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Sábado, 08 de fevereiro de 2025

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Empresa acusada de golpe em estudantes nega fuga do país e afirma que diretor saiu de Cuiabá por ameaças de morte; confira

Foto: Reprodução

Empresa acusada de golpe em estudantes nega fuga do país e afirma que diretor saiu de Cuiabá por ameaças de morte; confira
Acusada de dar um golpe milionário em formandos de diversos cursos, da Univag e Unic, a Imagem e Eventos afirmou, por meio do seu advogado, que nenhum colaborador ou representante da empresa fugiu do país. Também ressaltou que o diretor da empresa, Márcio Júnior Alves do Nascimento teve que se mudar de Cuiabá diante de possíveis ameaças de morte. Leia a nota na íntegra ao final da matéria.


Leia mais: Acusada de calote milionário, empresa vendeu pacotes a estudantes e pediu pagamentos antecipados às vésperas de colapso

Em comunicado assinado pelo advogado Marcos Gomes Silva, a empresa refutou veementemente a possibilidade de que seus representantes tenham fugido do país. Negou, categoricamente, o uso dos termos “golpe” e “calote” para descrever o caso. Por fim, afirmou que não se eximirá de suas responsabilidades e que tem total interesse em quitar todas as suas dívidas com credores e clientes.

A Imagem Eventos protocolou um pedido de recuperação judicial nesta quinta-feira (30), apenas dois dias antes do baile de formatura dos estudantes de Medicina da Univag, programado para este sábado (1).

Diante da crise financeira, a empresa comunicou que a festa precisaria ser remarcada, deixando mais de mil convidados em situação de incerteza, conforme denúncias recebidas pelo Olhar Direto.

Os formandos da Univag afirmam ter investido mais de R$ 1,2 milhão na festa e foram surpreendidos com o comunicado da Imagem Eventos apenas na véspera do baile, informando que não poderia realizar o evento por dificuldades financeiras. A festa só ocorreu após os 53 formandos pagarem R$ 530 mil aos fornecedores, divididos em parcelas de dez mil para cada um deles. Alguns, inclusive, desistiram de participar do baile.

O advogado da empresa, Marcos Gomes da Silva, alegou que a decisão de pedir recuperação judicial foi tomada diante da crise econômica e refutou qualquer acusação de calote. Segundo ele, havia a expectativa de que acordos permitissem a realização dos eventos, mas, nos últimos momentos, a situação financeira da empresa se tornou insustentável.

"A empresa me garantiu que não vai fugir de suas obrigações. Os eventos que puderem ser remarcados, serão. Quem pretende dar um calote não deixa quase todos os fornecedores pagos e ainda entra com pedido de recuperação judicial", afirmou o advogado.

No entanto, os formandos questionam o prazo do comunicado, já que todas as outras etapas do evento — aula da saudade, culto ecumênico e jantar com os pais — ocorreram normalmente. Além disso, a reportagem apurou que apenas 30% do valor total do contrato foi repassado aos fornecedores até a semana da formatura.

A crise também pegou funcionários da empresa de surpresa. Na manhã da última sexta-feira (31), ao chegarem para trabalhar, encontraram a sede da Imagem Eventos fechada.

Em comunicado enviado nesta sexta-feira (31) aos envolvidos, a empresa alegou enfrentar dificuldades financeiras e sugeriu o reagendamento dos bailes. Caso as comissões optem pela rescisão dos contratos, prometeu devolver os valores pagos, seguindo critérios que serão estabelecidos no processo de recuperação judicial.

O advogado da empresa justificou que a crise teve origem na pandemia da Covid-19, quando houve uma redução drástica de receitas devido às restrições a eventos. Ainda assim, segundo ele, a Imagem Eventos manteve compromissos com fornecedores e colaboradores.

A empresa argumentou que a recuperação judicial busca permitir a reorganização financeira e o cumprimento de suas obrigações, considerando também a inadimplência de formandos e o alto número de rescisões contratuais.
 
Para evitar um prejuízo ainda maior, os fornecedores e a comissão da Univag acordaram em realizar o evento, com os estudantes pagando R$ 9 mil cada, e os prestadores aceitando receber apenas os valores de custo. O restante dos valores transacionados será resolvido na Justiça.

Vale lembrar que a empresa também responde várias ações na Justiça, sendo a última delas ajuizada por M.P.S., estudante de medicina da Unic, a qual alega sido vítima de estelionato, uma vez que, mesmo enfrentando a crise, a empresa continuou oferecendo pacotes de serviços e incentivando o adiantamento de pagamentos sem informar sobre sua situação.

De acordo com a petição inicial, M.P.S. firmou contrato com a Imagem Eventos para a realização de sua formatura, incluindo baile, jantar e outros eventos comemorativos. O acordo previa pagamentos parcelados ao longo de 54 meses, e até o momento a estudante já havia quitado R$ 19.202,93.

No entanto, sem aviso prévio, a empresa encerrou suas atividades e ingressou com pedido de recuperação judicial, inviabilizando a realização dos eventos contratados. Inclusive, o baile dos estudantes da Univag, deste sábado (1), só ocorreu porque eles pagaram R$ 10 mil dos próprios bolsos. A Imagem avisou, na sexta (31), que o evento teria que ser remarcado, pois não teria como pagar os fornecedores. Os alunos já haviam desembolsado R$ 1,2 milhão para que o baile ocorresse.

Diante disso, M.P.S. ajuizou ação ainda na sexta, após o calote vir à tona, argumentando que a empresa atuou de forma desleal ao continuar captando recursos mesmo diante de sua crise financeira.

Segundo a ação, a Imagem Eventos promoveu falsas promoções e incentivou o pagamento antecipado dos pacotes de formatura, apesar de já estar ciente de que não poderia cumprir os contratos. A prática, segundo a autora, configura indícios de estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal.

Nas semanas que antecederam o pedido de recuperação, protocolado no dia 30, a empresa ofereceu promoções aos estudantes, dando desconto de 15% nas mensalidades. A data limite para os pagamentos: quinta-feira, 30 de janeiro de 2025. Um dia depois, pela manhã, o advogado da empresa emitiu o comunicado informando que ela não iria realizar os eventos marcados, sugerindo remarcações, e que havia pedido recuperação judicial. No mínimo, de má-fé.

Confira o comunicado abaixo:

Diante dos recentes acontecimentos, a IMAGEM EVENTOS vem a público esclarecer as informações que estão sendo veiculadas nas mídias sociais. Como empresa com mais de 25 anos de atuação no segmento de formaturas, sempre pautamos nossa trajetória pela ética, transparência e compromisso com nossos clientes. Contrariando o que tem sido veiculado por alguns formandos e em determinadas publicações, esclarecemos que a IMAGEM EVENTOS não decretou falência, tampouco aplicou qualquer tipo de golpe ou calote aos seus clientes. Trata-se de informações inverídicas e infundadas, que não condizem com a realidade da empresa. Conforme já informado anteriormente, a IMAGEM EVENTOS ingressou com pedido de recuperação judicial (Processo n.º 1004124-29.2025.8.11.0041), que tramita sob segredo de justiça na 1ª Vara Cível de Cuiabá (MT). Esta medida, prevista na legislação brasileira, visa justamente possibilitar a reorganização financeira da empresa, permitindo a continuidade de suas atividades e o cumprimento de suas obrigações com clientes e fornecedores.A recuperação judicial é um mecanismo legal para empresas em dificuldades financeiras superarem crises e evitarem a falência, por meio da renegociação de dívidas e reestruturação dos negócios. Esclarecemos que nenhum sócio, colaborador ou representante da empresa fugiu do país ou deixou de assumir suas responsabilidades. Qualquer alegação nesse sentido pode ser facilmente desmentida através de certidões de movimentos migratórios ou consultas públicas no Portal da Transparência do Governo Federal. Ressaltamos que o diretor da empresa se afastou temporariamente da cidade de Cuiabá devido a ameaças de morte recebidas em seu número pessoal, atualmente desativado por segurança Todas as ameaças foram registradas e poderão ser apresentadas às autoridades competentes, caso necessário. A IMAGEM EVENTOS sempre buscou cumprir todas as suas obrigações, inclusive diante das dificuldades financeiras enfrentadas. A empresa lutou até o último momento para arrecadar recursos, renegociar com fornecedores e obter empréstimos bancários, com o objetivo de realizar todos os eventos contratados. O evento realizado na quinta-feira, 30/01/2025, só foi possível graças aos esforços da empresa em honrar seus compromissos com os fornecedores. No entanto, a continuidade da realização dos eventos subsequentes tornou-se inviável. Por essa razão, foram encaminhadas notificações extrajudiciais aos formandos e suas associações, com o objetivo de propor a remarcação dos eventos ou, conforme o interesse de cada turma, o cancelamento dos contratos. Importante destacar que a IMAGEM EVENTOS não se eximirá de nenhuma de suas responsabilidades. A empresa repudia veementemente o uso de termos como “golpe” ou “calote” para descrever a atual situação. Apesar das dificuldades financeiras, a IMAGEM EVENTOS mantém total interesse e compromisso em quitar todas as suas dívidas com credores e clientes, conforme os termos que serão estabelecidos no processo de recuperação judicial. Reiteramos nosso compromisso com a transparência, ética e respeito aos nossos clientes e fornecedores.
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