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Sábado, 04 de maio de 2024

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Família de dependentes aprova audiências coletivas

“Meu filho infelizmente é usuário de drogas e dependente da bebida, há anos luto para tirá-lo desse mundo. O apoio que estamos recebendo aqui é muito bom”, destaca a aposentada M. F., 67 anos, ao participar da sexta audiência coletiva realizada pelo Juizado Especial Criminal Unificado (Jecrim) de Cuiabá, para atender pessoas que respondem a processos por envolvimento com drogas (porte ou consumo).

Ao todo, 84 pessoas foram intimadas para comparecer a audiência, realizada na sexta-feira (13 de dezembro) no Jecrim. Deste total, 25 compareceram, todos devidamente acompanhados de um familiar.

Desde que começou a realizar as audiências, no mês de outubro, a juíza titular do Jecrim, Ana Cristina Silva Mendes, vem convocando os familiares para acompanharem o intimado durante as audiências.

“O dependente é muito resistente, na maioria das vezes não aceita o tratamento e omite a verdade. Os familiares, principalmente pai e mãe, são fundamentais para que o tratamento tenha resultados, pois eles cobram, acompanham e falam a verdade, contam o que de fato está acontecendo com o dependente”, destaca a juíza.

Conforme ela, muitos pais vão até o Jecrim voluntariamente pedir socorro para retirar o filho ou a filha do mundo das drogas. “Nosso trabalho aqui vai muito além da lei, pois nós acreditamos na Justiça Terapêutica. Se conseguirmos resgatar um jovem desse mundo, já vai ter valido a pena, pois uma vida vale mais que tudo neste mundo”, defende a magistrada.

Durante a audiência foi exibido um vídeo mostrando os malefícios das drogas, histórias de dependentes que estão no fundo do poço e de ex-dependentes químicos que conseguiram vencer o vício e hoje tentam retomar a vida.

“Fiquei emocionada com o vídeo e com as palavras da juíza. Eu sinceramente fiquei surpresa quando recebi a intimação em casa para acompanhar meu filho, nunca imaginei que ele estivesse envolvido com drogas. Estou arrasada, mas quero muito ajudá-lo”, afirmou a dona de casa M.E.D., 57 anos, mãe de um rapaz de 26 anos.

A magistrada destacou que o número de pessoas que tem comparecido às audiências mostra que este é o caminho. “É muito bom ver a gratidão, a felicidade de um pai ou uma mãe que procurou a Justiça e recebeu o apoio que precisava. Eles são gratos por alguém ter se importado com o filho deles e isso é muito gratificante. Para este ano meu sentimento é de dever cumprido. Para o ano que vem a meta é alcançar um número maior de pessoas”.

O Juizado tem buscado o apoio de unidades terapêuticas que atuam no tratamento de dependentes e já possui algumas vagas à disposição. Se for do interesse da pessoa, ela pode ser uma das beneficiadas e receber tratamento nessas clínicas parceiras, sem ter que pagar nenhum valor por isso. Muitos também têm sido encaminhados para grupos de apoio, como Alcoólicos e Narcóticos Anônimos.


As audiências realizadas pelo Jecrim estão de acordo com a Lei nº 11.343, mais conhecida como Lei Antitóxicos ou Lei de Drogas, que estabelece que os usuários sejam submetidos a medidas educativas. Para a juíza Ana Cristina, ações como essas podem auxiliar a reduzir a criminalidade e a violência urbana.
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