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Segunda-feira, 23 de junho de 2025

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HESITOU NUM PRIMEIRO MOMENTO

Empresária confessa que mandou assassinar Nery após marido reclamar que ele "tomou suas terras"

Foto: Reprodução

Empresária confessa que mandou assassinar Nery após marido reclamar que ele
Em depoimento prestado no curso das investigações sobre o assassinato do advogado Renato Nery, a empresária e produtora rural Julinere Goulart Bastos confessou que ela e o marido, Cesar Jorge Sechi, atuaram como mandantes do crime, ocorrido em julho de 2024, em Cuiabá. Segundo Julinere, o marido manifestava com frequência intenção de matar o advogado, motivado pela perda de uma propriedade rural que o casal atribuía a Renato.


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A empresária contou que Cesar chegava constantemente em casa embriagado, dizendo que o advogado “teria tomado suas terras” e que precisava ser morto. Ao ser questionada sobre os motivos do crime, Julinere respondeu que sentia raiva de Renato e o culpava pela perda da fazenda. No entanto, ela afirmou que, apesar de ter dado a ordem ao policial militar Jackson Pereira Barbosa para matar o advogado, teria recuado da decisão.

Durante o depoimento, visivelmente abalada e em prantos, Julinere disse ainda que era alvo de extorsão por parte de Jackson, a quem descreveu como perigoso e ligado a diversos homicídios. Afirmou que tinha medo de morrer caso contasse tudo o que sabia. Além de Jackson, a empresária declarou ter sido extorquida em R$ 400 mil por Fabiano Sechi, sobrinho de seu marido. Ela não conseguiu explicar os detalhes da situação, alegando estar emocionalmente abalada.

Julinere também mencionou os nomes de Roberto Zanoni e Valdeci como possíveis autores intelectuais do homicídio, embora tenha afirmado não conhecer com precisão a participação deles ou de outros envolvidos. No decorrer do depoimento, recebeu uma ligação de seu advogado e passou a não responder mais às perguntas. Afirmou que contaria tudo na delegacia, o que não se concretizou: permaneceu em silêncio durante o interrogatório formal.

A juíza responsável por autorizar a última fase da Operação que investiga o crime destacou que Julinere só teria sido alvo de extorsão por policiais se, de fato, tivesse algum envolvimento no crime, circunstância que ainda será apurada. A autoridade policial também confirmou a existência de um bilhete de cobrança relacionado ao suposto pagamento pela execução do advogado, endereçado a Cesar Sechi.

Prisão e contexto do crime

Julinere e Cesar Sechi, moradores de Primavera do Leste, foram presos no dia 9 de maio, durante nova fase da investigação conduzida pela Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A operação é um desdobramento da “Office Crime – O Elo”, deflagrada em abril. A juíza Edna Coutinho, do Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá, prorrogou a prisão temporária do casal. O processo corre sob sigilo.

As investigações apontam que o casal contratou intermediários para repassar a arma do crime aos executores. De acordo com a Polícia Civil, Julinere e Cesar são os mandantes do homicídio, motivado por uma disputa de cerca de 800 hectares de terras avaliadas em mais de R$ 40 milhões, localizadas em Novo São Joaquim (MT).

A disputa judicial pela posse da Fazenda Atlântida se estendia havia anos. O casal acusava Renato Nery de falsificar documentos para obter, de forma fraudulenta, a posse da área. Em contrapartida, Nery também moveu ação contra os Sechi, questionando a legalidade das escrituras atribuídas ao espólio de Dorvalino Sechi. Em setembro de 2024, após o assassinato, foi firmado um acordo judicial reconhecendo a posse da terra em nome de Nery.

O assassinato ocorreu em 5 de julho de 2023, em frente ao escritório de Renato Nery, em Cuiabá. Ele foi alvejado por disparos de arma de fogo e morreu horas depois no hospital. A arma utilizada foi uma pistola Glock G17, adaptada para tiro automático, fornecida por um policial militar da inteligência da Rotam, segundo apurado pela polícia.

No decorrer das investigações, o policial militar Heron Teixeira confessou envolvimento no homicídio e declarou que o pagamento pelo crime foi dividido com um caseiro. A quantia acordada teria sido de R$ 200 mil, mas apenas R$ 150 mil teriam sido pagos até o momento.

A Polícia Civil segue na fase final da investigação, reunindo provas técnicas e testemunhais para o encerramento do inquérito e eventual denúncia formal dos envolvidos.
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