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Quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

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Justiça suspende atividade do time do CV em Cuiabá e de empresa de fachada aberta para lavar dinheiro da facção

Foto: Reprodução

Justiça suspende atividade do time do CV em Cuiabá e de empresa de fachada aberta para lavar dinheiro da facção
O juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo), determinou a suspensão das atividades do time de futebol amador, “Amigos do WT”, usado por lideranças do Comando Vermelho, em Cuiabá, para lavar os milhões obtidos ilegalmente pela facção. Ordem consta na decisão que autorizou a Operação Fair Play, deflagrada nesta quarta-feira (27) pela Polícia Civil após identificação da compra de um apartamento de luxo em Balneário Camboriú.


Leia mais: Nova operação contra WT cumpre 19 mandados e sequestra apartamento de luxo no litoral sul do país

O time Amigos WT possui cadastro de Pessoa Jurídica, ou seja, atua como uma empresa, constituída em 25 de janeiro, com atividade principal de clubes sociais, esportivos e similares, sediada em Cuiabá.

O faturamento mensal presumido da empresa é de R$ 17,5 mil, mas, entre maio de 2023 e abril de 2024, os créditos somaram R$ 175 mil e os débitos R$ 190 mil. No entanto, de acordo com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), tal movimentação aparente é acima da capacidade financeira do time, e incompatível com perfil cadastrado.

Isso porque foram identificados, dentre esses valores, recursos expressivos vindos de terceiros, sem relações esclarecidas, envolvendo principalmente uma locadora de equipamentos para construção e um escritório de advocacia, cujos valores foram destinados de maneira pulverizada entre terceiros, majoritariamente beneficiando empresas de pagamentos e serviços online, sem motivo plausível, o que evidenciou a prática de lavagem.

Diante de tais indícios, o magistrado resolveu suspender as atividades do Amigos do WT, bem como da A.N.M. dos Santos, empresa também constituída pelo núcleo de WT, com objetivo de dar licitude às movimentações ilícitas.

A Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), da Polícia Civil de Mato Grosso, deflagrou nesta quarta-feira (27) a Operação Fair Play para cumprir 19 mandados judiciais, entre prisões, buscas e apreensões, contra um grupo criminoso que lavou dinheiro do tráfico, em Cuiabá, usando para tal objetivo a aquisição de imóvel no litoral sul do País. Um dos principais alvos é o suposto tesoureiro do Comando Vermelho, Paulo Witer, o WT. 

A investigação contou com a cooperação da Polícia Civil de Santa Catarina, por meio da Delegacia de Itapema, que identificou a localização do imóvel adquirido pelos criminosos.

Os mandados, decretados pelo juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, do Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá, são cumpridos na Capital mato-grossense e também na cidade de Itapema.

A decisão judicial inclui ainda o sequestro de quatro veículos e de um apartamento localizado no litoral catarinense, bloqueios de contas bancárias e a suspensão de atividade econômica de duas empresas abertas em nomes dos investigados.

Lavagem de dinheiro

A operação desta quarta-feira é um desdobramento da Operação Apito Final, deflagrada pela GCCO em abril deste ano, contra o tesoureiro de uma facção criminosa, também o principal investigado na Fair Play.

Além de Paulo Witer Faria Paelo, 38 anos, outros alvos da Apito Final também são investigados pela GCCO na operação atual, entre eles um advogado que continuou a atuar como "laranja" do líder criminoso.

Também entre os alvos da Fair Play está um ex-assessor da Câmara de Vereadores de Cuiabá, investigado anteriormente em outra operação contra o crime organizado em Mato Grosso. Elzyo Jardel Xavier Pires, de 40 anos, tem extensa ficha criminal. Ele respondeu a inquérito pela GCCO por delitos relacionados a instituições bancárias e em outros estados do País.

Elzyo Jardel Xavier Pires foi identificado como a pessoa que adquiriu como ‘laranja’ o apartamento na cidade de Itapema, em outubro de 2023, para o investigado Paulo Witer, que usufruiu do imóvel em diversas viagens ao litoral catarinense acompanhado de comparsas. A investigação apurou que o apartamento, em um condomínio de classe média, foi comprado com recursos provenientes do tráfico de drogas e para lavar dinheiro da organização criminosa.

Para pagar o imóvel, os investigados usaram uma tática conhecida como ‘smurfing’, que consiste em fracionar pagamentos bancários em valores menores a fim de despistar a fiscalização do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF).

O advogado, Jonas Candido da Silva, 35 anos, foi a pessoa designada pelo tesoureiro da organização criminosa para olhar o imóvel, verificar a documentação e autorizar a compra do apartamento.

Renorcrim

A Operação Fair Play faz parte das ações da Rede Nacional de Unidades Especializadas de Enfrentamento das Organizações Criminosas (Renorcrim). A rede reúne delegados titulares das unidades especializadas e promotores públicos dos 26 estados e Distrito Federal e é coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública para traçar estratégias de inteligência de combate de forma duradoura à criminalidade.

O cumprimento dos mandados nesta quarta-feira conta com apoio operacional das unidades da Diretoria de Atividades Especiais, da Polícia Civil de Mato Grosso, e da Polícia Civil de Santa Catarina, por meio do Departamento Estadual de Investigações Criminais e Delegacia de Itapema.
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