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OPERAÇÃO ARCA DE NOÉ

Riva relembra cobranças truculentas de João Arcanjo e afirma que na época pensou em renunciar

22 Mar 2016 - 15:34

Da Redação - Arthur Santos da Silva / Da Reportagem Local - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Paulo Victor Fanaia Teixeira / Olhar Direto

Riva aparentava estar cansado e falava baixo

Riva aparentava estar cansado e falava baixo

Durante interrogatório na tarde desta terça-feira (22) o ex-deputado José Geraldo Riva, réu em ações por desvio de dinheiro na Assembleia Legislativa, relembrou a forma truculenta com que o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro agia. “Todo mundo sabia, a imprensa sabia, a forma truculenta com que a Confiança factoring fazia as cobranças”. Refletindo sobre o contexto, o ex-parlamentar afirmou que pensou em renunciar ao cargo no Legislativo. Estas e outras afirmações foram feitas à juíza da Sétima Vara Criminal, Selma Arruda. O interrogatório durou cerca de duras horas e ocorreu no Fórum da Capital.

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A ocasião refere-se às ações oriundas da “Operação Arca de Noé”, que investigou e denunciou uma organização criminosa supostamente chefiada por Arcanjo. Riva foi arrolado aos autos por, conforme o Ministério Público, lavagem de dinheiro na “casa de Leis". Segundo os autos, as factorings de Arcanjo eram usadas para desviar recursos públicos.

A ação contra José Riva foi protocolizada em setembro de 2013. Inicialmente o processo tramitava no Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Após a queda da prerrogativa de foro, os autos foram encaminhados á Sétima Vara Criminal.

Confira o resumo da audiência:

O interrogatório se iniciou às 15h05. O ex-deputado passou a ser interrogado, de uma única vez, por todas as acusações referentes a supostos usos de empresas fantasmas para desvio na AL,devido a semelhança das acusações.

Riva argumenta que não sabia das condições de cada empresa que prestava serviço a AL. Revela que “ficou sabendo” que se tratava de empresa de fachada quando “estourou” a operação. Com relação aos supostos saques em caixa por funcionários (Segundo o MP este era o método para desvios), o político argumenta que os saques só poderiam ser realizados pela empresa ou mediante procuração.

Riva diz que não tinha a “mínima condição de controlar o processo licitatório”, que havia uma comissão somente para executar esse acompanhamento. Sobre supostos cheques nominais, ele afirma que não constatou nenhum cheque nominal que não tivesse sido feito por ele mesmo.

Sobre o fato de cheques pararem na Confiança Factoring, ele revela: “Todo mundo sabia, a imprensa sabia, a forma truculenta com que a Confiança factoring fazia as cobranças”.

O ex-parlamentar afirma que já viu casos de pessoas apanhando para que executarem pagamentos. Ele apelou reiterando que nunca deixou de atender aos requerimentos do MPE. Também, que nunca houve falta de material na AL durante sua gestão e que nunca recebera reclamações.

Sobre o envolvimento de Humberto Bosaipo no suposto esquema, Riva diz não ter condições de assegurar qual a participação de Bosaipo. Ele diz que gostaria que isso fosse esclarecido. “Uma grande maioria dos senhores deputados iam à Factoring para fazer operações, eu também fiz”, afirmou.

O MPE passou a perguntar às 15h33. Questionando sobre as notas promissórias. Riva diz que as dívidas eram dos fornecedores e que eles exigiam que promissórias fossem assinadas. “ Todo mundo sabe a forma truculenta com que o seu João Arcanjo recebia contas. A partir do momento que João Arcanjo apontava ‘ó, esse aqui me deve’ você passava a correr sérios riscos, inclusive pessoal”.

Sobre o motivo do vínculo pessoal de Riva e Bosaipo ao ponto de assumirem em conjunto dívidas da casa. Ele revela que o fez por “pressão”. Por sofrer “pressões”. O MPE ironiza questionando se Riva "assumira dívida" por altruísmo. Riva nega que seja "assumir a dívida", e reitera a tese de que foi um calção.

Riva explica que naquela época haviam mais de 100 fornecedores de bens à AL. Portanto, diz que não tem condições de lembrar quais eram as empresas que se incluem na lista de envolvimento com Factoring. “Eu cheguei a pensar em renunciar na época”, revela.

Sobre a presidência da casa. “Era muito comum os afogamentos de credores. Vamos falar a verdade!”. “Tomar cheques dentro da AL, isso era muito comum”. E ainda reforça. “As pessoas têm medo de falar, mas a verdade tem que ser dita”.

“Aquela época da AL foi muito difícil, havia milhares de cheques da AL na rua”. E garante: “Eu não roubei”, mas lamenta… “infelizmente algumas situações foram feitas de forma indevidas, alguns funcionários não tiveram o devido cuidado”. Perguntado se não estranhava que todas as supostas empresas de fachada tivessem saído de dentro do escritório de Quirino. Riva diz que não sabia, que infelizmente não tinha como ter controle de tudo e que precisava confiar nas pessoas. Mas puxa no pé da promotoria ao lembrar que um dos tais fornecedores também serviram à procuradora geral do MPE.

Perguntado se não estranhava que todas as supostas empresas de fachada tivessem saído de dentro do escritório de Quirino. Riva diz que não sabia, que infelizmente não tinha como ter controle de tudo e que precisava confiar nas pessoas. Mas puxa no pé da promotoria ao lembrar que um dos tais fornecedores também serviram à procuradora geral do MPE. Às 16h00, perguntado porque determinados funcionários iam ao Banco do Brasil para descontar cheques de fornecedores, Riva diz não saber. Apenas soube que eles sacavam cheques depois da denúncia.

A defesa de Riva toma a palavra. Quem faz as perguntas é o advogado Rodrigo de Bittencourt Mudrovitsch.

Sobre os supostos superfaturamentos e desvios, Riva argumenta. "Não havia como desfiar estes valores sem a Assembléia parar de funcionar". Isto é, os tais valores teriam "afundado" as contas da casa. Que já vivia em uma profunda crise financeira, com dívidas que se arrastavam, revela o réu.

Não há nenhum fato na operação arca de noė que demonstre enriquecimento ilícito pelo senhor? "De jeito nenhum, nenhuma hipótese". Riva responde à seu advogado.

À defesa explica que havia muito procedimento na casa, Riva revela que já chegou a assinar mais de 3.500 cheques em um único mês.

O interrogatório foi encerrado às 16h22.

Riva avalia sua defesa na tarde de hoje: 
 



Rodrigo Mudrovitsch, advogado de Riva resume defesa do réu:

 
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