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Terça-feira, 02 de julho de 2024

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FEMINICÍDIO TENTADO

Em nova sentença, juíza manda advogado que tentou matar namorada espancada ao júri

Foto: Reprodução

Em nova sentença, juíza manda advogado que tentou matar namorada espancada ao júri
O advogado Nauder Andrade Alves Júnior será julgado pelo Tribunal do Júri por tentar matar sua ex-namorada, a engenheira E.T.M., de 29 anos, usando uma barra de ferro para espancá-la. As agressões aconteceram em agosto de 2023, depois que Nauder se entorpeceu de cocaína e tentou manter relações sexuais  com ela. O espancamento só não culminou na morte da vítima porque ela conseguiu pedir ajuda a vizinhos de condomínio. Em nova sentença, proferida no último dia 27, a juíza Ana Graziala Vaz Campos Corrêa decidiu submeter o advogado julgamento popular por tentativa de feminicídio.


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Em maio, Nauder foi colocado em liberdade provisória mediante tornozeleira por ordem do Tribunal de Justiça, que acatou recurso e anulou, por excesso de fundamentação, a primeira sentença de pronúncia da juíza Ana Graziela, proferida ainda no ano passado.

Nesta quinta-feira (27), então, a magistrada assinou nova sentença determinando que ele vá ao júri por feminicídio tentado, com as qualificadoras de motivo fútil, dificuldade de defesa e no contexto de violência doméstica.

Júri Popular

Para decidir submeter o advogado ao júri popular, Ana Graziela ressaltou que o conjunto de provas não deixou dúvidas de que a tentativa de matá-la ocorreu no contexto de violência doméstica contra a mulher, baseado em questões de gênero, onde ficou demonstrado o desprezo de Nauder pela vítima.

“Ante o exposto, pronuncio o acusado Nauder Júnior Alves Andrade pela prática, em tese, do delito previsto no artigo 121, §2º, incisos II [motivo fútil], IV [dificuldade de defesa] e VI [feminicídio], c/c §2º-A, inciso I [violência doméstica e familiar] e II [menosprezo à condição de mulher]”, proferiu a magistrada.

Qualificadoras

Ana Graziela anotou que Nauder, durante o processo, tentou culpar a engenheira pelo início das agressões, alegando que a feriu somente com intuito de se defender e que não teve a intenção de machucá-la. As justificativas, no entanto, foram rechaçadas pela juíza.

No contexto do crime, foi verificado por Ana Graziela os indícios da qualificadora do motivo fútil, pois Nauder a espancou movido por um sentimento negativo e fantasioso de que ela estaria lhe traindo, inclusivo levantando a hipótese de que isso estivesse ocorrendo com seu próprio pai, além de ter sido levado pelos efeitos do entorpecente.

Outro ponto destacado pela magistrada foi a qualificadora da dificuldade da defesa. Aqui, foram consideradas as alegações de E.T.M. de que ela foi pega de surpresa pelo advogado, uma vez que nunca teria sido agredida antes e, ao deixar um dos cômodos da residência e se recusar em manter relações sexuais, foi surpreendida por ele, que a agarrou no pescoço e iniciou as agressões.

O crime

Nauder foi preso em flagrante no dia 18 de agosto, em Cuiabá. De acordo com a Polícia Civil, o agressor foi localizado em uma clínica de recuperação para dependentes químicos, localizada em Chapada dos Guimarães (67 km de Cuiabá).

A mulher agredida, engenheira de 29 anos, foi encontrada próximo à guarita de um condomínio residencial, no bairro Morada do Ouro. A Polícia Militar foi acionada e a encaminhou ao Plantão da Mulher 24h.

Durante o depoimento, a vítima relatou à delegada plantonista, Divina Martins, que estava em sua residência com o agressor, quando ele saiu do quarto para fazer uso de drogas e depois tentou manter relações sexuais forçadas com a mulher. Após a negativa dela, ele passou a agredi-la com socos e chutes, em meio a xingamentos.

A vítima tentou fugir do agressor, indo para outros cômodos da casa, no entanto, o suspeito a alcançou e continuou o espancamento, usando uma barra de ferro.

Quando ela conseguiu pegar a chave de casa e sair até a garagem, o agressor a encontrou e novamente lhe agrediu, jogando a vítima no chão e tentou matá-la. Durante as agressões, ela relatou ter perdido a consciência várias vezes.

Em determinado momento, o suspeito foi pegar a barra de ferro para continuar a atacá-la. Ela conseguiu escapar e foi pedir ajuda na portaria de um condomínio, nas proximidades de sua casa.
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