pereira.

Eles pediram que o coronel Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas (financiador), Antonio Gomes da Silva (executor) e Hedilerson Fialho Martins Barbosa (intermediador) sejam submetidos ao julgamento perante o júri popular pelo homicídio qualificado do advogado, ocorrido em 5 de dezembro de 2023.

Eles pedem a submissão ao júri popular pelo homicídio com as qualificadoras de crime cometido mediante promessa de recompensa, recurso que dificultou a defesa da vítima, emprego de arma de fogo e uso restrito e concurso de agentes.

Os memoriais revelaram que o crime meticulosamente planejado e executado por mais de dois meses antes da sua execução.  De acordo com os autos do inquérito policial, o crime teve início em novembro de 2023, quando Antonio Gomes da Silva, sob disfarce, aproximou-se de Zampieri com o falso pretexto de contratar seus serviços jurídicos.

Gomes, que se apresentou como capelão mancando e utilizando uma bengala, alegou estar interessado na compra de uma propriedade rural em nome de um sobrinho residente nos Estados Unidos. Apesar de ter fornecido seu nome verdadeiro e número de telefone real, ele fez questão de adotar uma persona fictícia, parte do plano para enganar a vítima.

A tentativa inicial de assassinato ocorreu durante uma visita agendada a uma propriedade rural, onde Gomes planejava matar Zampieri com uma marreta. No entanto, o plano fracassou quando o advogado enviou um amigo em seu lugar, frustrando o assassino. Em resposta ao fracasso, Gomes solicitou que seu comparsa, Hedilerson Barbosa, providenciasse uma arma de fogo para garantir o êxito do plano.

Na noite do crime, em 5 de dezembro de 2023, Zampieri foi surpreendido por Gomes ao sair de seu escritório de advocacia e entrar em seu veículo. Gomes, que estava à espreita, disparou diversos tiros contra o advogado, utilizando uma pistola Taurus 9mm, resultando na morte imediata de Zampieri por choque hipovolêmico devido aos ferimentos perfuro-contundentes.

Os promotores destacam que o assassinato foi realizado de maneira rápida e evasiva, dificultando qualquer chance de defesa por parte da vítima. Além disso, a arma utilizada no crime, uma pistola de uso restrito, foi posteriormente apreendida e confirmada como a mesma que havia sido entregue por Barbosa a Gomes no dia do assassinato.

A perícia balística realizada durante as investigações corroborou essa evidência, conectando de forma incontestável a arma aos projéteis encontrados na cena do crime. O contrato para o assassinato foi estabelecido por Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, que ofereceu R$ 40 mil a Antonio Gomes, dos quais R$ 20 mil foram pagos como adiantamento.

A denúncia aponta que Caçadini não tinha uma relação direta com a vítima, mas foi contratado pelo fazendeiro Aníbal Laurindo, recrutando cúmplices para a execução do plano.

As investigações revelaram que o planejamento do crime se estendeu por pelo menos três meses. Um dos elementos cruciais foi a descoberta de uma imagem da fachada do escritório de Zampieri armazenada no celular de Caçadini desde outubro de 2023, evidência que reforça o planejamento pré-meditado do crime.
 
Em sua manifestação, o Ministério Público argumentou que a materialidade do delito e a autoria dos acusados foram comprovadas de forma indiscutível pelas provas reunidas durante as investigações.

A instituição requer a pronúncia dos réus Antonio Gomes da Silva, Hedilerson Fialho Martins Barbosa e Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, cometido mediante paga e promessa de recompensa, recurso que dificultou a defesa da vítima e o emprego de arma de fogo de uso restrito.
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