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Segunda-feira, 16 de junho de 2025

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AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO ELEITORAL

Testemunha afirma que foi ameaçado por ex-vereadora e que mentiu contra prefeito de Chapada

Foto: Reprodução

Froner e Fabiana

Froner e Fabiana

Uma testemunha identificada apenas como R. mudou seu depoimento e afirmou à Justiça Eleitoral na última sexta-feira (16) que foi ameaçado pela ex-vereadora Fabiana Nascimento (PSDB), na ação que ela ajuizou pedindo a cassação do prefeito de Chapada dos Guimarães, Osmar Froner (União), do seu vice, Carlinhos (PSD) e do vereador Gilberto Mello (PL).


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Em seu novo depoimento, ele afirmou que foi coagido por Fabiana a assinar documentos e prestar declarações falsas contra Froner e integrantes de sua campanha.

R. afirmou que, inicialmente, concordou em ajudar Fabiana por estar enfrentando dificuldades financeiras, uma vez que ela o teria oferecido R$ 20 mil e um cargo caso fosse eleita prefeita. No entanto, ao perceber que as declarações atribuídas a ele foram manipuladas e utilizadas para acusar falsamente o prefeito e outros membros da gestão municipal, decidiu mudar sua versão e relatar os fatos à Justiça. Segundo ele, as ameaças começaram após sua recusa em continuar colaborando com Fabiana.

“Ela começou a me colocar medo, falando que o pessoal de Chapada tinha feito uma reunião e mandado ir atrás de mim… que iam me oferecer alguma coisa, algum valor, para eu virar pro lado deles, e depois iam me eliminar”, disse, acrescentando ainda que chegou a se esconder e tirar a mãe de casa por medo de represálias. “Minha vida virou de pernas pro ar… Hoje eu estou escondido, com medo, sem saber o que fazer”.
 
Ele informou que foi levado a um escritório em Cuiabá, onde assinou documentos sob orientação do advogado de Fabiana, e que entregou o celular à secretária e respondeu a perguntas formuladas por ela e o jurista. Depois, segundo ele, assinou por aplicativo um documento enviado por um cartório, sem saber do que se tratava.

“Ela me garantiu que ia me ajudar, porque eu estava passando por uma situação bem complicada. […] Eu me arrependo amargamente de ter feito isso… se eu pudesse voltar atrás, eu voltaria”, completou.

A irmã da testemunha também prestou depoimento e confirmou a versão. Segundo ela, Fabiana passou a ligar insistentemente, inclusive com ameaças, para que ele prestasse depoimento em Cuiabá. “Ela ligava todos os dias e chegou a ligar dez vezes em um único dia. Dizia que, se meu irmão não aparecesse, ele seria preso ou até morto”, declarou.

A irmã também contou que Fabiana o monitorava e o impedia de conversar com qualquer pessoa ligada à gestão municipal. Disse ainda que, ao ser confrontada sobre o dinheiro prometido, Fabiana teria afirmado que o pagamento só seria feito após ele depor a seu favor.

De acordo com o relato, o episódio central ocorreu em novembro de 2024, quando R. assinou, via aplicativo, um documento encaminhado por um cartório enquanto estava em um posto de combustível, após sair do escritório do advogado de Fabiana. Ele não sabia do conteúdo do documento, que posteriormente foi utilizado como parte da prova na ação judicial movida por ela contra o prefeito Froner.

Em seu relato ao Juiz Eleitoral, disse que era apenas voluntário na campanha da chapa majoritária de Osmar e Carlinhos, bem como na de Gilberto Mello, e que nunca viu, presenciou ou soube de qualquer irregularidade que pudesse comprometer a lisura das eleições.  A partir disso, haverá apuração, pelas instâncias competentes, das condutas da ex-vereadora.

O caso está sendo analisado na Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), que corre na Justiça Eleitoral e pode levar à cassação do mandato do prefeito Osmar Froner. A ação é movida por Fabiana Nascimento, que alega ter havido um esquema de compra de votos e Caixa 2 com pagamentos de R$ 1.000,00 por família durante a campanha eleitoral. A ex-vereadora também sustenta que Guilherme Henrique de Oliveira Costa, atual diretor do SAAE, teria sido nomeado como recompensa por participar do suposto esquema.

Documentos anexados ao processo incluem transferências bancárias, fichas de eleitores e uma escritura pública em nome de R., que ele agora afirma ter assinado sem saber o conteúdo, a pedido de Fabiana.

O depoimento foi prestado em Chapada na última sexta, durante audiência de instrução e julgamento. O juiz eleitoral Renato Filho negou pedidos para anular a ação, destacando que há indícios que precisam ser esclarecidos com a produção de provas.

A mudança no depoimento e as ameaças relatadas por ele e por sua irmã podem alterar o rumo da investigação e colocar em dúvida as acusações inicialmente apresentadas por Fabiana.
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