O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, marcou audiência para inquirir Taíza Tosatt Eleotério Ratola, a “musa dos investimentos”, ré por estelionato, lavagem de dinheiro e esquema de pirâmide. Também serão ouvidos o médico Diego Flores e ao Policial Federal Ricardo Souto Ratolla. Eles são acusados de aplicar golpes milionários em mais de 30 vítimas que, somadas, tiveram prejuízos de quase R$ 5 milhões.
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Em decisão proferida na última sexta-feira (11), o juiz designou audiência de instrução e julgamento para os dias 15 e 16 de maio, ocasião em que as partes, advogados e testemunhas deporão em juízo.
No final do mês passado, Bezerra manteve a “Musa”, o agente da PF e o médico como réus por estelionato, lavagem de dinheiro e esquema de pirâmide.
Na ocasião, as respectivas defesas ajuizaram preliminares após serem denunciados pelo Ministério Público, como ausência de justa causa para a acusação, inépcia formal, pediram absolvição sumária e questionaram o afastamento dos sigilos financeiros, bancários e a quebra da cadeia de custódia da prova. Todos os requerimentos foram rejeitados.
Na denúncia, o promotor Sérgio Silva da Costa destacou o golpe milionário aplicado a uma idosa vítima de Taíza, além das outras 30 que, somadas, tiveram prejuízos superiores aos R$ 4 milhões.
Taíza foi presa em flagrante no dia 1º de novembro de 2024 após a polícia encontrar 15 munições de uso restrito calibre .357 e anabolizantes em sua residência, no âmbito da Operação Cleópatra, que a mirava por supostamente liderar esquema de pirâmide.
Contudo, a gravidade do caso já era intensificada diante das investigações que evidenciaram esquema de pirâmide financeira operado pela empresa TR Investimentos, cuja proprietária é Taiza, que teria causado prejuízo de quase R$ 5 milhões a mais de 30 vítimas em diversos estados.
As vítimas, muitas delas atraídas por promessas de lucro elevado, relataram ter vendido bens e contraído dívidas acreditando na segurança dos investimentos ofertados por Taíza. Uma das maiores perdas foi relatada por uma idosa de 76 anos, que investiu R$ 1.186.250,00 e perdeu todo o valor.
Além disso, há suspeitas de que Taíza ocultou parte de seu patrimônio, incluindo R$ 2 milhões, em uma conta em nome de seu irmão de apenas 13 anos. A mudança de domicílio para Sinop-MT após a exposição pública também foi considerada indicativo de tentativa de fuga.
Dias após ser presa no âmbito da Operação Cleópatra, de 2024, Taíza e seu atual esposo e também alvo da operação, Wander Aguilera Almeida, foram soltos pela juíza Débora Roberta Pain Caldas, a qual condicionou as respectivas liberdades ao cumprimento de medidas cautelares. Dentre as medidas, o monitoramento por tornozeleira eletrônica, a proibição de se ausentarem de Sinop por 10 dias e a proibição do contato com qualquer fornecedor de medicação irregular.
O Ministério destacou que Taíza foi a “mente” por trás do esquema criminoso, que envolveu não apenas seus parceiros denunciados, mas também familiares e amigos, em uma complexa rede de aliciamento. Ela está cumprindo prisão domiciliar enquanto responde às ações penais pelos supostos esquemas.
A empresa utilizada pelos denunciados para operacionalizar os delitos possuía o nome fantasia DT Investimentos e Intermediações e era cadastrada como TR Investimento e Intermediação, tendo como sócios Taiza, seu então esposo, Ricardo Ratola e o médico Diego.
Conforme apurado nas investigações, os denunciados, capitaneado por Taiza, operaram verdadeiro esquema de pirâmide financeira ao captarem recursos de terceiros “investidores” desavisados mediante propaganda das atividades da empresa TR, prometendo rendimentos acima da média do mercado, com juros fixos de acordo com o valor aportado, rendimentos esses que variavam de 3% a 5% do “capital investido”, sem atividade econômica ou financeira que idoneamente desse suporte ao prometido rendimento e mediante operação no mercado financeiro e bolsa de valores sem possuírem habilitação para isso.
De acordo com as mais de 3 dezenas de vítimas que foram ouvidas no processo, elas foram convidadas para “investir” na empresa diretamente pelos denunciados e sócios da empresa TR ou por familiares ou amigos daqueles que haviam investido, sendo certo que o esquema era muito bem elaborado mediante anúncios de internet ou outros meios publicitários dirigidos ao público em geral e a um número indeterminado de pessoas, cujo propósito era de passar a mensagem de investimentos seguros e altamente rentáveis por empresa de aparência idônea, já que ostentava como sócio um integrante da Polícia Federal, no caso Ricardo.