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Segunda-feira, 16 de junho de 2025

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SUPOSTA PROPINA

Defesa de Chico 2000 recorre ao TJ contra afastamento: nada ilícito no gabinete e desconhece o dono da empresa

Foto: Reprodução

Defesa de Chico 2000 recorre ao TJ contra afastamento: nada ilícito no gabinete e desconhece o dono da empresa
A defesa do vereador Chico 2000 (PL) ajuizou recurso no Tribunal de Justiça (TJMT) contra a decisão de primeiro piso que ordenou o seu afastamento. Segundo o advogado Alaertt Rodrigues, que representa Chico, não há urgência no seu desligamento da Câmara Municipal de Cuiabá, e que houve excesso na medida. No final de abril, o parlamentar e seu colega Sargento Joelson (PSB) foram alvos da Operação Perfídia, que investiga suposto pagamento de propina feito por uma construtora a eles.


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“O vereador não tem acesso as testemunhas, não conhece o proprietário da empresa. Não encontraram ilícitos na busca e apreensão e no gabinete. Estamos tratando a medida como desproporcional e os excessos devem ser corrigidos pelo Tribunal de Justiça”, afirmou o advogado.

Nesta terça-feira (13), a Câmara de Cuiabá negou instalar uma comissão processante contra Chico, a pedido do advogado Julier Sebastião. O procurador-geral da Câmara de Cuiabá, Eustáquio Neto, afirmou que a representação protocolada não atende aos critérios exigidos para a abertura de uma comissão processante.

O pedido, apresentado pelo advogado Julier Sebastião, tem como base denúncias ligadas à operação “Perfídia”, da Polícia Civil, que investiga suposto esquema de pagamento de propina em contratos públicos. Segundo Eustáquio, o parecer da Procuradoria foi pela rejeição do pedido, por ausência de elementos fundamentais à instauração do processo.

A medida de afastamento, conforme explicou Alaertt, tem respaldo no Código de Processo Penal e prevê o afastamento cautelar por 30 dias, prazo que pode ser prorrogado conforme o andamento das investigações. Ao fim desse período, segundo a decisão judicial, Chico deve retomar automaticamente o exercício do mandato.

Quanto à decisão que autorizou a operação, o advogado informou que já interpôs recurso, cuja linha se baseou na demonstração de colaboração do vereador com as investigações e na contestação das provas apresentadas. O processo, de acordo com ele, está na fase inicial, de coleta de provas, e a defesa atua para garantir que os direitos de Chico sejam respeitados em todas as etapas.
 
A menção ao nome de Chico 2000 na investigação surge a partir de uma conversa interceptada pela polícia, na qual o também vereador Sargento Joelson (PSB) menciona o suposto aval de Chico ao esquema de propina envolvendo a construtora HB20, contratada para obras na Avenida Contorno Leste.

No diálogo, Joelson reclama com João Jorge Catalan, funcionário da empresa que denunciou o caso, sobre a presença de terceiros enviados pela HB20 à Câmara, afirmando que “o presidente Chico um dia participou e deu o aval”.

Rodrigues, por sua vez, afirma que essa fala é insuficiente para incriminar seu cliente. “A defesa contesta essa afirmação destacando a falta de provas concretas que vinculem Chico ao esquema. Serão apresentados testemunhos e documentos que comprovem que o vereador não esteve envolvido na reunião ou que, mesmo caso tenha participado, não houve conivência ou aval para qualquer irregularidade”, afirmou.
 
Sobre a acusação formal, Chico 2000 é investigado por corrupção passiva, sob a alegação de que teria favorecido a tramitação de um projeto de lei em benefício da construtora, em troca de vantagens indevidas. A defesa sustenta que não houve dolo na conduta do vereador e que buscará comprovar sua inocência ao longo do processo.
 
A Operação Perfídia foi deflagrada no dia 29 de abril por ordem da juíza Edna Ederli Coutinho, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo). A ação teve como base documentos entregues pelo ex-deputado federal Abilio Brunini (PL), entre eles prints, comprovantes de transferências bancárias e vídeos que indicariam um esquema de pagamento de propina.

A investigação aponta que R$ 250 mil teriam sido pagos pela HB20 para garantir a aprovação de uma certidão de parcelamento fiscal na Câmara de Cuiabá, o que permitiria à Prefeitura quitar débitos com a empresa e viabilizar pagamentos por obras já executadas. Parte do valor teria sido depositada na conta do empresário José Márcio da Silva Cunha, apontado como intermediário. A outra parte teria sido entregue em espécie ao vereador Joelson.

Como parte das medidas cautelares, a juíza determinou o sequestro de bens dos envolvidos, incluindo imóveis e veículos. No caso de Chico 2000, foram sequestradas duas residências e um Chevrolet Tracker avaliado em R$ 130 mil. Ele e Joelson também tiveram os passaportes retidos e permanecem afastados dos cargos por decisão judicial. A defesa de Chico espera que, ao fim do prazo legal, ele possa reassumir suas funções, respaldado pela falta de provas materiais que justifiquem sua responsabilização.
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