Ao contrário do governador Mauro Mendes (União), o supervisor do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo do estado, desembargador Orlando Perri, é favorável à instalação das câmeras nas fardas dos policiais militares. Perri foi além e defendeu que os policiais penais também usem o monitoramento.
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Para o decano do Tribunal de Justiça, a instalação inibiria a violência e muitas vezes, a truculência exagerada nas ações repressivas dos policiais. Ele ponderou, contudo, que isso é uma questão administrativa polêmica, e que não cabe ao Poder Judiciário implementá-la.
“Eu particularmente, a minha opinião pessoal é que ela é importante sim. Isso inibe a violência, muitas vezes a truculência, o exagero na ação repressiva. Então eu vejo com bons olhos as câmeras do fundamento da polícia militar. Embora isso é uma questão muito polêmica e bem sei que isso provoca acirradas discussões, mas eu particularmente vejo com bons olhos, como vejo também o uso da câmera corporal nos agentes penais que trabalham dentro da carceragem. Isso é muito importante”, avaliou.
Já o governador Mauro Mendes é crítico ferrenho da proposta. No começo de novembro, ele ressaltou que crimes praticados pelos agentes são exceções, como em todas as categorias, e, por isso, não há necessidade de adoção de uma medida que colocaria os policiais na mesma vala que os criminosos.
“Nós temos hoje no Brasil milhares de pessoas praticando crimes. Por policiais é menos de meio por cento, é 0,0 qualquer. Eu não estou preocupado em tomar uma medida para combater 0, 0, 0, 0, 0, qualquer coisa como se os nossos policiais fossem bandidos”, ressaltou Mendes.
“Transformar os nossos policiais como se bandidos o fossem e precisando estar vigilando eles o tempo todo, isso eu não concordo, porque eu sei que a grande maioria absoluta dos nossos profissionais de segurança são pessoas sérias, pais e famílias honestos e que trabalham com decência e dignidade”, complementou.
O uso do equipamento para o monitoramento das atividades policiais tem sido adotado em alguns estados do país, como em São Paulo. Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas apontou que a letalidade de policiais caiu em quase 40% devido ao uso do equipamento.
No entanto, o governador vê com estranheza a atitude, pois a instalação das câmeras nas fardas não é uma medida eficiente para combater a violência e a atuação das organizações criminosas.
Na semana passada, o deputado estadual Wilson Santos (PSD) rebateu as críticas de seus colegas que são contra a instalação de câmeras de monitoramento nas fardas, e destacou que não vai desistir da ideia, assim como ocorreu em outras propostas que defendeu na Assembleia.
“Quando apresentei a proposta para distribuição de remédios à base do canabidiol, nós perdemos duas vezes no plenário, depois derrubamos duas vezes o veto e hoje é lei. O mesmo com as PCHs no Rio Cuiabá. Então, o processo no legislativo é moroso, é lento, tem que ter cuidado, tem que ter paciência, não desistiu dessas ideias. E eu não desistirei jamais da ideia de dotar a minha Polícia Militar de ferramentas tecnológicas que salvam vidas”, ressaltou.
O tema voltou à tona após a declaração do governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), ter afirmado que tinha uma visão equivocada sobre o assunto. No entanto, no estado o governador Mauro Mendes (União) e a maioria do parlamento são totalmente contra a ideia.
Wilson fez um apelo ao presidente da Comissão de Segurança Pública e Comunitária da Assembleia, Elizeu Nascimento (PL), que coloque o seu projeto para ser apreciado pelo colegiado para depois ir ao plenário.
Ele comentou que desde 2021 luta para o debate chegar aos 24 deputados e não ficar travado nas comissões.
