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Procuradores alertam pais sobre aumento de casos de automutilação de adolescentes

Da Redação - Vinicius Mendes

O procurador-geral de Justiça de Mato Grosso, José Antônio Borges, e o procurador Paulo Prado, da Procuradoria Especializada em Defesa da Criança e Adolescente de Mato Grosso, disseram que uma das preocupações do Ministério Público na proteção de crianças e adolescentes tem sido os casos de automutilação. Além dos outros tipos de violência sofridas por crianças e adolescentes, nos últimos anos houve um aumento nos casos de automutilação, principalmente por meninas.
 
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O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) promoveu na última semana o "I Encontro Estadual de Educação do Ministério Público de Mato Grosso: a prevenção do bullying, do suicídio e da violência escolar".
 
A proposta foi de discutir temas envolvendo estudantes e que trazem uma grande preocupação como, por exemplo, o bullying no ambiente escolar. Para além disso, um dado que chocou o MPMT foi o do número de casos de automutilação.
 
“Os promotores de Justiça registraram nestes dos últimos anos um aumento exagerado de bullying, violência com arma de fogo e agressão na sala de aula. Com as meninas registraram muitos casos de automutilação, principalmente as adolescentes, e nós queremos enfrentar este problema, sem bulas, sem propostas prontas e acabadas, mas sim ouvindo cada profissional que lida com esta questão, tanto na prática quanto na pesquisa, e construir caminhos, fortalecendo a rede de educação e de proteção, as escolas precisam ser ambientes seguros”, disse o procurador Paulo Prado.
 
O procurador-geral de Justiça José Antônio Borges afirmou que trabalhou muitos anos com casos de violência contra crianças e adolescentes. Ele também disse que viu um aumento no número de casos de automutilação, principalmente por parte das meninas.
 
“Nas promotorias nós recebemos estas situações de bullying, recebemos também de automutilação, que é uma coisa que vem crescendo ano a ano, principalmente de meninas adolescentes, e a situação de suicídio também ocorre nesta idade. Isso é uma falha do sistema de proteção, começando pela própria família, que é o primeiro lugar onde a criança ou adolescente deve ser protegido, e depois os serviços públicos e escolas, na hora do acolhimento destes adolescentes”.
 
Borges afirmou que estas situações estão ligadas à saúde mental, uma maneira que as adolescentes encontram para expressar sua dor, e que é um problema no Brasil o oferecimento pela rede pública de tratamentos psiquiátricos, em decorrência do baixo números de psiquiatras no Sistema Único de Saúde.
 
“Eu fiquei 20 anos na Promotoria da Infância e Adolescência de Cuiabá, e vivi situações deste nível, toda semana o Conselho Tutelar traz casos, principalmente de meninas, na automutilação. É a forma que as meninas têm de se expressar, a dor da alma, se automutilando, e é uma situação muito grave. Tiveram alguns casos tristes que passaram na minha mão, em que nós falhamos enquanto Estado, e houve suicídios, isso é de uma tristeza enorme, você saber que não conseguiu, por uma falha de todo o sistema em proteger estes jovens neste sentido”.
 
O procurador-geral defende que a rede de proteção deve começar desde o lar, e continuar nas escolas e serviços públicos. No evento o Ministério Público lançou uma carta de compromisso, afirmando que irá se empenhar para encontrar melhores soluções para atender as crianças e adolescentes de Mato Grosso que são vítimas destes tipos de violência.
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