A defesa de Matheus Patrik Felizardo Souza, um dos três homens mortos em confronto com a Força Tática no dia 23 de janeiro, está contestando a versão da polícia e solicitou à Justiça a reabertura das investigações e a realização de uma série de novas providências. O requerimento foi assinado pelo advogado Carlos Naves de Resende no dia 4 de abril.
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O advogado pede a reprodução simulada dos fatos, a ser feita por peritos oficiais com experiência comprovada em locais de morte violenta, balística forense e análise de trajetórias de projéteis. O objetivo, segundo o pedido, é permitir uma visão mais clara dos acontecimentos e verificar a possibilidade de eventual execução ou excesso por parte dos policiais envolvidos na ocorrência.
O documento destaca que os militares usaram pelo menos três tipos de armamento: calibre .300 Blackout, .40 S&W e 9mm. Foram registrados ao menos 29 disparos no local e arredores, sendo que o veículo Hyundai HB20 ocupado pelos suspeitos foi atingido por quatro projéteis. Matheus Patrik, especificamente, foi alvejado por pelo menos oito disparos, provenientes de, no mínimo, duas direções diferentes.
Ainda segundo a defesa, não foram localizadas evidências físicas que comprovem disparos efetuados pelos suspeitos. O laudo de local não identificou estojos, marcas de ricochete ou quaisquer sinais materiais que indiquem confronto armado iniciado ou correspondido pelos mortos. Dessa forma, a ausência de indícios de troca de tiros é apontada como razão para aprofundamento das investigações.
A petição também requer o encaminhamento das armas e munições envolvidas para a Gerência de Balística Forense para confronto balístico, desenho técnico indicando pontos de coleta de vestígios, localização do veículo e posição final da vítima, nova perícia no veículo para traçar os trajetos dos projéteis e identificar possíveis fragmentos ainda incrustados, análise de impressões digitais encontradas na sacola com entorpecentes apreendida no porta-malas e a exumação do corpo de Matheus Patrik para determinação detalhada dos trajetos dos projéteis dentro do corpo.
De acordo com o boletim de ocorrência da Polícia Militar, os três suspeitos mortos — Charles Brito de Souza, Matheus Patrik Felizardo Souza e Thiago Brauno Freitas — teriam resistido à abordagem e atirado contra os policiais após fuga iniciada na BR-364, em Rondonópolis. Um quarto integrante do grupo foi preso. No carro, além de armamento, foram encontrados entorpecentes. O caso segue sob investigação da Polícia Civil.