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Sexta-feira, 27 de setembro de 2024

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ALVO DE OPERAÇÃO

Empresário usou a filha como "laranja" para movimentar milhões em contratos superfaturados, aponta investigação

Foto: Reprodução

Empresário usou a filha como
A Operação Suserano, deflagrada nesta terça-feira (24) pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), investiga suposto esquema de superfaturamento e desvios de recursos públicos envolvendo a compra de equipamentos agrícolas com emendas parlamentares, totalizando R$ 28 milhões. Entre os principais alvos da ação estão o ex-secretário de Agricultura Familiar, Luluca Ribeiro, e Alessandro do Nascimento, um empresário que, com a ajuda de "laranjas", incluindo sua filha Ana Caroline Ormond, movimentou quantias milionárias no esquema.


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As investigações apontam que Alessandro ocultava uma fortuna milionária registrada em nome de terceiros, prática conhecida como uso de "laranjas".

Ana Caroline, sua filha de apenas 22 anos, aparece como uma peça central no esquema. Embora jovem, ela possui mais de R$ 5 milhões em bens, incluindo imóveis e veículos de luxo. Duas procurações concedidas a Alessandro garantiam-lhe controle total sobre os bens da filha, consolidando sua posição.

Segundo a decisão que autorizou a operação, proferida pelo juiz João Bosco Soares da Silva, a empresa Tupã Comércio e Representações, registrada em nome de Euzenildo Ferreira da Silva, homem de vida modesta e que atua como “chapeiro”, na verdade, era controlada por Alessandro. Ou seja, Euzenildo é mais um “laranja” de Alessandro, sem quaisquer envolvimentos reais na gestão da empresa.

A Tupã, por sua vez, é acusada de monopolizar os contratos superfaturados com a a Secretaria de Agricultura Familiar (SEAF) para fornecer kits agrícolas.

Restrição de concorrentes e preços acima do valor do mercado foram as estratégias usadas pela Tupã para desviar os recursos provenientes da pasta. Com preços em até 80% maior que os de mercado, o superfaturamento, segundo a Controladoria Geral do Estado (CGE), alcançou os R$ 10 milhões em prejuízos ao Estado.

Os kits, contendo ferramentas como enxadas, foices, machado, martelos, serrotes, picatetas, pulverizadores, entre outros, que deveriam beneficiar pequenos agricultores familiares, tornaram-se ferramentas de desvio de recursos para sustentar o padrão de vida milionário dos envolvidos.

As investigações ainda mostraram que o dinheiro circulava entre diversas empresas de fachada e contas ligadas diretamente a Alessandro. A empresa Tupã enviava os recursos recebidos para outras empresas controladas por Alessandro e seus sócios, como a Frontline Distribuidora e a empresa Alessandro do Nascimento – ME (Tubarão Empreendimentos).

Saques vultuosos em espécie, somando mais de R$ 4,4 milhões em apenas dois anos, foram identificados, sempre com a participação de laranjas, como Diego Ribeiro de Souza e Matheus Caique Couto dos Santos, ambos ligados diretamente ao núcleo familiar e de negócios de Alessandro.

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) também identificou movimentações suspeitas que reforçam a complexidade do esquema. Transferências vultosas entre as contas da PRONATUR, entidade privada envolvida no esquema, e a Tupã Comércio revelaram um fluxo contínuo de recursos que, ao final, sempre beneficiavam Alessandro e sua família.

Em uma única transação, a Pronatur transferiu R$ 8,6 milhões para a Tupã, que por sua vez redistribuiu os valores para empresas e contas ligadas ao empresário.

Apesar da ostensiva vida modesta de Alessandro, declarada oficialmente, as redes sociais de sua família revelam outra realidade: viagens internacionais e uma vida de luxo, sobretudo veiculadas nas redes sociais de sua filha.

A investigação descobriu também que a esposa de Alessandro, Herley Nascimento, e o presidente da PRONATUR, Wilker Weslley Arruda e Silva, mantinham uma relação próxima, fortalecendo os vínculos entre a entidade e o empresário.

Com o desmantelamento do esquema, a Justiça determinou o bloqueio de R$ 28 milhões em bens dos envolvidos, além do sequestro de imóveis e veículos. Servidores públicos envolvidos foram afastados, e todos os suspeitos tiveram seus passaportes retidos, além de serem proibidos de manter contato entre si.

Alvos

Olhar Direto teve acesso à lista dos dez alvos da Operação Suzerano. Um dos alvos é o ex-secretário da pasta, Luiz Artur de Oliveira Ribeiro, o Luluca (MDB), que foi exonerado do cargo pelo governador Mauro Mendes (União) em julho deste ano. 

Veja a lista completa dos alvos da operação:

Luiz Artur de Oliveira Ribeiro, Luluca;
Diego Ribeiro de Souza;
Alessandro do Nascimento (Tubarão Sports);
Rita de Cássia Pereira do Nascimento;
Wilker Weslley Arruda Silva;
Yhuri Rayan Arruda de Almeida;
Ana Caroline Ormond Sobreira Nascimento, (Filha de Alessandro, da Tubarão Sports);
Matheus Caique Couto dos Santos;
Luzenildo Ferreira da Silva;
Leonardo da Silva Ribeiro.
 
 
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