A presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso (OAB-MT) Gisela Cardoso repudiou a postura do deputado federal José Medeiros (PL), que protagonizou um bate-boca com a advogada Izabella Hernandez Borges durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, nesta quinta-feira (23).
Com apenas um projeto aprovado em 7 anos de mandato, Medeiros a chamou de “advogada de porta de cadeia”.
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Após a veiculação da discussão em rede nacional, Gisela Cardoso saiu em defesa das prerrogativas da advocacia e desprezou a fala do liberal, que segundo ela, extrapolou sua atividade parlamentar ao ofender uma advogada no exercício da sua profissão, inclusive tentando criminalizar toda a classe.
“Extrapolando a sua atividade parlamentar, ofende uma advogada no exercício da profissão etenta criminalizar a advocacia utilizando expressões de cunho pejorativo. Tão importante quanto o exercício do mandato parlamentar é o exercício da ampla defesa e do contraditório, garantidos constitucionalmente sendo pilares do Estado democrático de direito e que possuem como agentes guardiões as advogadas e os advogados. A OAB Mato Grosso vem atuando firme contra as violações de prerrogativas e desrespeito aos profissionais da advocacia”, afirmou Gisela.
A presidente acrescentou ainda que, junto ao presidente da OAB Beto Simonetti, o Colégio de Presidentes Seccionais e o Conselho Federal, adotará medidas competentes contra Medeiros, como forma de exigir respeito à classe.
Na discussão, Izabella estava acompanhando sua cliente, a empresária e médica Thaisa Hoffmann Jonasson, esposa do ex-procurador-geral do INSS Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, que foi chamada para participar da CMPI, mas preferiu ficar em silêncio.
Durante a sua fala, Medeiros usou de ironia ao citar que a obra de Monteiro Lobato, a Banânia, tinha cavaleiros vermelhos que governaram por mais de 18 anos o país e passaram a saqueá-lo de todas as formas.
Ele continuou dizendo que em determinado momento foi aberta uma CPI no Congresso e todos que foram convocados para esclarecer os esquemas, no entanto, instruídos pelos advogados “padrão de porta de cadeia” ficavam em silêncio.
A fala irritou a advogada, que interrompeu o discurso do deputado e cobrou do presidente da CPMI, Carlos Viana (Podemos-MG), mais respeito.
“Se o decoro não for respeitado, eu vou abandonar a sala com a minha cliente. Estou sendo destratada nessa sessão desde o início. Cadê a Ordem dos Advogados que não comparece nessa sessão?”, questionou. “Advogado de quadrilha não vai rebaixar o meu mandato”, provocou Medeiros.
Em seguida, começaram uma discussão que foi controlada pelo presidente da comissão que pediu ao deputado mais tranquilidade e mais “urbanidade” em seu pronunciamento.
No entanto, José Medeiros ignorou o pedido e continuou provocando a advogada. “Não citei ninguém e eu estava falando de Banânia. Então, eu vou continuar com esse país fictício, onde usar advogado de porta de cadeia...”. Ele foi interrompido novamente por Izabella que ameaçou deixar a CPMI com sua cliente se não houvesse respeito.
Um novo embate começou, mas foi controlado por Carlos Viana que, inclusive, deu uma nova oportunidade a Medeiros que, novamente, provocou. “Então, por isso que eu digo, presidente, que lá em Banânia está bagunçado. A CPI, se o presidente não tomar conta, vai ser a CPI dos advogados da porta de cadeia”.