A Agri Brazil, detentora dos direitos administrativos sobre 60% dos ativos do Grupo Safras, foi notificada nesta quintafeira (30) pelo interventor judicial Emmanoel Alexandre Oliveira sobre a revogação dos poderes anteriormente outorgados para representação das empresas intervindas nas ações trabalhistas em curso. Com a decisão, os empregados do grupo com dívidas de R$ 2,2 bilhões que estavam em negociação para receber seus direitos de forma direta e célere podem enfrentar ainda mais atrasos no processo de quitação.
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Desde o início de sua atuação, a Agri Brazil tem reiterado que não há necessidade de continuidade do processo de recuperação judicial, uma vez que foi constatada a viabilidade econômica e administrativa para retomada das operações e pagamento dos credores — priorizando trabalhadores, micro e pequenas empresas e tributos públicos.
Apesar disso, após a suspensão da recuperação judicial e o afastamento dos antigos gestores por suspeitas de fraudes, ocultação de patrimônio e desmembramento irregular de ativos, a Justiça nomeou um interventor sem consulta ou participação da Agri Brazil, responsável por parte majoritária das empresas.
É importante ressaltar que os antigos gestores afastados judicialmente não integram o quadro societário ou administrativo da Agri Brazil. Nos bastidores, diversos fatores levantam dúvidas sobre a credibilidade da intervenção: a ligação do advogado nomeado com antigos gestores do Grupo Safras, que foi fundado pelo exprefeito de Sorriso, Dilceu Rossato (PL); a ausência de contrato formal e de aprovação judicial sobre os custos do trabalho; e até a participação extrajudicial de credores nas apurações conduzidas pelo interventor.
Essas irregularidades colocam em xeque a transparência do processo e ameaçam a sustentabilidade financeira das empresas, além de comprometer a responsabilidade social do grupo — especialmente no que diz respeito ao cumprimento de obrigações trabalhistas.
O Grupo Safras, fundado em 2010, chegou a protocolar pedido de recuperação judicial em abril deste ano, alegando dívidas de aproximadamente R$ 2,2 bilhões. O processo foi suspenso pela Justiça após surgirem indícios de irregularidades na gestão.
Desde então, a disputa pelo controle administrativo e pela reestruturação das empresas tem gerado incerteza e impacto direto sobre trabalhadores, fornecedores e produtores rurais em Mato Grosso.