Quinze anos após o brutal assassinato de Sílvia Letícia Reis Gomes Pereira, ocorrido em 9 de abril de 2009, na cidade de Peixoto de Azevedo, a Justiça de Mato Grosso finalmente condenou o comerciante Willian Cesar Gomes Pereira, seu ex-marido, responsável por encomendar sua morte, motivado por um seguro de vida de R$ 180 mil. Ele foi julgado pelo Tribunal do Júri nesta quinta-feira (10) e o juiz João Zibordi Lara fixou pena de 27 anos de prisão, no regime fechado.
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Os jurados do Conselho de Sentença consideraram o réu culpado, reconhecendo as qualificadoras de motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima. O juiz, então, fez a dosimetria da pena e a fixou em 27 anos de prisão em regime inicial fechado, sem o direito de recorrer em liberdade.
Ao descriminar as etapas da fixação da pena, considerando circunstâncias judiciais, agravantes e a ausência de causas de diminuição ou aumento, o juiz destacou as consequências do crime, já que Willian deixou os dois filhos de Sílvia órfãos, bem como que o crime foi cometido contra a própria esposa.
Inconformado com a demora no processo, um familiar de Sílvia procurou o Olhar Jurídico no mês de setembro de 2024 para denunciar os longos anos de atraso, suplicando para que a justiça seja feita.
Com a finalização do júri, a sensação da família foi de alívio: “estamos nos sentindo aliviados. Esperamos que a justiça enfim seja feita. É difícil pensar que após tanto tempo ele ainda pode ser absolvido, mas como sempre fizemos vamos entregar nas mãos de Deus e confiar que a justiça irá prevalecer”, disse o familiar que procurou o site.
Os acusados, Willian Cézar Gomes Pereira, ex-marido de Sílvia, e Luiz Marques Pereira Alves, conhecido como "Meio Kilo", foram pronunciados em 2022 para serem julgados pelo Tribunal do Júri. Willian por ser o mandante e Meio Kilo o executor. No entanto, sucessivos recursos das defesas arrastaram o processo, impedindo que os responsáveis fossem julgados e punidos – o que ocorreu com Willian.
Um dos andamentos mais recente do caso trata-se de um recurso movido pela defesa de Meio Kilo contra a pronúncia, o qual já recebeu manifestação negativa do Ministério Público ainda em setembro. Para o procurador José Norberto de Medeiros Júnior, o Tribunal de Justiça (TJMT) deveria manter o júri contra ambos acusados.
Ainda em setembro, a Corte negou o pedido e validou a pronúncia de Meio Kilo, mas sua defesa de já agravou o acórdão, tentando submeter o caso ao STJ. O TJ aguarda as contrarrazões ministeriais para julgar o agravo. Foi então que, neste meio tempo, a Justiça condenou Willian.
O crime
Na noite de 9 de abril de 2009, Sílvia Letícia foi assassinada a tiros em frente à sua casa, no Bairro Alvorada. De acordo com a denúncia, Willian Cézar, então marido da vítima, teria encomendado o crime ao comparsa Luiz Marques, em troca de uma recompensa financeira. O motivo? Um seguro de vida no valor de R$183.000,00, do qual Willian era um dos beneficiários.
Enquanto a vítima, mãe de dois filhos, chegava em casa, foi surpreendida pelos disparos que tiraram sua vida, sem que tivesse qualquer chance de defesa. A investigação revelou trocas de mensagens e ligações entre os acusados na noite do crime, evidenciando o planejamento minucioso do homicídio.