O ministro Herman Benjamin, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), manteve a prisão preventiva do “tesoureiro-geral” do Comando Vermelho em Mato Grosso, Paulo Witer Farias, no âmbito da Operação Fair Play, deflagrada contra esquema de tráfico e lavagem de dinheiro liderado por ‘WT’, como ele é batizado na facção. Em ordem publicada nesta terça-feira (10), o ministro negou habeas corpus que buscava sua liberdade provisória em ação que ele é acusado de comprar um apartamento de luxo com dinheiro vivo em Santa Catarina.
Leia mais:
Processo por fraudes milionária na Seduc é remetido ao TJMT por envolvimento de ex-secretário
Defesa de WT apelou no Superior contra negativa, em liminar, proferida pelo Tribunal de Justiça, que o manteve preso. Detido desde meados de 2024, teve o cárcere cautelar mantido em novembro passado e, desde então, tenta sair da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá – mas sem sucesso.
Ao STJ, alegou que possui predicados favoráveis e que a manutenção ocorreu amparada em mera gravidade do delito de organização criminosa, bem como que a denúncia não individualizou minimamente a sua suposta atuação na aquisição do imóvel. Defendeu que medidas cautelares seriam suficientes e adequadas para o momento processual.
Examinando o pedido, porém, o presidente do STJ, Herman Benjamin, decidiu negá-lo, anotando que as instâncias inferiores não esgotaram os exames de outros pedidos feitos por WT com o mesmo objetivo. Diante disso, indeferiu liminarmente o habeas corpus, mantendo a prisão do faccionado.
A Fair Play é um desdobramento da Operação Apito Final, e foi deflagrada em novembro passado para desarticular esquema de lavagem milionário, liderado por WT, usando para tal objetivo a aquisição de um apartamento de R$ 1 milhão em Balneário Camboriú.
Além de Paulo Witer Faria Paelo, 38 anos, outros alvos da Apito Final também são investigados pela GCCO na operação atual, entre eles um advogado que continuou a atuar como "laranja" do líder criminoso.
Também entre os alvos da Fair Play está um ex-assessor da Câmara de Vereadores de Cuiabá, investigado anteriormente em outra operação contra o crime organizado em Mato Grosso. Elzyo Jardel Xavier Pires, de 40 anos, tem extensa ficha criminal. Ele respondeu a inquérito pela GCCO por delitos relacionados a instituições bancárias e em outros estados do País.
Elzyo Jardel Xavier Pires foi identificado como a pessoa que adquiriu como ‘laranja’ o apartamento na cidade de Itapema, em outubro de 2023, para o investigado Paulo Witer, que usufruiu do imóvel em diversas viagens ao litoral catarinense acompanhado de comparsas. A investigação apurou que o apartamento, em um condomínio de classe média, foi comprado com recursos provenientes do tráfico de drogas e para lavar dinheiro da organização criminosa.
Para pagar o imóvel, os investigados usaram uma tática conhecida como ‘smurfing’, que consiste em fracionar pagamentos bancários em valores menores a fim de despistar a fiscalização do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF).
O advogado, Jonas Candido da Silva, 35 anos, foi a pessoa designada pelo tesoureiro da organização criminosa para olhar o imóvel, verificar a documentação e autorizar a compra do apartamento.