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Quarta-feira, 09 de outubro de 2024

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USADA COMO LARANJA PELO PAI

Estudante de 22 anos, filha de empresário alvo de operação possui mais de R$ 5 milhões em bens

Foto: Reprodução

Estudante de 22 anos, filha de empresário alvo de operação possui mais de R$ 5 milhões em bens
Embora seja uma estudante universitária de apenas 22 anos, Ana Caroline Sobreira Ormond do Nascimento possui em seu nome patrimônio que ultrapassa os R$ 5 milhões, divididos em três veículos e oito imóveis, bem como duas procurações que concederam poderes amplos para o seu pai, Alessandro do Nascimento, com objetivo de tratar dos negócios, direitos, interesses, contas bancárias, imóveis e cartões. De acordo com a operação Suserano, Ana seria usada como “laranja” pelo próprio pai, proprietário das empresas Tubarão, Tupã Comércio e Representações, Ribeiro Comércio, KSH Comércio e Alessandro do Nascimento – ME.


Leia mais: Empresário usou a filha como "laranja" para movimentar milhões em contratos superfaturados, aponta investigação

Deflagrada pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) nesta terça-feira (24), a Operação desmantelou esquema de superfaturamento de compra de equipamentos agrícolas com recursos de emendas parlamentares na Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf). Estima-se prejuízos de R$ 28 milhões aos cofres públicos.

Segundo as investigações, Ana forneceu a seu pai, Alessandro, poderes amplos para gerir suas contas, bens, além de poder gerir em tudo que diz respeito a sua vida administrativa e financeira.

O fato foi verificado pela autoridade policial a partir das procurações públicas outorgadas por Ana ao seu pai, dentre as quais ela consta como proprietária da empresa KSH (Tubarão), que, no entanto, é administrada por Alessandro.

Alessandro usou o nome da filha para dar ar de licitude aos negócios espúrios que ele executou, inclusive com o poder público, especialmente para fornecimento de kits para pequenos produtores de Mato Grosso, via Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (SEAF).

As empresas usadas para contratar com o poder público não são cadastradas em nome de Alessandro, tampouco consta que ele possui bens móveis ou imóveis. Isso porque ele usou o nome da filha como laranja para promover tais negócios. Além de Ana, pessoa identificada como Euzenildo Ferreira da Silva, que se identifica como “chapeiro”, também foi usado por Alessandro.

Causou estranheza na autoridade policial o fato de Ana Caroline, estudante universitária de apenas 22 anos, possuir em seu nome mais de R$ 5 milhões em bens, sendo três veículos e oito imóveis. Além disso, entre novembro de 2023 e março de 2024, ela assinou duas procurações concedendo ao seu pai os poderes amplos e ilimitados para gerir as empresas que foram cadastradas em seu nome.

Examinando as redes sociais de Alessandro e de Ana, a investigação constatou que a família ostenta vida de luxo com viagens internacionais.

Foi levantado, ainda, que Matheus Caique Couto dos Santos também figura como outorgado, ou seja, suposto laranja, tendo poderes para administrar as empresas Tupã Comércio e Tubarão Empreendimentos, conforme descrito no Relatório Técnico apresentado à Justiça.

Outro ponto com característica ilícita foi uma transação de oito milhões de reais, feita pelo Instituto de Natureza e Turismo Pronatur, uma OSC (Organização da Sociedade Civil) à empresa Tupã.

Em posse dos R$ 8 milhões, a Tupã “espalhou” o montante: repassou à empresa Ribeiro Comércio e Serviços (em que Alessandro consta como ex-sócio formal), à Frontline Distribuidora Importação e Exportação e a Alessandro do Nascimento – ME, que procede a distribuição do montante a Ana Caroline Ormond (filha de Alessandro), Diego Ribeiro de Souza (sócio de Alessandro) e também para a Associação Atlética e Cultural Nacional, de propriedade de Alessandro.

Diante de “emprestar” seu nome para o pai usá-lo como “laranja”, Ana Caroline foi penalizada pela justiça com medidas cautelares diversas da prisão. Ela deverá comparecer periodicamente na Justiça, não poderá acessar as dependências administrativas de Cuiabá, foi proibida de manter contato com os demais investigados, e teve que entregar seu passaporte. Além disso, foi proibida de celebrar novos contratos com entes públicos, tanto através de outras empresas quanto por intermédio de terceiros.

Em nota publicada nas suas redes sociais, Ana repudiu as reportagens que ligaram seu nome à operação. Negou veementemente sua participação no esquema, alegando que não desenvolve atividades profissionais ou empresariais. Asseverou que clama por Justiça e transparência nas investigações, sustentando que sua inocência será provada. 
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