O juiz Antônio Horácio da Silva Neto, da Vara Especializada do Meio Ambiente, determinou que Claudecy Oliveira Lemes, considerado um dos maiores desmatadores do Pantanal, retire milhares de cabeças de gado situadas em áreas embargadas. O manejo deverá ocorrer entre maio a setembro de 2025, período em que haverá baixa de água no bioma pantaneiro. Proprietário de 11 fazendas, ele também é dono de 60 mil cabeças de gado e tem contra si autos de infrações ambientais na casa dos R$ 2 bilhões. Decisão foi proferida na última sexta-feira (14), após audiência na vara.
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O pedido foi feito pela Administradora Judicial Mediape e reforçado em parecer ministerial, para que as milhares de cabeça de gado fossem retiradas de terras em Barão de Melgaço e levados a outro local.
No ano passado, o Núcleo de Inquéritos Policiais havia ordenado o manejo de 15 mil cabeças de gado, ordenada para que fosse alcançada a medida cautelar imposta contra o pecuarista, a qual indisponibilizou as atividades nas áreas em questão.
A medida se deu para custear as despesas operacionais e outras obrigações pendentes, como parte das medidas impostas pela justiça para a recuperação ambiental das áreas que Claudecy teria degradado. Ele é acusado de promover o desmate químico em 81 mil hectares do Pantanal.
A decisão visa garantir tanto a viabilidade operacional das propriedades quanto o cumprimento das obrigações financeiras e ambientais devidas por Claudecy Oliveira Lemes.
O processo com as cabeças de gado será monitorados de perto, com o objetivo de assegurar que as operações ocorram dentro dos parâmetros estabelecidos pela Justiça, contribuindo para a recuperação das áreas embargadas e o cumprimento das penalidades impostas ao empresário.
Claudecy Lemes é acusado de promover o desmatamento em larga escala no bioma. Proprietário de 277 mil hectares ou 2.700 km² de área no Pantanal, distribuídos entre suas 12 fazendas, o que representa quase 6% do total do bioma mato-grossense, estimado em 48.865 km², Claudecy também administra empresas e mais de 60 mil cabeças de gado.
Tais números se somam com sua capacidade expressiva de degradar o meio ambiente: desmate químico de 85 mil hectares da planície para alimentar sua pecuária extensiva, uso de aviões para aplicar agrotóxicos em suas plantações, alteração do curso do Rio São Lourenço e construção de barramento no Corixo do Bugio. Ele ainda ostenta a maior penalidade já aplicada em Mato Grosso: R$ 2.8 bilhões.