Acusado de desviar 240 cestas básicas do Programa Ser Família, do Governo de Mato Grosso, o ex-servidor André Vitor Abreu Miranda Souza Gomes, de 22 anos, se tornou réu por peculato e passará por audiência de instrução e julgamento. Ele foi alvo da Operação Gorgulho, deflagrada em 2023. Em novembro passado, o juiz João Filho de Almeida Portela acatou a denúncia e, nesta quarta-feira (22), a magistrada Alethea Santos designou a audiência.
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Alethea, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, anotou que a defesa de André não apresentou questões preliminares ou prejudiciais de mérito, nem hipóteses de absolvição sumária. Com isso, marcou a audiência para o dia 2 de setembro, às 16h.
Em março de 2023, o governador Mauro Mendes publicou a exoneração de André da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel). Os outros dois envolvidos, Samir Bosso Katumata, 42 anos (servidor da Assembleia Legislativa) e Marcel Angelo de Souza, 34 anos (soldado da Polícia Militar), firmaram acordo de não persecução penal com o Ministério Público e terão que devolver R$ 25,4 mil aos cofres públicos.
Os três foram alvos de mandados de busca e apreensão na manhã desta quinta-feira (9), durante a Operação Gorgulho, que investiga supostos desvios de cestas básicas do Programa Ser Família, do Governo de Mato Grosso. A investigação da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) teve início a partir de uma denúncia de que um servidor público, André Victor Abreu, que estava exercendo o cargo de assessor técnico da Secel, atendendo a pedido de um assessor parlamentar.
Ao todo foram desviadas 240 cestas básicas do depósito da Coordenadoria de Segurança Alimentar da Setasc, órgão em que um dos servidores acusados, Samir Bosso, estava cedido. Segundo informações da assessoria de imprensa da PJC, as cestas básicas retiradas por André foram carregadas para um caminhão-baú por um parente do soldado Marcel Angelo.
Em seguida, as cestas foram depositadas na residência do militar, no bairro CPA IV, em Cuiabá, posteriormente distribuídas na frente da casa do policial, a pedido de Samir, que estava lotado na Assembleia Legislativa. Diante das informações apuradas, a Deccor encaminhou representação à Justiça pelo afastamento de sigilo bancário, sequestro de bens e valores, busca e apreensão domiciliar e afastamento de sigilo telefônico dos investigados.
O comandante-geral da Polícia Militar, Coronel Alexandre Mendes, confirmou na época que pediu a instauração de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) com o objetivo de apurar a conduta de Marcel Angelo de Souza.
O nome da operação, Gorgulho, faz referência a uma família de besouros que ataca grãos.