O Ministério Público do Estado (MPE) arquivou Notícia de Fato instaurada para apurar supostas práticas ilícitas por parte do prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), no episódio em que ele disse que a Educação era nível “todes” porque os alunos da rede municipal saberiam “fazer o L” ao invés de “quanto é 4x4”.
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Em despacho assinado nesta segunda-feira (20), a promotora Daniele Crema da Rocha de Souza, da 19ª Promotoria de Justiça da Infância e Juventude da capital, considerou que Abilio apagou o vídeo que continha as declarações infelizes de suas redes sociais e, diante disso, resolveu arquivar o caso.
A fala do prefeito, proferida em agosto, gerou repercussão negativa em âmbito nacional. A partir de então, representação foi enviada pelo deputado Lúdio Cabral (PT) ao Ministério Público, que instaurou a notícia de fato para apuar suposta prática de atos ilícitos.
No dia 14 daquele mês, durante cerimônia de inauguração da reforma da Escola Estadual Alice Fontes Pinheiro, Brunini estava acompanhado da sua equipe quando abordou os estudantes que, no local, teriam feito gestos simbólicos de apoio ao atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o famoso “faz o L”.
Abilio então os interpelou sobre operações matemáticas básicas como tabuada e, diante da resposta incorreta de alguns alunos, proferiu: “enquanto o pessoal ficar sabendo fazer o L e não saber 4x4, não chegam à faculdade e, quando chega não passa de lá”.
Consta, ainda, que o conteúdo havia sido gravado e publicado nas redes sociais do prefeito, acompanhado da seguinte legenda: "Sabe fazer o L, mas não sabe quanto é 4x4... Aí é difícil. Educação nível 'todes'".
A repercussão do post gerou diversos comentários, sendo a maioria deles ofensivos, depreciativos e discriminatórios contra os alunos, incluindo expressões como “burros”, “comedores de capim”, “macacos”, dentre outros.
A promotoria, então, expediu ofício a Brunini com objetivo de que fossem prestadas informações em relação aos fatos, bem como para que fossem removidos os respectivos conteúdos de suas redes sociais, a fim de preservar as imagens de crianças e adolescentes envolvidos.
Em 16 de outubro, então, Brunini prestou os devidos esclarecimentos e, além de apresentar as justificativas pela repercussão midiática em questão, garantiu que apagou o conteúdo das redes sociais.
Com a remoção, a promotora entendeu que não mais persistiriam as possíveis situações irregulares e resolveu pelo arquivamento. Contudo, Daniele Crema asseverou que eventual apuração dos fatos em âmbito criminal prossegue em procedimento instaurado no âmbito da Procuradoria-Geral de Justiça.