A juíza Alethea Santos, da 7ª Vara Criminal, condenou 14 alvos da Operação Mercatore, deflagrada em 2015 contra quadrilha responsável por 90% dos roubos em Cuiabá à época. Em sentença proferida nesta terça-feira (24), a magistrada aplicou penas que, somadas, chegam aos 89 de reclusão pelos crimes de organização criminosa, falsidade ideológica, estelionato e lavagem de dinheiro.
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Acusado de liderar o grupo, composto por policiais, advogados e criminosos contumazes, João dos Santos Filho, vulgo “Tom”, foi condenado a 10 anos no regime fechado. Seu comparsa Odair Coelho Vas recebeu a mesma pena, no mesmo regime.
Também foram sentenciados Luiz Carlos da Silva (6 anos no semiaberto), Andrea Cristina Santos (7 anos no semiaberto), Fábio José Prado Gomes (7 anos no semiaberto), Felipe Figueredo Santos (8 anos regime fechado), Bruna dos Santos Souza (7 anos no semiaberto), Camila Figueiredo Santos (7 anos no semiaberto), Ivan Fortes de Barros (5 anos no semiaberto), Florival Dantas Neto, vulgo Neto (5 anos no fechado), Marcel Souza Abe, “Japão” (4 anos semiaberto), Weliton da Costa Souza, o “Quati” (4 anos no semiaberto), Anderson Marcelo da Silva (seis anos no fechado), Augusto Ribeiro Amorin (1 ano no aberto).
Todos eles poderão recorrer em liberdade, uma vez que não colocam em risco o processo, ou ostentem qualquer outro requisito apto a culminar na prisão preventiva.
Mercatore
Em dezembro de 2015, a quadrilha foi desarticulada durante a operação Mercatore. No grupo, tinha a participação de um policial civil, advogado, servidores públicos e uma bancária. As investigações da Delegacia de Roubos e Furtos (Derf) apontam que a organização foi responsável por 90% dos roubos em Cuiabá. Em apenas dois meses, a movimentação foi de R$ 1,7 milhão.
A organização atuava no Shopping Popular de Cuiabá, onde os produtos roubados eram vendidos: “A base territorial da quadrilha era o Shopping Popular de Cuiabá. Eles conseguiam movimentar grande capital, escondendo a verdadeira natureza. Ali não funcionava só o box. Eram grandes empresários do crime, pelo valor, obvio que eles não eram vendedores de muamba”, comentou a delegada responsável.
“Além de manter uma loja que comercializava os produtos ilícitos no Shopping Popular, também mantinham uma oficina no local. Ali foram apreendidos cerca de 80 selos, que eram usados para alterar a característica dos objetos subtraídos. Eles receptavam as cargas de objetos furtados e roubados (notebooks, celulares) e faziam parecer lícitos”, pontuou a responsável pela investigação.
As investigações apontaram que a organização é responsável por 90% dos roubos na capital mato-grossense. Entre os 20 integrantes da quadrilha, estão servidores públicos, uma bancária, um advogado e um policial civil, que atua na 2ª Delegacia de Polícia (DP). O ‘chefão’, que era tratado como ‘Pai’ (por conta da novela ‘A Regra do Jogo’), também foi preso. Ele foi identificado como João dos Santos Filho. Segundo consta, ele já foi condenado pela vara do crime organizado e estava solto.
As investigações tiveram início com a ocorrência de um roubo a um restaurante. Os soldados do crime fizeram um arrastão, na avenida Carmindo de Campos, onde os notebooks subtraídos neste roubo foram localizados nas lojas da organização. Também foi informado que os roubos que aconteceram em quiosques e lojas de vários shoppings da capital também fazem são atribuídos à organização.
Mercatore - vem do Italiano e significa comerciante, mercancia, aquele que media e age como intercessor, traficante.
