A desembargadora Christiane da Costa Marques Neves, do Tribunal de Justiça (TJMT), revogou a liberdade concedida a Joadir Alves Gonçalves, conhecido como "Jogador", e determinou a retomada de sua prisão preventiva. A decisão foi proferida nesta sexta-feira (13), em resposta a pedido do Ministério Público do Estado (MPMT), no âmbito do agravo regimental interposto contra liminar que havia soltado o réu.
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Joadir é apontado pela Polícia Federal como uma das principais lideranças do Comando Vermelho em Mato Grosso e figura como um dos alvos centrais da Operação Ragnatela. A ofensiva, deflagrada em junho de 2024, investiga crimes de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e corrupção relacionados à atuação da facção em casas noturnas de Cuiabá, como o Dallas Bar e o Strike Pub.
A liminar que havia garantido sua soltura foi concedida sob o argumento de excesso de prazo na ação penal, que tramita desde 2022 e já se encontra na fase de alegações finais. O advogado de defesa sustentava que Joadir estava preso há mais de um ano sem perspectiva de julgamento. No entanto, a desembargadora considerou que não houve ilegalidade, uma vez que o processo envolve 14 réus, alguns defendidos pela Defensoria Pública, o que justificaria a morosidade.
Segundo a magistrada, o prolongamento da instrução criminal está amparado pela complexidade do caso, pela pluralidade de réus e pelas diligências solicitadas no decorrer do processo. A desembargadora também apontou que a liminar havia sido concedida de forma isolada, contrariando decisão anterior da Terceira Câmara Criminal, que rejeitara pedido similar em maio deste ano.
Na decisão, Marques Neves determinou o imediato restabelecimento da prisão preventiva de Joadir e a expedição de novo mandado de prisão, acolhendo os argumentos do Ministério Público de que não houve fato novo que justificasse a libertação. A magistrada destacou, ainda, que o réu teve sua regressão ao regime fechado decretada em outro processo de execução penal, após unificação de penas que ultrapassam 70 anos de reclusão.
Durante as investigações da Ragnatela, a Polícia Federal identificou um esquema de lavagem de dinheiro por meio da realização de shows e festas promovidas por casas noturnas ligadas ao grupo criminoso. Também foram descobertas ordens para impedir a contratação de artistas por outras organizações e a entrada de celulares em presídios para facilitar a comunicação entre membros do grupo.
Joadir Alves Gonçalves e outros 13 réus respondem por crimes como organização criminosa, lavagem de capitais, corrupção ativa e passiva. A decisão judicial marca uma reviravolta no caso e reforça o entendimento da Justiça de que o trâmite processual segue regular, mesmo diante da sua complexidade