A 1ª Vara Cível de Cuiabá intimou os credores do Mixto Esporte Clube acerca do recebimento do plano de recuperação judicial do time, que busca renegociar dívidas de R$ 1,3 milhão. No mesmo despacho foi dada publicidade à relação das pessoas físicas e jurídicas que o time terá de quitar os débitos. O Tigre teve o pedido de soerguimento deferido pela juíza Anglizey Solivan de Oliveira, hoje desembargadora, em dezembro de 2023.
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Dos 36 credores que o time possui dívidas, destacam-se o Paiaguás Hotel (R$228 mil), na classe quirografária, e dívidas na casa das centenas de milhares com credores trabalhistas. Veja a lista completa ao final da matéria.
Para pedir a RJ, o clube apontou, dentre outros, os fatos e razões que o levaram à crise-econômica financeira. A primeira ocorrida em 1999, quando o Tigre já amargava na Série C do Campeonato Brasileiro e teve que vender a sede localizada na avenida Getúlio Vargas, para arcar com obrigações.
Um ano depois, já sem muitos resultados positivos nos anos anteriores, o time investiu R$ 300 mil, maior aposta da sua história, para disputar o estadual. No entanto, embora a alta expectativa com o investimento, foi o primeiro eliminado da competição.
Em 2008 conquistou seu 23º título mato-grossense, o que trouxe bom resultado financeiro. Em 2009, o time foi rebaixado para a série D do Brasileiro após campanha frustrada. Em 2010 até teve algumas vitórias animadoras, mas não conseguiu retornar à série C, permanecendo na mesma forma até os presentes dias.
Em 2014, ano que a Copa do Mundo Fifa teve sede em Cuiabá, o time completava 80 anos, data que o então presidente, Éder Moraes, foi preso acusado de desvio de dinheiro público enquanto secretário estadual.
Éder também foi acusado de ter usado o “clube mais querido de Mato Grosso” para lavar dinheiro público, o que prejudicou a imagem do time perante investidores e patrocinadores.
Houve ainda denúncia que relacionou o clube a possível desvio de R$ 700 mil, valor que deveria ter sido usado para contratação de jogadores.
O caso resultou em ações trabalhistas movidas pelos atletas e funcionários prejudicados, julgadas procedentes, o que resultou na dívida do time. Segundo o pedido de recuperação, assinado pelos advogados João Tito Neto e Karlos Lock, do escritório Lock Advocacia, a dívida atingiu “patamares impagáveis”.
Já em 2019, enfrentando uma “severa crise estrutural”, conseguiu vaga na Copa do Brasil, rendendo premiação que foi usada para negociar dívidas e fazer um acordo de unificação de mais de 30 processos trabalhistas junto ao TRT 23ª Região,utilizando como pagamento mensal a verba das loterias Timamania, verba esta que foi retirada do time em 2021, causando mais perdas de receita.
Sem a verba do Timemania, o Mixto esbarrou em mais dificuldades para arcar com inscrições em campeonatos, uniformes, bolas, ajuda de custo aos jogadores e voluntários.
Além disso, atraso de fornecedores, prejuízos com credores, perda de patrocínio e investimentos, uma vez que todo valor que entra é destinado para quitação da dívida, também foram os fatores que resultaram na crise.
A dívida do clube já diminuiu consideravelmente e com a decisão favorável ao pedido de recuperação, vai poder se reorganizar enquanto mantém as suas atividades.
“O Mixto vai poder se reorganizar economicamente através dessa recuperação judicial. Com base na nova lei da SAF houve a possibilidade de clubes de futebol se valerem desse recurso. Sou torcedor do Mixto desde pequeno e é uma grande satisfação poder contribuir para a reestruturação do clube”, afirmou João Tito, que assinou o pedido.
Com a recuperação judicial, o Mixto poderá se reorganizar e por um fim na crise que se arrasta. O clube, porém, têm alguns deveres e prazos a serem cumpridos. Como apresentar em 60 dias um plano para se estruturar financeiramente e quitar os débitos com os credores. A maioria são ações trabalhistas, mas o clube também tem ativos com fornecedores.
Examinando o caso, a magistrada entendeu que o clube tem a capacidade de manter suas atividades e promover a negociação dos débitos com os credores, e deferiu o pedido.
Com a decisão, ela determinou a suspensão do bloqueio de receitas, de contas e expropriação de bens em valores do clube por conta ações judiciais. O prazo da suspensão vale por 180 dias e pode ser prorrogado pelo mesmo período.
Lista de credores
Adilson Roque - R$ 15.166,67 - Classe Trabalhista; Alexandre Andreis - R$ 240.309,16 - Classe Trabalhista; Anderson Junior Siqueira da Silva - R$ 9.035,11 - Classe Trabalhista; Anthony Matheus Rezende de Oliveira - R$ 4.400,00 - Classe Trabalhista; Athos Dal Asta de Almeida - R$ 416.915,61 - Classe Trabalhista; Benevan Ribeiro dos Santos - R$ 3.054,83 - Classe Trabalhista; Carlos Eduardo Barros de Souza - R$ 2.603,33 - Classe Trabalhista; Carlos Puppo - R$ 59.548,39 - Classe Trabalhista; Cristiano Machado da Conceição - R$ 65.298,64 - Classe Trabalhista; Elton Junio Pereira de Jesus - R$ 6.388,88 - Classe Trabalhista; Francisco de Assis Souza Santos - R$ 189.013,67 - Classe Trabalhista; Helder Fernando Menezes da Cruz - R$ 2.860,00 - Classe Trabalhista; Igor Vieira da Silva - R$ 5.561,67 - Classe Trabalhista; Inacio Pinto do Nascimento Davino - R$ 8.333,33 - Classe Trabalhista; Iris Rocha Valerio de Souza - R$ 29.157,71 - Classe Trabalhista; Jiuliano Cesar da Conceição Silva - R$ 29.735,57 - Classe Trabalhista; João Henrick Souza Magalhaes - R$ 4.400,00 - Classe Trabalhista; João Lennon Arruda de Souza - R$ 15.856,50 - Classe Trabalhista; Jose Carlos da Silva - R$ 6.666,67 - Classe Trabalhista; Julian da Silva de Souza - R$ 17.472,52 - Classe Trabalhista; Ketheleen Najara Pereira Azevedo - R$ 14.722,21 - Classe Trabalhista; Luiz Carlos Santos Junior - R$ 8.333,33 - Classe Trabalhista; Murilo Henrique Pereira Costa - R$ 2.603,33 - Classe Trabalhista; Rafael Dionízio Magalhães - R$ 7.289,46 - Classe Trabalhista; Rafael Rodrigues Guimarães - R$ 4.859,64 - Classe Trabalhista; Rafael Puridade dos Santos - R$ 6.500,00 - Classe Trabalhista; Rodrigo Fernando Pacheco de Oliveira - R$ 11.037,13 - Classe Trabalhista; Sergio da Silva Santos - R$ 6.277,77 - Classe Trabalhista; Thais Arlete Rezende - R$ 4.711,10 - Classe Trabalhista; Valter Juliano Junior - R$ 65.000,00 - Classe Trabalhista; Vitoria Conceicao Campos Canuto - R$ 8.833,33 - Classe Trabalhista; Atrium Centro de Card Inv e Terap Card de MT Ltda - R$ 20.000,00 - Classe Quirografário; Energisa MT Distribuidora de Energia S/A - R$ 2.711,12 - Classe Quirografário; Paiaguás Hotéis Ltda - R$ 228.615,93 - Classe Quirografário; Rozani Zaminhan - R$ 80.772,62 - Classe Quirografário; P. B. Ribeiro e Cia Ltda - R$ 656,36 - Classe ME/EPP; Vip Saúde Serviços Médicos Ltda - R$ 2.200,00 - Classe ME/EPP.