Em vistoria realizada na quinta-feira (22) na Policlínica do bairro Pedra 90 a Defensoria Pública flagrou que a unidade de Saúde estava sem médico para prestar atendimento à dezenas de pessoas que esperam no local. Segundo as informações, último plantonista teria saído às 11h e o próximo só deve comparecer na noite desta sexta-feira (23), fazendo com que pacientes sejam encaminhados ao Pronto-Socorro da Capital.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde, que confirmou a informação e ressaltou que rotineiramente a pasta se mobiliza para suprir a falta de médicos, já que o quadro é insuficiente para cobrir toda a escala. (
Confira aqui a escala de médicos)
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Além da falta de médicos, na unidade de saúde foi verificado a ausência também de medicamentos, inclusive analgésicos e antitérmicos, além de material básico, como gazes, esparadrapos e escalpe, necessário para aplicação de soro.
Segundo defensora pública, Silvia Maria Ferreira, o local apresenta ainda infiltrações nas paredes. Outro ponto observado pela Defensora Pública diz respeito à falta de materiais de higiene, como papel higiênico, sabonete, água sanitária, entre outros.
Caos no Fantástico
O Fantástico desse domingo (25) mostrou o resultado de um estudo inédito para entender o que há de errado na saúde brasileira. Pela primeira vez, o Tribunal de Contas da União examinou a qualidade do atendimento em 116 hospitais públicos, os mais procurados pela população em todo o país.
No Pronto Socorro Municipal de Cuiabá a reportagem encontrou a Dona Alaíde, de 62 anos. Ela tinha no cérebro dois aneurismas - que é quando um vaso sanguíneo incha muito. Ele pode estourar e provocar uma hemorragia. Um deles já tinha se rompido e ela quase não conseguia falar. A paciente faleceu na fila de espera para fazer a cirurgia.
Um médico que preferiu não se identificar fez uma revelação assustadora. A UTI do maior hospital de Cuiabá chega a funcionar sem médicos. “São vários plantões em que não há medico na UTI. É como estar num avião sem piloto”, disse.
A Prefeitura de Cuiabá nega a acusação, mas o repórter Eduardo Faustini teve acesso a oito comunicados internos, dos últimos três meses, avisando a direção do hospital sobre períodos em que a UTI ficou sem médico algum.
Aumento no atendimento
O secretário de Saúde de Cuiabá, Werley Peres, apresentou o balanço quadrimestral financeiro e de atendimentos da Pasta, durante audiência pública na Câmara de Vereadores. Ele destacou que, mesmo com redução no número de médicos nas policlínicas e Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Morada do Ouro, as consultas e atendimentos não foram prejudicados.
“Pelo contrário, houve um aumento no número de atendimentos nessas unidades, em relação ao primeiro trimestre de 2013. De janeiro a março do ano passado, foram realizados 86 mil atendimentos, enquanto no mesmo período deste ano ultrapassamos 117 mil, o que representa um aumento de 26%”, disse Peres.
Peres reforçou a necessidade de ampliação no número de leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), que atualmente são em um total de 2.211, entre leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) e particulares. Peres falou também da realização de processo seletivo para agentes de saúde.