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Domingo, 16 de março de 2025

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TOLERÂNCIA ZERO

Revenda de mercadorias, 200 quilos de arroz e lavagem de dinheiro: Gaeco faz nova ofensiva em “mercadinhos” das prisões

Foto: Reprodução

Revenda de mercadorias, 200 quilos de arroz e lavagem de dinheiro: Gaeco faz nova ofensiva em “mercadinhos” das prisões
O promotor de Justiça Adriano Roberto Alves, chefe do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), confirmou que detentos da Penitenciária Central do Estado (PCE) estão lavando dinheiro com os “mercadinhos” paralelos no presídio, e explicou que lideranças do Comando Vermelho, como é o caso do líder da facção em Mato Grosso, “Sandro Louco”, determinavam a entrada e saída de produtos para comercialização.


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Escolhido para chefiar o Gaeco por mais dois anos, Adriano conversou com a imprensa nesta sexta-feira (7) e foi questionado sobre as declarações de “Sandro Louco” dadas durante um depoimento, em dezembro passado, quando confessou que movimentava milhões com o comércio paralelo na cadeia.

Já em janeiro, o governador Mauro Mendes decretou o programa “Tolerância Zero” ao crime organizado, sancionado por meio da Lei 12.792 de 2025, oriunda do projeto 2041/24, que estabeleceu novas regras de funcionamento nos presídios de Mato Grosso com o objetivo de fortalecer o combate ao Comando Vermelho, Primeiro Comando da Capital (PCC), Tropa do Castelar, B40 e outras facções criminosas. Dentre as normativas, a Lei proibiu  funcionamento dos mercadinhos nas cadeias.

Neste contexto, então, o chefe do Gaeco foi indagado se tais mercadinhos estariam sendo usado pelas facções para lavagem de dinheiro, e o que o Ministério Público estaria providenciando para combater a eventual prática deste delito.

Adriano Roberto Alves explicou que, durante operação no ano passado, a polícia identificou que algumas células de lideranças do Comando Vermelho estavam “estocando” alimentos e outros produtos dentro das celas. Esse material seria comercializado entre os detentos.

Durante a Operação Nexus, ainda foi apontado que servidores penitenciários poderiam estar auxiliando a entrada e saída desses produtos.

“Foi um depoimento que ele deu no final do ano passado. Teve uma operação da Polícia Civil que foi realizada em outubro e novembro do ano passado dentro do presídio e lá em algumas células de liderança encontraram muito alimento, alimento, material de venda, dando a entender que a facção determinava que essas compras iriam ser entregues para as lideranças e eles revendiam. O que deu pra perceber era isso, que não justifica um preso estar com 200 quilos de arroz”, disse Adriano.

Essa movimentação de produtos e valores, segundo o chefe do Gaeco, indicaria que os faccionados estariam lavando dinheiro. Ele garantiu que diligências estão sendo feitas para coibir essa prática, e que operações serão deflagradas, mas não deu maiores detalhes para não atrapalhar as investigações.

“Bom, existe uma investigação sobre isso, e eu não posso falar o que está sendo investigado e como está sendo para não atrapalhar as investigações. Sim, a gente vai provavelmente será feito”, completou.

Ainda em janeiro, ao sancionar a Lei de Tolerância Zero, Mauro Mendes afirmou: “Devem ser encerradas imediatamente todas as atividades de comércio, com a remoção de todas as estruturas que servem como cantinas, mercadinhos e similares que não estejam em consonância com o disposto nesta Lei”.

A existência de mercados no sistema prisional era defendida pelo desembargador Orlando Perri, supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo (GMF-MT). Ele argumentou que o mercado administrado pelo Conselho da Comunidade, como ocorre na unidade prisional de Tangará da Serra, poderia arrecadar recursos para investir no próprio sistema penitenciário, aliviando o governo do Estado da obrigação de fornecer alguns itens aos detentos.

No entanto, tanto o secretário de Estado de Justiça, delegado Vitor Hugo Bruzulato Teixeira, quanto o governador Mauro Mendes se manifestaram contra a manutenção dos mercados nos presídios. Para o governador, essas estruturas eram de controle do crime organizado e permitiam o acesso dos presos a itens de luxo, como bebidas alcoólicas.
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