A suposta organização criminosa descoberta na Diretoria Comercial do Departamento de Água e Esgoto de Várzea Grande (DAE-VG) era dividida em núcleos com funções específicas. A investigação, denominada Operação Gota d'Água, revelou que o grupo era composto por 22 pessoas, incluindo líderes, segundo escalão, atendentes de balcão e captadores externos, segundo a Polícia Civil.
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Líderes
Segundo a polícia civil, há dois líderes identificados da organização criminosa, identificados como:
- Alessandro Macaúbas Leite de Campos (ex-diretor comercial do DAE, que foi exonerado do cargo)
- Pablo Gustavo Moraes Pereira (vereador e candidato à reeleição pelo União Brasil).
Ambos foram presos. Pablo, contudo, foi solto após concessão de habeas corpus pela Justiça. Na condição de diretor comercial do DAE, Alessandro proporcionava substrato suficiente para a atuação delitiva deliberada dos servidores públicos, como agir precípuo do órgão público. E fazia da estrutura pública um balcão de negócios, em que é possível comercializar facilidades em razão da má prestação do serviço público.
Pablo, por sua vez, utiliza seu prestígio político e sua atuação parlamentar com o fim de lotear cargos públicos na diretoria do DAE. “Trata-se de padrinho político que sustenta e lastreia a manutenção de diversos servidores públicos corruptos na Diretoria Comercial da autarquia”, diz trecho da investigação.
O segundo escalão
Na estrutura da organização criminosa, logo abaixo estão sete pessoas no segundo escalão. Segundo as investigações, todos compõem o aparato interno da Diretoria Comercial do DAE, que possibilitavam a realização de fraudes, com inserção de informações falsas no Sistema GSAN, mediante indiscriminado recebimento de valores. Veja o nomes.
- Leandro Humberto de Araújo (gerente comercial)
- Mário Sales Rodrigues Júnior (coordenador comercial)
- Anderson Kleiton Corrêa Botelho (agente de saneamento)
- Aguinaldo Lourenço da Costa Silva (ouvidor do DAE)
- Paulo Ricardo Ribeiro da Silva (TI da empresa LOGPro, gestora do sistema GSAN)
- Victor Hugo Mendes Assunção (ex-servidor do DAE)
- Alex Sandro de Proença (ex-servidor do DAE)
Os atendentes de balcão
- Cíntia Izabel Felfili (agente de saneamento)
- Giliard José Da Silva
- Elizelle Fátima Gomes de Moraes
Eles são apontados como captadores de consumidores que procuram o DAE/VG através de atendimento no balcão e, inclusive, identificado por diversos consumidores por ter recebido valores e os direcionado a negociações ocorridas na Sala da Ouvidoria ou na Sala da Gerência; a funcionária do DAE que recebeu valores em atendimento no balcão na Agência do Centro; oferecer amparo administrativo executando inserção de informações falsas no Sistema GSAN, com o intuito de conferir ares de legitimidade às operações ilegais do grupo e, ainda, com o fim de dificultar o rastreamento da prática ilegal.
Captadores externo
Esses atuavam como captadores de clientes e executores de serviços determinados a partir de ordens dos integrantes superiores da estrutura criminosa. Algumas pessoas foram identificadas como oferecedoras de substrato financeiro para a atuação do grupo delitivo, uma vez que receberam valores em suas contas
- João Victor Ferreira de Campos (auxiliar de saneamento)
- Edson Ribeiro dos Santos (fiscal de corte)
- Pedro Ferreira dos Santos, conhecido como “Pedrinho” - (agente de saneamento)
- Anderson de Lima Barros (fiscal de corte)
- Josiel Pereira, conhecido como “Chupeta” - (trabalhava internamento na diretoria comercial do DAE e e foi identificado como grande captador de consumidores inadimplentes, sobretudo pequenos e médios comércios)
O Aparato financeiro
Algumas pessoas foram identificadas como oferecedoras de substrato financeiro para a atuação do grupo criminoso, uma vez que receberam valores em suas contas:
- Danielle Thaís da Silva Arruda (que manteve relacionamento amoroso com
- Anderson De Lima Barros);
- Biancca Lilian de Arruda ( que tem um relacionamento com João Victor Ferreira De Campos);
- Catilaine Metzler (casada com Mário Sales Rodrigues Júnior)
- Evandro da Silva (fiscal de corte)
No decorrer das investigações, foram apontadas diversas espécies de fraudes e uma ação corrupta na Diretoria Comercial do DAE, praticadas pela organização criminosa, pelo menos desde o ano de 2019 e até a atualidade. Ao que tudo indica, em qualquer ocasião que fosse possível obter valores indevidos em razão da prestação do serviço público de saneamento básico, uma significativa parte dos servidores da Diretoria Comercial do DAE não hesitava em receber os valores ilegais.
No desenho da organização, verificou-se que a consciência quanto à estabilidade e permanência da atuação do grupo criminoso desde o ano de 2019 até o presente momento de 2024, com o fim de solicitar e receber vantagem indevida, em razão da função pública exercida, como condição para realização dos serviços de prestação de saneamento básico inerente às atribuições do órgão.
Ao todoa, a Polícia Civil cumpriu na operação 123 mandados judiciais, expedidos pelo Juízo do Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá (Nipo), entre prisões preventivas, busca e apreensão, suspensão de função pública, sequestro de bens e bloqueio de valores e medidas cautelares diversas.