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Quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

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ATENTADO EM PEIXOTO

Justiça nega pedido de indenização de R$ 327 mil de garimpeiro contra médico que ajudou mãe em duplo homicídio

Foto: Reprodução

Justiça nega pedido de indenização de R$ 327 mil de garimpeiro contra médico que ajudou mãe em duplo homicídio
O juiz João Zibordi Lara negou pedido de indenização feito pelo garimpeiro Enerci Afonso Lavall em face do médico Bruno Gemilaki, que participou, ao lado da sua mãe, Inês Gemilaki, do duplo homicídio que ceifou a vida dos idosos Pilso Pereira da Cruz, 69 anos, e Rui Luiz Bogo, 81. Lavall foi atingido, mas sobreviveu. O padre José Roberto Domingos também foi alvejado, mas se safou. A tentativa de chacina ocorreu em abril deste ano, dentro da casa que Lavall um dia alugou à Inês, situada em Peixoto de Azevedo.


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Lavall cobrou R$ 27,9 mil pelos danos materiais que o atentado causou na sua residência e R$ 300 mil pelos danos morais, consistente no profundo abalo psicológico que ele e sua família sofreram com o atentado. Em sede liminar, pretendia tutela de urgência para que Gemilaki pagasse a indenização, alegando que o médico e a fazendeira estariam dilapidando os respectivos patrimônios.

Analisando o pleito, o magistrado anotou que não foi possível, nesta fase inicial, verificar os alegados danos ou o nexo causal entre as condutas atribuídas aos réus e os prejuízos apontados.

Sobre dilapidação dos bens, Zibordi Lara consignou que Lavall não apresentou os elementos concretos para comprovar esse ato, como por exemplo alienações recentes de bens de forma irregular, transferências patrimoniais suspeitas ou outras circunstâncias que demonstrem uma conduta deliberada nesse sentido.

“A mera alegação de que os réus podem vir a esvaziar seu patrimônio não é suficiente para justificar a adoção de medidas tão gravosas como o bloqueio de bens”, anotou o juiz.

Em relação à gravidade dos fatos narrados, relacionados à suposta invasão e violência praticada pelos réus, o magistrado pontuou que isso ainda depende de ampla instrução probatória, inclusive para aferir a responsabilidade civil e o nexo causal entre os atos alegados e os prejuízos materiais e morais.

Diante disso, o juiz negou a urgência pleiteada por Lavall. As partes terão 15 dias para manifestarem sobre a decisão.

Homicídios

No dia 21 de abril, Inês buscava o garimpeiro Enerci Afonso Lavall para acerto de contas, mas acabou matando Pilso e Rui. Naquele dia, Bruno e Inês invadiram a casa particular Polaco, como Lavall é conhecido, localizada na rua Thiago Magalhães Nunes, nº 1403, bairro Alvorada. Éder os auxiliou na fuga.

Imagens das câmeras de segurança da residência constataram que o filho acompanhou e deu suporte à sua mãe durante toda empreitada, portando uma espingarda calibre 12. Inês matou friamente, a tiros, Pilso e Rui.

Motivações e ameaças

Meses antes dos crimes, Polaco alugou sua casa para Inês. Após o término do contrato, ele a cobrou pelos aluguéis e danos à propriedade. Ela já havia deixado a residência, mas ele manteve as cobranças.

A Justiça considerou essas cobranças ilegais, dando ganho de causa a Inês. No entanto, Polaco persistiu, exigindo valores que ele julgava devidos e supostamente contratando capangas para ameaçar Inês com morte, sequestro e estupro.
 
No dia anterior ao crime, em 20 de abril, Erneci enviou homens à casa de Inês, onde Bruno também morava, para cobrar os aluguéis. Eles não os encontraram, mas prometeram voltar. Bruno sabia das ameaças e tentou falar com Polaco sobre a decisão judicial, mas sem sucesso, já que Erneci insistia que faria "a justiça com as próprias mãos".
 
As ameaças eram conhecidas da Justiça, já que áudios enviados pela esposa de Polaco à Inês constavam nos autos de uma ação cível. Até minutos antes do crime, Inês e Polaco trocavam mensagens ofensivas, que eram apagadas logo após o envio pelos supostos capangas.
 
Desesperada com o aumento das ameaças, Inês procurou a delegacia um dia antes dos assassinatos, pedindo providências urgentes. No entanto, a autoridade responsável informou que nada poderia ser feito no momento, pois era sábado.
 
Bruno soube das novas ameaças na noite de sábado, quando sua mãe o buscou no plantão médico. No domingo, 21 de abril, continuaram recebendo mensagens ameaçadoras e ligações de números privados. Decidiram ir à casa de Eder Gonçalves Rodrigues, também réu no processo, para participar do aniversário da esposa dele, ficando até por volta das 15 horas, quando saíram para comprar bebida.
 
Antes disso, Inês recebeu uma ligação informando que homens desconhecidos estavam batendo em seu portão. Decidida a agir e acertar as contas, ela foi até a casa de Erneci, onde as câmeras de segurança registraram toda a ação. Os assassinatos ocorreram durante um almoço das vítimas.
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