O promotor de justiça Márcio Florestan Berestina, do Ministério Público Eleitoral, apresentou representação acusando o prefeito eleito de Sorriso, Alei Fernandes (UNIÃO), e seu vice, Acácio Ambrosini (UNIÃO), de práticas ilícitas na arrecadação e nos gastos de recursos durante a campanha eleitoral. As acusações incluem a manutenção de um "caixa dois" e o recebimento de doações de empresas, o que é proibido pela legislação eleitoral brasileira.
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Com isso, o MPE pede que seja negada ou cassada a diplomação de Alei Fernandes e Acácio Ambrosini, “em razão da prática de captação e gastos ilícitos de campanha (“caixa 2” e doações de pessoas jurídicas)”.
Na peça, o MPE menciona a investigação da Polícia Federal (PF) iniciada após a Polícia Rodoviária Federal (PRF) ter realizado a abordagem de Nei Francio, apoiador de Alei, que conduzia uma Hilux na BR-163, no dia 3 de outubro de 2024, por volta das 23h25.
Naquela noite ele tentou, sem sucesso, fugir dos policiais rodoviários federais que efetuavam policiamento e patrulhamento de rotina. A polícia apreendeu R$ 300 mil em dinheiro vivo na cabine do veículo, que carregava um adesivo de Alei, e o aparelho telefone do suspeito.
Francio não soube comprovar a origem do dinheiro, que incluía cédulas de 20, 50, 100 e 200 reais.
Segundo o promotor, é possível inferir das conversas no celular de Nei que ele exercia importante papel na coordenação financeira dos candidatos Alei Fernandes e Acácio Ambrasini.
“Verificou-se nos diálogos que Nei mantinha contato com inúmeros empresários para angariar doações não documentadas para abastecer o caixa 2 da campanha”, diz. “Vale frisar ainda que é possível inferir do teor dos diálogos que o valor de R$ 300.000,00 encontrado pela Polícia Rodoviária no veículo de Nei seria utilizado para abastecer o caixa 2 da campanha de Alei Fernandes”.
“Existem, portanto, Excelência, fortes elementos que apontam para a formação de um esquema que angariou doações para alimentar o caixa 2 da campanha de Alei Fernandes. A esse respeito, calha registrar que parte das doações não quentes obtidas para o caixa 2 da campanha já tenha sido identificada nos diálogos constatados no celular de Nei Francio”, completou o promotor.
Nesta quarta, a Polícia Federal cumpriu 9 mandados de buscas nas cidades de Sorriso e Cuiabá, em uma medida cautelar pessoal consistente na entrega do passaporte e na proibição de se ausentar da cidade em desfavor de um dos responsáveis pelo financiamento da campanha do candidato envolvido.
Foram apreendidos R$ 100 mil em espécie, além de celulares e computadores que vão propiciar o avanço das investigações, segundo o delegado. Ele afirmou que todas as informações produzidas no inquérito serão compartilhadas com o Ministério Público Eleitoral para análise de propositura de ação, visando a impugnação ou a cassação do mandato eletivo do candidato envolvido.