O grupo familiar Atanes, composto por produtores rurais e diversas empresas em Mato Grosso, teve a blindagem de seu patrimônio prorrogada por mais 180 dias por ordem do juiz Carlos Leão Pereira Nascimento, da 4ª Vara Cível de Rondonópolis. O conglomerado está em processo de recuperação judicial para renegociar passivo de R$ 238 milhões e, diante das seis ações de Busca e Apreensão movida por uma instituição financeira de São Paulo, o magistrado decidiu prorrogar a medida.
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O Banco Safra move seis ações de busca e apreensão contra Victor Takahashi Atanes, que, por sua vez, peticionou ao juiz expedição de ofício ao Juízo da 13ª Vara Cível do Foro Central da Comarca de São Paulo visando determinação para suspender as cobranças.
No requerimento, Takahashi anotou que mesmo dentro do período de blindagem, o Banco Safra transgrediu violentamente os direitos dos demais credores ao tentar executar o seu patrimônio, na condição de produtor rural em Recuperação Judicial.
Examinando o pedido, Renan de pronto decidiu atende-lo, asseverando que Takahashi consta como parte da Recuperação do Grupo Atanes e, além disso, na mesma decisão que autorizou a RJ, houve ordem para suspender as ações de cobrança por 180 dias. Diante do descumprimento do prazo por parte do banco, então, Renan deferiu a prorrogação.
“Assim, tem-se que as ações acima mencionadas devem permanecer suspensas durante o prazo de blindagem. Valioso consignar que a blindagem suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções”, anotou o juiz.
Com a principal área de produção em São José do Xingu, o grupo é composto por membros da mesma família e pelas empresas Atanes Serviços Agrícolas, U.V. Agrícola Ltda., V. Takahashi Atanes Serviços Agrícolas de Frutal Ltda. e VTA Agrícola Ltda.
Conforme o pedido apresentado à Justiça em março, o Atanes emprega mais de 150 pessoas e necessita da concessão da medida para prover o soerguimento de suas atividades empresariais, cujas dívidas com credores somam R$ 238.068.651,04.
Dentre as razões que levaram à crise do grupo, os advogados destacaram os efeitos da pandemia da Covid-19, somada às crises hídricas e climáticas vivenciadas em Mato Grosso nos últimos anos.
As empresas do conglomerado atuam na produção de soja milho, algodão e arroz, além de outras comodities produzidas no território mato-grossense. Também atuam com serviços de pulverização, como manutenção de equipamentos e transporte rodoviário de carga.
Foi ressaltado no pleito, além dos efeitos da pandemia e pós Covid-19, que as empresas do grupo estão sofrendo também com arrestos e apreensões deferidas pela Justiça, como por exemplo o arresto de 74 mil sacas de soja, totalizando mais de 4 toneladas, bem como a apreensão de mais de 30 caminhões.
Diante de tais apontamentos, a 4ª Vara Cível de Rondonópolis, por ordem de Renan Leão, deferiu a RJ do Grupo Atanes, em sentença proferida em junho.