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Sábado, 08 de fevereiro de 2025

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FORMATURAS EM XEQUE

Acusada de calote milionário, empresa vendeu pacotes a estudantes e pediu pagamentos antecipados às vésperas de colapso

Foto: Reprodução

Acusada de calote milionário, empresa vendeu pacotes a estudantes e pediu pagamentos antecipados às vésperas de colapso
A empresa Imagem e Eventos, acusada de suposto calote contra estudantes de diversos cursos da Univag e Unic, entrou na mira de mais um processo de cobrança após declarar, na última quinta-feira (30), que não arcaria mais com seus compromissos firmados com os clientes em razão de uma crise financeira. Após “sumir” nas vésperas do baile de medicina da Univag, que aconteceu neste sábado (1), a empresa foi alvo da ação ajuizada pela formanda M.P.S., a qual alega sido vítima de estelionato, uma vez que, mesmo enfrentando a crise, continuou oferecendo pacotes de serviços e incentivando o adiantamento de pagamentos sem informar sobre sua situação.


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De acordo com a petição inicial, M.P.S. firmou contrato com a Imagem Eventos para a realização de sua formatura, incluindo baile, jantar e outros eventos comemorativos. O acordo previa pagamentos parcelados ao longo de 54 meses, e até o momento a estudante já havia quitado R$ 19.202,93.

No entanto, sem aviso prévio, a empresa encerrou suas atividades e ingressou com pedido de recuperação judicial, inviabilizando a realização dos eventos contratados. Inclusive, o baile dos estudantes da Univag, deste sábado (1), só ocorreu porque eles pagaram R$ 10 mil dos próprios bolsos. A Imagem avisou, na sexta (31), que o evento teria que ser remarcado, pois não teria como pagar os fornecedores. Os alunos já haviam desembolsado R$ 1,2 milhão para que o baile ocorresse.

Diante disso, M.P.S. ajuizou ação ainda na sexta, após o calote vir à tona, argumentando que a empresa atuou de forma desleal ao continuar captando recursos mesmo diante de sua crise financeira.

Segundo a ação, a Imagem Eventos promoveu falsas promoções e incentivou o pagamento antecipado dos pacotes de formatura, apesar de já estar ciente de que não poderia cumprir os contratos. A prática, segundo a autora, configura indícios de estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal.

Nas semanas que antecederam o pedido de recuperação, protocolado no dia 30, a empresa ofereceu promoções aos estudantes, dando desconto de 15% nas mensalidades. A data limite para os pagamentos: quinta-feira, 30 de janeiro de 2025. Um dia depois, pela manhã, o advogado da empresa emitiu o comunicado informando que ela não iria realizar os eventos marcados, sugerindo remarcações, e que havia pedido recuperação judicial. No mínimo, de má-fé.

"Conforme noticiado, a Ré, mesmo ciente da iminência do colapso financeiro, seguiu captando valores dos estudantes por meio de falsas promoções e incentivos para quitação antecipada dos pacotes de formatura. Essa conduta revela má-fé e possível prática de estelionato, pois a empresa induziu os estudantes ao erro, mantendo a captação de recursos mesmo sabendo que não realizaria os eventos prometidos", alegou a estudante.

A situação afetou centenas de estudantes, muitos dos quais já haviam quitado integralmente os pacotes contratados. O caso ganhou repercussão na imprensa, sendo noticiado em primeira mão pelo Olhar Direto, que destacou os prejuízos financeiros e emocionais dos formandos.

Na ação, M.P.S. pede a concessão de tutela de urgência para bloqueio imediato dos valores pagos, além da expedição de ofícios para levantamento de eventuais ativos da empresa, visando garantir a restituição dos montantes desembolsados. Ela também solicita indenização por danos morais, alegando que a frustração e o impacto emocional da situação são incalculáveis.
 
A Imagem Eventos ainda não se manifestou oficialmente sobre as acusações. O caso segue em tramitação na Justiça.

Recuperação judicial ou calote?

A Imagem Eventos, empresa de Cuiabá, protocolou um pedido de recuperação judicial nesta quinta-feira (30), apenas dois dias antes do baile de formatura dos estudantes de Medicina da Univag, programado para este sábado (1). Diante da crise financeira, a empresa comunicou que a festa precisaria ser remarcada, deixando mais de mil convidados em situação de incerteza, conforme denúncias recebidas pelo Olhar Direto. As formaturas da Univag e da Unic, agendadas para os dias 1º e 8 de junho, estão sob risco de cancelamento devido a um possível calote da empresa.

Os formandos da Univag afirmam ter investido mais de R$ 1,2 milhão na festa e foram surpreendidos com o comunicado da Imagem Eventos apenas na véspera do baile, informando que não poderia realizar o evento por dificuldades financeiras.

O advogado da empresa, Marcos Gomes da Silva, alegou que a decisão de pedir recuperação judicial foi tomada diante da crise econômica e refutou qualquer acusação de calote. Segundo ele, havia a expectativa de que acordos permitissem a realização dos eventos, mas, nos últimos momentos, a situação financeira da empresa se tornou insustentável.

"A empresa me garantiu que não vai fugir de suas obrigações. Os eventos que puderem ser remarcados, serão. Quem pretende dar um calote não deixa quase todos os fornecedores pagos e ainda entra com pedido de recuperação judicial", afirmou o advogado.

No entanto, os formandos questionam o prazo do comunicado, já que todas as outras etapas do evento — aula da saudade, culto ecumênico e jantar com os pais — ocorreram normalmente. Além disso, a reportagem apurou que apenas 30% do valor total do contrato foi repassado aos fornecedores até a semana da formatura.

A crise também pegou funcionários da empresa de surpresa. Na manhã desta sexta-feira (31), ao chegarem para trabalhar, encontraram a sede da Imagem Eventos fechada.

Em comunicado enviado nesta sexta-feira (31) aos envolvidos, a empresa alegou enfrentar dificuldades financeiras e sugeriu o reagendamento dos bailes. Caso as comissões optem pela rescisão dos contratos, prometeu devolver os valores pagos, seguindo critérios que serão estabelecidos no processo de recuperação judicial.

O advogado da empresa justificou que a crise teve origem na pandemia da Covid-19, quando houve uma redução drástica de receitas devido às restrições a eventos. Ainda assim, segundo ele, a Imagem Eventos manteve compromissos com fornecedores e colaboradores.

A empresa argumentou que a recuperação judicial busca permitir a reorganização financeira e o cumprimento de suas obrigações, considerando também a inadimplência de formandos e o alto número de rescisões contratuais.

"A Imagem Eventos manifesta a intenção de reagendar os eventos ainda não realizados, pois a realização imediata é inviável. Caso a turma opte pela rescisão do contrato, a empresa se compromete a devolver os valores pagos conforme os critérios estabelecidos no processo de recuperação judicial. A notificação foi enviada neste momento devido à necessidade de reorganização financeira", informou a empresa.

Para evitar um prejuízo ainda maior, os fornecedores e a comissão da Univag acordaram em realizar o evento, com os estudantes pagando R$ 9 mil cada, e os prestadores aceitando receber apenas os valores de custo. O restante dos valores transacionados será resolvido na Justiça.
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