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Sábado, 07 de dezembro de 2024

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DENÚNCIA RECEBIDA

"Musa dos investimentos", agente da PF e médico viram réus por estelionato e lavagem em esquema milionário de pirâmide

Foto: Reprodução

O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, tornou ré a empresária e ‘musa de investimentos’, Taiza Tossat seu ex-marido, o policial federal Ricardo Mancinell Souto Ratola, e o médico Diego Rodrigues Flores, pelos crimes de lavagem de dinheiro, estelionato, crime contra a economia popular e associação criminosa. Eles foram alvos da Operação Cleópatra, acusados de integrarem esquema de pirâmide financeira que teria causado prejuízos de, até o momento, R$ 2,5 milhões a dezenas de vítimas em Cuiabá e outras cidades de Mato Grosso.


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Em decisão proferida nesta segunda-feira (25), o juiz considerou que a denúncia apresentou todos os requisitos necessários para o seu recebimento.

“Em análise à peça acusatória, nota-se que a inicial atende ao disposto no artigo 41 do CPP e que não há incidência de nenhuma das hipóteses previstas no artigo 395 do CPP, pelo que recebo a denúncia oferecida em face dos réus supracitados, por satisfazer os requisitos legais, vez que amparada em indícios de autoria e materialidade”, decidiu. O trio terá prazo de 10 dias para responder a acusação.

Durante as buscas na casa de Taiza, uma mansão num condomínio de luxo de Sinop, a polícia encontrou munições de arma de fogo de calibre restrito (.357), e anabolizantes, cuja comercialização é proibida no Brasil, e cheques das possíveis vítimas no total de R$ 419 mil.

Taiza Tossat, que se declara empresária, ficou em silêncio durante seu depoimento sobre os cheques, cartões e demais indícios que resultaram na Operação. Sobre tais elementos, afirmou que se pronunciaria em momento oportuno, somente após acessar a investigação.

Sobre a munição, Taiza disse inicialmente que pertence ao seu atual companheiro (também preso), Wander Almeida.

Contudo, posteriormente, ela mudou a versão e disse que o material bélico é do seu ex-marido, Ricardo Ratola (também alvo da operação), e que ficou de entregar ao advogado dele, mas ainda não havia conseguido.

Sobre os anabolizantes, Taiza e Wander confessaram que seriam dele, aplicados para repor déficit de testosterona e porque ela estaria tentando engravidar.

Taiza é apontada como a líder do esquema e foi presa ao desembarcar no aeroporto de Sinop, após uma viagem ao Nordeste do país. Ela se apresentava nas redes sociais como uma jovem e bem-sucedida especialista em investimentos, prometendo lucros exorbitantes de 2% a 6% ao dia, dependendo do valor investido.

Com esses argumentos, a empresária convencia as vítimas a realizar aplicações iniciais superiores a R$ 100 mil em ações, entrando em um esquema de pirâmide financeira.

Inicialmente, as vítimas recebiam o retorno financeiro prometido e eram incentivadas a investir novamente. No entanto, após alguns meses, os pagamentos cessaram, e Taiza passou a inventar justificativas até parar de responder às vítimas, que começaram a perceber o golpe.

Além de Taiza Tossat, a operação tem como alvos um médico e um ex-policial federal, que, segundo as investigações, colaboravam com o esquema.

O ex-policial, ex-marido da empresária, atuava como gestor de negócios, enquanto o médico exercia a função de diretor administrativo na empresa DT Investimentos. Juntos, eles formavam o grupo criminoso que impactou o planejamento financeiro de diversas famílias, incluindo amigos e parentes dos próprios envolvidos.

As ordens judiciais da operação incluíram o cumprimento de seis mandados de busca e apreensão e o bloqueio de bens e valores dos investigados nas cidades de Cuiabá, Jaciara, Rondonópolis e Sinop. Durante as buscas, uma caminhonete Ford Ranger e documentos foram apreendidos e serão analisados.

De acordo com o delegado Rogério Ferreira, da Decon, o valor total dos prejuízos ainda pode aumentar, já que outras vítimas podem ainda não ter registrado queixas. A investigação continuará para apurar a extensão do esquema e as responsabilidades dos envolvidos.
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